Portugal 28-29 Noruega: O empate ali tão perto

    A CRÓNICA: A CENTÍMETROS DA HISTÓRIA

    Um ano depois, Portugal e Noruega voltaram a encontrar-se no Main Round de uma grande competição de Nações, com Portugal a tentar vingar-se da derrota do Campeonato Europeu de 2020. Um empate ou uma vitória nesta partida colocaria Portugal muito próximo da próxima fase do Mundial, mas a Noruega ainda é uma das melhores seleções do mundo e uma das candidatas à vitória.

    A Noruega entrou a vencer na partida, mas Portugal foi encontrando o caminho da baliza norueguesa através da ponta esquerda. Apesar do começo equilibrado, ambos os defesas centrais de Portugal, Iturriza e Alexis Borges, sofreram exclusões logo nos minutos iniciais da partida, muito pela procura da Noruega pelo pivot. O equilíbrio marcou a primeira metade da primeira parte, mas a equipa nórdica chegou aos 15 minutos com um golo de vantagem (6-7).

    Pouco depois, conseguiu a primeira vantagem de dois golos, mas a equipa de Paulo Pereira não perdeu a cabeça e chegou ao empate a oito golos pouco depois. Por volta dos 18 minutos, o treinador português pediu o primeiro time-out e relembrou à equipa a urgência em controlar a transição ofensiva da seleção norueguesa que estava a causar imensas dificuldades a Portugal. No entanto, os comandados de Christian Berge ainda conseguiram construir uma vantagem de três golos.

    De realçar a persistência de Portugal, que conseguiu voltar a recordar da desvantagem e a empatar a 13 golos a quatro minutos do final, onde, durante esse tempo, Iturriza falhou um remate que colocaria Portugal na frente do marcador e no ataque a seguir foi excluído novamente, permitindo que a Noruega terminasse a primeira parte na frente do marcador (14-16).

    O final da primeira parte parece ter desmotivado os “Heróis do Mar”, que entraram mal na segunda parte e a Noruega aproveitou para construir uma vantagem que chegou a ser de quatro golos. Pouco mais de cinco minutos depois do recomeço da partida, Paulo Pereira pediu mais uma paragem do jogo para tentar mudar o destino da partida e a meio da segunda parte Portugal já só perdia por dois golos.

    Essa paragem também serviu para colocar em prática o “famoso” 7×6, que já foi decisivo em tantos momentos. Hoje foi mais um desses momentos, já que Portugal a dez minutos da partida perdia apenas pela desvantagem mínima. Tal como no final da primeira parte, a seleção não aproveitou as oportunidades que teve para empatar a partida, mas na baliza de Portugal estava um veterano que manteve o sonho vivo.

    Humberto Gomes, de 43 anos, entrou no jogo e mudou a partida com um número impressionante de defesas, parando o ataque norueguês. Portugal ainda chegou à frente do marcador aos 54 minutos, mas logo nos momentos seguintes Iturriza foi expulso e a Noruega conseguiu passar para a frente do marcar um pouco depois, com a expulsão do outro pivot, Daymaro Salina.

    Após vários momentos em desvantagem e em que parecia muito difícil Portugal voltar a surgir na luta pela vitória, a seleção chegou ao último minuto com a hipótese de conquistar o empate. Durante o ataque não conseguiu encontrar o espaço necessário para finalizar de forma segura e no derradeiro segundo o central Rui Silva rematou da primeira linha numa última tentativa que esbateu… no poste e a Noruega festejou a vitória 28-29.

    Portugal ficou a um golo de um empate que o poderia ter colocado numa posição muito favorável para conseguir uma qualificação histórica para os Quartos de Final. Neste momento a França tem seis pontos, Noruega e Portugal partilham o mesmo lugar com quatro pontos, mas a Noruega tem vantagem no confronto direto.

    No entanto, ainda não é motivo para deixar de acreditar. Se Portugal vencer a Suíça e a França, algo que, com a qualidade que foi apresentada hoje em campo é possível, estará presente nos quartos de final do Mundial. A Noruega e a França ainda vão defrontar também a Islândia, segunda classificada do grupo de Portugal. O sonho continua bem vivo.

     

    A FIGURA

    Christian O’Sullivan – O central norueguês parece sempre tomar as decisões certas e hoje foi mais um jogo de grande nível. Três golos, quatro assistências e o grande dinamizador da organização ofensiva juntamente com Sandor Sagosen.

    O FORA DE JOGO

    Alfredo Quintana – Apenas cinco defesas em trinta remates, estando a um nível mais baixo do que nos tem habituado. Esperemos que o guardião do FC Porto volte ao nível que nos habituou porque a Seleção precisa dele ao seu melhor nível.

     

    ANÁLISE TÁTICA – PORTUGAL

    Em termos defensivos, um dos grandes problemas da seleção foi o controlo do jogo com o pivot e a zona central da organização ofensiva norueguesa. Este problema surgiu principalmente na primeira parte, mas no final da partida essa performance melhorou bastante e voltou a entrar na partida. Outro problema constante durante a partida, foi o controlo da transição ofensiva da Noruega que causou sempre grandes problemas durante toda a partida.

    Nota para a grande entrada de Humberto Gomes, que coincidiu com a reentrada na luta pela partida de Portugal. Em termos ofensivos, Belone não esteve no melhor nível na organização ofensiva, tal como Cavalcanti. Miguel Martins entrou mais uma vez muito bem na partida, mas quatro jogos depois coloca-se a questão a Paulo Pereira porque é que Gilberto Duarte ainda não tem um papel mais preponderante na organização ofensiva. Finalmente, mais uma vez o 7×6 foi sempre muito bem trabalhado e foi decisivo quando foi colocado em prática.

    SETE INICIAL E PONTUAÇÕES

    Alfredo Quintana (5)

    Diogo Branquinho (5)

    André Gomes (5)

    Rui Silva (5)

    Belone Moreira (5)

    Pedro Portela (7)

    Victor Iturriza (6)

    SUBS UTILIZADOS E PONTUAÇÕES

    Humberto Gomes (6)

    António Areia (5)

    Alexandre Cavalcanti (5)

    Gilberto Duarte (8)

    Miguel Martins (7)

    Fábio Magalhães (9)

    Leonel Fernandes (5)

    Daymaro Salina (8)

    Alexis Borges (8)

     

    ANÁLISE TÁTICA – NORUEGA

    Uma grande equipa que está em crescendo desde a derrota na jornada inicial frente à França. Liderados em termos ofensivos por Sagonsen causaram sempre grandes dificuldades na defesa portuguesa, principalmente através de transições ofensivas, tendo apenas sido parados por Humberto Gomes. Defensivamente, foi uma equipa muito sólida, contribuindo também as boas intervenções de Bergerud em momentos decisivos.

    SETE INICIAL E PONTUAÇÕES

    Torbjorn Bergerud (6)

    Harald Reinkind (8)

    Sanger Sagosen (6)

    Magnus Jondal (9)

    Christian O’Sullivan (10)

    Petter Overby (6)

    Kristian Bjornsen (10)

    SUBS UTILIZADOS E PONTUAÇÕES

    Bjarte Myrhol (6)

    Henrik Jakobsen (-)

    Robin Tonnesen (6)

    Sogard Johannessen (5)

    Foto de capa: Egypt 2021

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    Pedro Palma
    Pedro Palmahttp://www.bolanarede.pt
    Há mais de dez anos a virar frangos nas balizas do Andebol, adepto ferrenho do Benfica e alentejano. O Andebol é com ele.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.