BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
Académico Viseu FC
BnR: A equipa venceu, mas na primeira parte apenas fez nove golos e foi a perder por cinco para o intervalo. Como se explica este fraco rendimento no primeiro tempo?
Rafael Ribeiro [técnico principal]: Não considero que tenha sido fraco porque os primeiros dez ou 15 minutos estivemos relativamente bem, mas chegou a uma altura que o António Campos tudo o que ia à baliza, ele fechava ou tocava.
Depois houve descontrolo por não marcar apesar de as coisas estarem a sair. Sofremos golos na defesa que não devíamos ter sofrido. Por isso, ir a perder por cinco ao intervalo era mentiroso para aquilo que foi a primeira parte, na minha opinião. Acho que o Póvoa pode ter estado melhor na parte final do primeiro tempo, mas não justificava os cinco golos de diferença.
Nos dez, 15 minutos estivemos bem, estivemos à frente do marcador, criámos situações e finalizámos, o que não finalizámos foi por mérito do guarda redes do Póvoa. Na defesa, estivemos menos assertivos.
BnR: O que tentaram mudar ao intervalo para conseguirem alterar o rumo do jogo e vencerem?
Rafael Ribeiro: Já não é a primeira vez que vamos a perder com uma desvantagem considerável de quatro ou cinco golos numa I Divisão com equipas experientes como o Póvoa. Nós não temos as armas que o Póvoa tem. Aliás, estamos super limitados. Um dos nossos primeiras linhas fez uma rotura de ligamentos.
Tem sido uma constante aqui em casa. Foi com o ABC por cinco, com o ADA Maia a mesma casa. Temos de ido para o intervalo a perder e, depois temos conseguido aproximar. A diferença é que hoje conseguimos estar à tona. Conseguimos passar e conseguimos manter. Nas outras vezes, conseguíamos passar e íamos a baixo. Foi isso que aconteceu.
Não mudou nada. Obviamente que a nível defensivo, houve a questão do 5+1 sobre o António Ventura que era o jogador que estava a desbloquear todo o jogo do Póvoa. As coisas no ataque foram saindo, mas a nível defensivo que depois começámos a recuperar bolas.
Marcaram 14 na primeira e 11 na segunda, a diferença é de três golos. Conseguimos acertar no ataque, mas as dificuldades que nós criámos na defesa ao adversário permitiu-nos passar para a frente.
BnR: Na segunda parte, houve a aposta no André Lima ao contrário do primeiro tempo. Qual foi o motivo?
Rafael Ribeiro: Foi por uma questão de gestão. O André defende um bocadinho melhor que o Benjamin [João]. O facto do Benjamin estar do lado do banco permite fazer a troca. Se estivesse do lado contrário, não podia fazê-la.
Os extremos fizeram 30 minutos. O Benjamin falhou a única bola que teve, mas foi frente ao António Campos que é um guarda redes top para a nossa realidade. O Lima não falhou, mas não foi por aí.
BnR: O Académico conseguiu duas vitórias consecutivas neste regresso do Campeonato. Como está a equipa em termos de confiança?
Rafael Ribeiro: Tem de estar bem. Ficam a faltar 11 jogos. Tínhamo-nos proposto a ganhar estes dois jogos contra o Santo Tirso e o Póvoa. Se queremos lutar pela manutenção, temos de ganhar. Sabemos que recebíamos em casa a equipa do Póvoa que é superior à nossa.
Tentámos durante a semana procurar e trabalhar os pontos fracos e explorar isso. Sabíamos que, se não ganhássemos hoje, começava a ser muito, muito difícil porque são muitos jogos sem ganhar em casa contra equipas que estão a um nível superior ao nosso, mas que num dia bom ou numa segunda parte boa, conseguíamos anular. Foi isso que aconteceu e era isso a que nos dispusemos.
Sabemos que agora qualquer jogo, excetuando contra os três grandes porque estão numa realidade acima e mesmo assim vamos fazer o nosso melhor, temos de nos transcender sobretudo aqui em casa e vamos ter jogos interessantes. É isso que vamos ter de fazer se quisermos mantermo-nos ou, pelo menos, ir ao playoff que foi ao que nos propusemos na primeira fase.
BnR: Faltam cinco jogos para o Académico em casa e dois são contra candidatos ao titulo, FC Porto e Sporting CP. É suficiente amealhar os pontos em casa para concretizar o objetivo?
Rafael Ribeiro: Também vamos receber o [Artística de] Avanca, o Vitória FC e o Águas Santas em casa.
Temos de ir buscar pontos fora, claro. Vamos ter confrontos diretos com o FC Gaia e com o ADA Maia fora com quem perdemos em casa e agora temos de ir buscar pontos lá. No entanto, se não fizemos o nosso trabalho em casa se só fizermos fora…
Hoje quem esteve na bancada notou que o ambiente era diferente, também apelámos que as pessoas viessem e é sempre diferente. No momento decisivo, o barulho e a pressão vindos da bancada dão sempre jeito.
BnR: Na pausa de inverno, o Académico foi buscar o atleta José Crespo para o plantel. O que pretendiam com esta adição à equipa?
Rafael Ribeiro: Estávamos com algumas dificuldades na ponta esquerda e foi uma solução que arranjámos. É um miúdo de 20 anos, primeiro ano de sénior que jogava numa Segunda Divisão [no Alavarium]. Não está habituado a este patamar, mas veio para crescer.
Aliás, se olharmos para a nossa equipa, tirando o Tiago Heber que é um bocadinho mais experiente, uma grande parte tem menos de 30 anos, atletas que nunca jogaram na I Divisão. O Zé é mais um para ajudar. Tínhamos uma lacuna e vem-nos ajudar com certeza.
Póvoa AC
BnR: O Póvoa conseguiu uma vantagem importante ao intervalo, mas acaba por perder o jogo. Como explica esta diferença de rendimento da equipa entre as duas partes?
Jorge Carvalho [treinador principal]: Deixámos de defender. Depois tivemos algumas dificuldades no ataque. A diferença foi por aí. Eles quiseram ganhar a partida muito mais do que nós.
Nós tivemos uma primeira parte muito boa e, na segunda não defendemos, deixamos de defender e eles estiveram sempre a marcar golos e a recuperar. No ataque, eles marcaram-nos um jogador e nós falhámos nos remates com o guarda redes [António Silva] a ser o melhor em campo.
Se estivéssemos bem na defesa como na primeira parte…. Na segunda, mal na defesa e mal no ataque e, por isso, eles conseguiram marcar mais seis golos do que nós.
BnR: A desqualificação de Christian Moga acabou também por complicar a partida na segunda parte?
Jorge Carvalho: Claro que acaba por complicar e o adversário resolveu o jogo. Não concordo [com a decisão da equipa de arbitragem] porque entrou uma vez por dentro de área, na outra não sei o que fez, na primeira é bem excluído. Quantos jogadores entram por dentro de área e não levam nada?
Não é fácil e tiraram-nos um jogador importante em termos defensivos e a defesa começou a claudicar na segunda parte completamente.
BnR: Em algumas alturas em que o Póvoa esteve em superioridade numérica por exclusões de jogadores do Académico, acabou por se reduzir a vantagem do Póvoa. Houve desconcentração dos jogadores?
Jorge Carvalho: Não. Se temos os atletas a falhar diante do guarda redes, é o remate e aí têm de trabalhar mais para rematar com maior eficácia. Isso tem a ver com a eficácia.
Estamos em superioridade, ganhámos vantagem e o jogador não marca, a culpa é minha. Como é lógico, sou eu que os treino. Eu estava preocupado se rematássemos sempre com dificuldade. Não, nós tivemos muitas bolas aos 6 metros e falhámos.
BnR: O facto de a equipa ter derrotado o Artística de Avanca [23-21] no regresso do Campeonato não levou a excesso de confiança por parte dos atletas?
Jorge Carvalho: Acho que não. Nós também ganhámos ao Águas Santas e também podíamos ter excesso de confiança a seguir. Temos de ver o que é que se passou no jogo. Claro, é o que vou fazer.
Temos de melhor para o próximo jogo [frente ao Santo Tirso] e continuar a nossa caminhada.
BnR: Quais são os objetivos do Póvoa neste regresso da I Divisão?Jorge Carvalho: Para mim e para o clube, o objetivo é ficar nos seis primeiros. Se conseguirmos, é o que vamos fazer. Este jogo foi um percalço. Se calhar, mais alguém vem cá perder. Agora é olhar para a frente. Sobre este jogo, só dá para tirar ilações e não se pode fazer mais nada. Já acabou. Já perdemos.