A CRÓNICA: NÃO HÁ PALAVRAS PARA ESTE JOGO, O MELHOR É (RE)VER
A época passada foi interrompida ainda antes de se encontrar um vencedor da EHF Champions League e, deste modo, os primeiros dois classificados dos grupos A e B foram convidados a participar na final four referente à época passada. Na segunda meia final do dia, THW Kiel e o Veszprém defrontaram-se por um lugar na final contra o Barcelona. Esta foi a quarta vez que ambas as equipas se encontram nas meias finais da competição.
O jogo não começou da melhor forma para ambas as equipas, sendo que entraram em campo com alguma dificuldade no momento ofensivo e os guarda redes, Niklas Landin e Rodrigo Corrales, mostraram ao que vinham, com intervenções de enorme qualidade. A equipa húngara tentou encontrar soluções com dois pivots, mas os golos das duas equipas surgiam principalmente através de contra-ataques e ataques rápidos, penalizando os erros técnicos. Da parte do Veszprém estes erros sucediam-se e, juntamente com os problemas das exclusões, isso levou a que o Kiel assumisse a frente do marcador. A equipa alemã foi controlando os ritmos do jogo a seu belo prazer e quando David Davis pediu o segundo time-out da partida aos 21 minutos a vantagem já tinha aos cinco golos (15-10). Vuko Borozan foi a principal arma ofensiva do Veszprém e foi a partir dele que a equipa húngara conseguiu reduzir a diferença, que chegou a ser de sete golos, para cinco ao intervalo (18-13).
WATCH: Lovely Gasper Marguc goal assisted by Yahia Omar for @telekomveszprem 👏#ehffinal4 #ehfcl pic.twitter.com/oIoh7i7H9n
— EHF Champions League (@ehfcl) December 28, 2020
Nos minutos iniciais do segundo tempo a diferença no marcador manteve-se, até que, com um parcial de 0-4 em apenas quatro minutos, o Veszprém reduziu a desvantagem para dois golos (22-20) e a vinte minutos do fim da partida estava de novo na luta. Filipe Jicha parou o jogo, conseguiu controlar o momentum adversário por alguns momentos, mas pouco depois a equipa húngara voltou a aproximar-se, desta vez com um parcial de 0-7 (!). Foram mais de oito minutos em que o Kiel não conseguiu marcar um único golo. Novo time-out do ex-jogador do Kiel a menos de dez minutos do final da partida para tentar recuperar a vantagem que se tinha transformado numa desvantagem de quatro golos (24-28) e, para espanto de todos, nos cinco minutos que se seguiram a sua equipa conseguiu um parcial de 5-0, retornando para a frente do marcador. Desta vez foi o Veszprém que ficou mais de sete minutos sem concretizar. Até ao final da partida o Kiel teve as melhores oportunidades para vencer, uma enorme defesa de Rodrigo Corrales nos últimos momentos impediu que tal acontecesse, mas o resultado terminou empatado a 29 e, portanto, houve direito a mais dez minutos deste enorme espetáculo.
Muitas vezes considera-se que é a equipa com o momentum a iniciar o prolongamento que acaba a vencer a partida. Nesta partida, com as mudanças no marcador, era complicado perceber que equipa seria: o Kiel que tinha desperdiçado uma vantagem que chegou a ser de sete golos, mas que conseguiu recuperar de uma desvantagem de quatro, acabando por não conseguir vencer nos momentos finais, ou o Veszprém que lutou contra uma desvantagem de sete golos e desperdiçou uma vantagem de quatro? Foi a equipa húngara a primeira a marcar no tempo extra. Pouco depois, o especialista defensivo do Kiel, Wiencek, foi expulso com vermelho direto e nos últimos momentos da primeira parte do prolongamento Borozan marcou mais um golo, elevando a vantagem para dois golos (32-34). O momentum parecia, então, estar do lado do Veszprém. Mas o Kiel tinha outros planos e entrou melhor na segunda parte, conseguiu um parcial de 4-1 e acabou por vencer este jogo frenético (36-35).
RESULT: After extra time @thw_handball beat @telekomveszprem 36:35 to go through to the @VELUX #ehffinal4 final! #ehfcl pic.twitter.com/wlSGm2H8Sn
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Esta será a terceira final entre Kiel e Barcelona, tendo ambas as equipas uma vitória neste confronto. O Barcelona será o favorito, principalmente pela questão física, mas já vimos que pouco interessa a teoria. Esta meia final foi tudo o que os fãs adoram no Andebol: ritmo, paixão, incerteza no resultado até ao último momento. Este é daqueles que vai ficar na memória dos fãs para sempre.
A FIGURA
WATCH: Niclas Ekberg’s winning goal for @thw_handball 👏#ehffinal4 #ehfcl pic.twitter.com/gi3dtVkn1v
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Niklas Ekberg (THW Kiel) – Sete golos (100%) e duas assistências. O experiente sueco foi decisivo, marcando os últimos dois golos do Kiel na partida e fazendo o bloco no último remate do Veszprém na partida. Também não tremeu da linha dos sete metros. Absolutamente decisivo.
O FORA DE JOGO
Petar Nenadic visited Veszprém today, where he will be available for the team from 1 January. Welcome Petar! #HandballCity #WeAreVeszprem pic.twitter.com/MxCeQLMD3G
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Petar Nenadic (Telekom Veszprém) – O central marcou apenas dois dos seus seis remates e acumulou dois erros técnicos, ajudando à fraca prestação ofensiva da equipa em certos momentos da partida.
ANÁLISE TÁTICA THW KIEL
Foi uma performance defensiva sublime por parte da equipa alemã. Quer em 6×0, 5×1 ou 4×2 conseguiu sempre causar inúmeras dificuldades ao Veszprém no momento ofensivo. De realçar a excelente prestação de Duvnjak como defesa mais adiantado, tendo até feita uma interseção decisiva nos momentos chaves da partida. Ofensivamente, a equipa foi guiada por mais uma impressionante demonstração de qualidade de Sagonsen. Nota ainda para a aposta no 7×6 em certos momentos, principalmente nos momentos finais do tempo regulamentar, quando vencia 29-28, sendo que a equipa perdeu a bola e permitiu um golo simples levaria o jogo para o prolongamento num momento em que não era necessário arriscar.
SETE INICIAL E PONTUAÇÕES
Steffen Weinhold (6)
Patrick Wiencek (6)
Hendrik Pekeler (8)
Niclas Ekberg (10)
Rune Dahmke (8)
Sando Sagosen (6)
Niklas Landin (6)
SUPLENTES UTILIZADOS E PONTUAÇÕES
Dario Quenstedt (5)
Domagoj Duvnjak (6)
Harald Reinkind (5)
Miha Zarabec (5)
ANÁLISE TÁTICA VESZPRÉM
Uma recuperação notável que quase culminou na tão pretendida vitória. No entanto, numa equipa tão repleta de estrelas é impensável a quantidade de erros técnicos cometidos e não conseguir controlar uma vantagem de dois golos contra um adversário com uma rotação muito menos profunda. David Davis tem de repensar algumas questões para a equipa húngara voltar a tentar chegar à final da EHF Champions League em 2021.
SETE INICIAL E PONTUAÇÕES
Andreas Nilsson (4)
Vuko Borozan (9)
Kentin Mahe (9)
Petar Nenadic (4)
Jorge Maqueda (4)
Gasper Marguc (9)
Rodrigo Corrales (6)
SUPLENTES UTILIZADOS E PONTUAÇÕES
Vladimir Cupara (-)
Dejan Manaskov (5)
Khaled Yahia (9)
Rogerio Moraes (7)
Blaz Blagotinsek (5)
Mate Lekai (9)
Foto de Capa: THW Kiel