A CRÓNICA: Depois de um início inqualificável, Portugal recuperou e ainda assustou os islandeses. Mas na hora da verdade, a experiência falou mais alto, e a seleção não conseguiu somar a segunda vitória na main round.
Se perguntássemos a Paulo Pereira qual seria o pior início possível neste jogo com a Islândia, a resposta dificilmente seria pior do que o que verdadeiramente aconteceu.
Com o sete inicial do costume, Portugal entrou completamente desconcentrado no encontro. Maus passes, falhas de remate e passos, parecia que a Lei de Murphy estava em ação e tudo o que poderia correr mal, estava a correr mal. Aos seis minutos a desvantagem lusa já era de 4-0 e foi preciso mudar por completo a primeira linha para se ver o primeiro remate à baliza quando o cronómetro assinalava oito minutos jogados – que mesmo assim foi defendido por Gustavsson que ia fechando a baliza islandesa.
Contudo, e apesar desse mau início, a entrada de Alexandre Cavalcanti, Miguel Martins e Belone Moreira mexeu positivamente com o jogo. Paulo Pereira decidiu retirar o ponta esquerda Diogo Branquinho e colocar Luis Frade que fazia constantes entradas a segundo pivot. Lentamente a seleção começou a melhorar no ataque e recuperou de 1-7 para 10-11. Os minutos que se seguiram eram de emoção, com Portugal a procurar o empate, mas a Islândia ia abrindo a defesa lusa com facilidade.
Ao intervalo a desvantagem era de apenas dois golos (12-14), mas no segundo tempo, e graças a uma entrada forte, o empate chegou de imediato. Num jogo de parada e resposta, Paulo Pereira voltou a colocar em campo a primeira linha que iniciara o encontro, mas as falhas técnicas voltaram juntamente. Um conjunto de más decisões por parte de João Ferraz permitiram à Islândia voltar à liderança, e com a defesa portuguesa em dia não, Aron Palmarsson ia marcando golos sem grande dificuldade.
O coração voltou a bater mais forte quando António Areia teve a oportunidade de empatar o jogo, mas o seu livre de sete metros saiu muito ao lado.
A Islândia geriu o resultado e conseguiu assim a vitória por 25-28, somando os seus primeiros pontos na main round. Já Portugal vê agora as meias-finais como um sonho distante caso a Eslovénia e Noruega vençam os seus respetivos jogos.
A FIGURA
Janus Smarason – O central islandês que defende as cores do Aalborg Håndbold fez o que quis da defesa portuguesa e foi, juntamente com Gustavsson o guarda-redes, a chave para esta vitória. Com oito golos em dez remates esteve imparável no ataque aos seis metros e foi a grande estrela quando Aron Palmarsson se encontrava no banco.
O FORA DE JOGO
Defesa portuguesa – Portugal falhou muito no ataque, mas alguns dos golos sofridos neste jogo fizeram os adeptos pensar se esta era a mesma equipa que dominara a Suécia dois dias antes. A primeira linha islandesa dominou o bloco central e tornou impossível a remontada lusa.
ANÁLISE TÁTICA PORTUGAL
Dado o início de jogo de Portugal, perder apenas por três pode ser visto como uma vitória moral, mas dado o nível a que esta equipa nos tem habituado, é impossível ficar contente com uma derrota. Ofensivamente a seleção portuguesa foi incapaz de colocar o seu jogo em prática. Más finalizações, faltas atacantes, passos, maus passes, ficou claro desde cedo que seria difícil vencer o jogo através do ataque. Contudo, a defesa, que até agora tantas vezes foi a base para as boas exibições portuguesas também estava em dia não, e ao tentarem pressionar mais alto acabaram por abrir espaços aos seis metros que foram sendo aproveitados.
SETE INICIAL + PONTUAÇÕES
Alfredo Quintana – 6
Diogo Branquinho – 6
Fábio Magalhães – 6
Rui Silva – 5
João Ferraz – 4
Pedro Portela – 5
Alexis Borges – 6
SUBS UTILIZADOS
Fábio Vidrago – 5
Alexandre Cavalcanti – 5
Miguel Martins – 6
Belone Moreira – 6
António Areia – 6
Daymaro Salina – 5
Luis Frade – 6
ANÁLISE TÁTICA ISLÂNDIA
Com a sua defesa 6×0 extremamente forte fisicamente, a Islândia causou muitos problemas a Portugal, especialmente nos minutos iniciais. Ao aproveitarem cada erro luso conseguiram rapidamente chegar a uma vantagem de 1-7 e parecia que o resultado poderia assumir proporções impensáveis. No entanto o ataque português começou a carburar e o foco nórdico mudou da defesa para o ataque. Dadas a facilidade com que penetravam a defesa portuguesa, a Islândia usou (e abusou) dos duelos individuais e das entradas aos seis metros para se irem mantendo na vantagem. E com Janus Smarason a um nível altíssimo, esta vitória foi mais que justa.
SETE INICIAL + PONTUAÇÕES
Bjorgvin Gustavsson – 7
Gujon Valur Sigurdsson – 8
Aron Palmarsson – 7
Janus Smarason – 9
Alexander Petersson – 7
Arnor Thor Gunnarsson – 7
Kari Kristjansson – 6
SUBS UTILIZADOS
Viktor Hallgrimsson – 6
Bjarki Elisson – 7
Olafur Gudmundsson – 6
Sigvadi Gudjonsson – 7
Haukur Thrastarson – 6
Elvar Jonsson – 6
Viggo Kristjanson – 6
Foto de Capa: FPA
artigo revisto por: Ana Ferreira