Portugal no domínio total | Andebol em Cadeira de Rodas

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    14 jogadores foram convocados para defender as cores nacionais no Mundial de andebol em cadeira de rodas, cuja fase final decorreu entre os dias 18 e 20 de novembro de 2022, no Pavilhão Pousos, em Leiria. Portugal estava no grupo B com Países Baixos, Roménia e Índia.

    FASE DE GRUPOS CONFORTÁVEL, MAS SUADA

    O primeiro dia foi de embate duplo, primeiro com os neerlandeses, e Portugal arrancou com uma vitória esmagadora por 20-10. A primeira parte ficou marcada por uma exibição do outro Mundo de Ricardo Queirós. O número 23 da seleção nacional fez o que quis da defesa dos Países Baixos que, por diversas ocasiões, foi apanhada em contra-ataque.

    Portugal atacou muito em profundidade com destaque para os passes de Rui Rodrigues e do guarda-redes, Pedro Marques. Os portugueses foram capazes de aguentar e responder na perfeição ao ataque neerlandês, feito essencialmente em bloco e com aposta num jogo mais corpo-a-corpo, uma vez que a superioridade física da equipa laranja era notória. A superioridade portuguesa foi tal que a “Equipa das Quinas” foi para o intervalo a ganhar por 9-3.

    Na segunda parte o cenário mudou um pouco. Portugal continuou a ser capaz de marcar aos Países Baixos e de encontrar diversos espaços na formação neerlandesa. Mas os Países Baixos começaram a apostar num ataque mais disperso, com vista a abrir buracos na defesa lusa. Mantiveram a aposta em remates potentes, com destaque para o William Van den Ende, o único capaz de abrir, consistentemente, fendas na defesa de Portugal. Não foi contudo, para parar os portugueses com um espantoso Irdelindo Gomes a protagonizar a maior parte dos tentos certeiros da equipa lusa.

    O segundo jogo do dia foi frente à seleção da Índia. A equipa indiana fez o trabalho de casa e não facilitou o contra-ataque a Portugal, mantendo ao mesmo tempo uma pressão muito alta no jogo. Nenhuma equipa foi capaz de assumir o jogo até que a meio da segunda parte, Portugal optou por uma pressão mais acentuada no ataque, procurando sempre colocar um elemento entre o bloco defensivo indiano, fosse Diana Machado ou Rui Rodrigues, com vista a obrigar a equipa asiática a deixar aberturas na defesa.

    Portugal foi capaz de ganhar uma vantagem, de 3 golos contra o ataque dinâmico da índia, protagonizado por Javed Ramjan Chouhdari e por Ramesh Shanmugam. O primeiro destes dois jogadores foi mesmo a maior dor de cabeça para os portugueses. Particularmente na primeira parte, em que explorou bem a zona lateral, ganhando por mais do que uma vez as costas a João Pedro.

    Com a vantagem de 3 golos, os indianos tiveram de subir e Portugal passou a ganhar mais contra-ataques e foi para o intervalo com um resultado de 11-4. No início da segunda parte, o jogo voltou a ficar equilibrado, Portugal a jogar mais no erro da Índia e os indianos a tentar marcar pela lateral ou a ganhar as costas aos centrais portugueses. A “Equipa das Quinas” conquistou desta forma o segundo triunfo da campanha, por 18-12.

    A última partida da fase de grupos foi frente à Roménia. Um jogo que tal como o encontro frente à Índia, começou por ser muito equilibrado. A seleção portuguesa cometia muitos erros na transição da defesa para o ataque e falhava vários passes. A Roménia mostrava uma boa capacidade de ataque, com destaque para a construção de jogo pelo romeno Petro Punga. O lateral Ovidiu-Corneliu Ciobotaru também foi capaz de puxar a equipa romena para o ataque.

    Mas o talento do suspeito do costume, Ricardo Queirós, acabou por vir ao de cima, com o lisboeta de 27 anos a arrasar a defesa romena, em conjunto com João Jerónimo.  Se Queirós era capaz de marcar de qualquer forma e feitio. Jerónimo era letal na área de 7 metros.

    Os espaços e as debilidades da romena eram cada vez mais evidente e na segunda parte a Roménia apenas conseguiu marcar 3 golos contra 10 de Portugal, pelo que o jogo findou com uma vitória por 21-10 para os portugueses.

    quebra

    PORTUGUESES NÃO PERDOAM NO “MATA-MATA”

    Chegava a fase a eliminar, com a cidade de Leiria a receber novamente um confronto entre Portugal e Índia, desta vez para as meias-finais do Campeonato do Mundo e da Europa. Foi uma partida completamente dominada pela equipa portuguesa, com uma equipa indiana muito exposta a nível defensivo, particularmente, nas laterais, algo muito bem aproveitado por Ricardo Queirós e por Diana Machado.

    A equipa indiana ainda ameaçou uma recuperação, mas a exclusão de Javed Ramjan Chouhdari desorganizou o ataque asiático. O resto do jogo foi uma demonstração de eficácia e de estabilidade defensiva, por Portugal, uma seleção capaz de aproveitar todos os espaços deixados pela Índia, no contra-ataque ou em ataque normal, nas laterais ou pelo centro. Portugal foi, de longe, a equipa superior e ganhou por um resultado esmagador de 23-11

    Portugal concluiu a campanha como começou: num jogo frente à seleção dos Países Baixos. O ambiente estava fervoroso no Pavilhão de Pousos, digno de uma final. E a seleção portuguesa foi capaz de corresponder ao estatuto de anfitrião. Portugal começou melhor, metendo-se rapidamente a ganhar 2-0, mas a seleção dos Países Baixos igualou rapidamente.

    Ambos os lados deixavam espaços nas laterais, com Portugal a ser capaz de os aproveitar com mais eficácia. Um jogo excelente (mais um) de Ricardo Queirós e uma exibição de luxo de Iderlindo Gomes, com Pedro Marques também em grande na baliza, foram os elementos fulcrais para Portugal assumir o controlo da partida. A qualidade individual e de visão de jogo dos portugueses foi simplesmente demasiado elevada para os Países Baixos.

    Ao intervalo, Portugal estava em vantagem, com o resultado a ser dilatado pelos contra-ataques que caracterizaram a ofensiva portuguesa ao longo do torneio. Os Países Baixos não jogaram mal, mas os poucos espaços e erros que apareceram, foram aproveitados de forma cirúrgica e 100% eficaz por Portugal.

    A seleção treinada por Danilo Ferreira ganhou por 18-10 e confirmou o título de campeã do Mundo e da Europa, em andebol de cadeira de rodas. Portugal não foi uma equipa perfeita, mas foi sem sombra de dúvidas a mais forte do torneio. Um estilo de jogo organizado com muito poucos erros e acima de tudo, uma leitura irrepreensível de jogo que valeu a Portugal o segundo triunfo da história nesta competição.  Ricardo Queirós foi considerado o “MVP” da competição.

    Foto de Capa: FPA

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    Filipe Pereira
    Filipe Pereira
    Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.