Um ano de extremos

    Seria fácil falar da pandemia da COVID-19, dos incêndios na Austrália ou de todas as outras catástrofes que têm marcado este início de década. No entanto, e focando no tema, 2020 tem sido bastante generoso para o Andebol nacional.

    Portugal entrou com o pé direito no ano. Conseguiu um brilhante (e histórico) sexto lugar no Europeu, realizado em Janeiro, batendo seleções poderosíssimas, como França ou Suécia. Ao nível de clubes, o SL Benfica ia fazendo uma campanha imaculada na EHF Cup, com quatro vitórias em quatro jogos. O FC Porto encontrava-se na fase a eliminar da Liga dos Campeões, e apresentava reais aspirações de passar à fase seguinte – tinha pela frente o Aalborg Handbold da Dinamarca. Já o Sporting CP tinha realizado uma prestação competente também na Liga dos Campeões, ainda que a eliminação frente ao CS Dínamo Bucuresti tenha sido algo surpreendente.

    O SL Benfica estava no Grupo A da EHF Cup, com quatro vitórias em quatro jogos
    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    Tudo parecia estar bem encaminhado para que fosse mais um grande ano do Andebol nacional. Com olhos postos em Tóquio, Portugal tinha pela frente uma dura tarefa com o torneio de qualificação olímpico. No entanto, tendo em conta o nível demonstrado no mês de Janeiro, Paulo Pereira e os seus comandados tinham reais aspirações em atingir os Jogos Olímpicos.

    Tudo mudou no espaço de semanas. Um ano que tinha começado de forma quase perfeita depressa começou a tomar outros contornos. A EHF emitiu um comunicado que oficializava a suspensão de todas as competições, o que respondeu a algumas perguntas que pairavam no ar.

    Em primeiro lugar, a Liga dos Campeões. Devido à grande quantidade de jogos ainda por realizar, a Federação Europeia decidiu cancelar todas as eliminatórias e qualificar os dois primeiros classificados do Grupo A e B para a Final4. Em termos práticos, isto significa a eliminação do FC Porto e o apuramento de THW Kiel, FC Barcelona, Paris Saint-Germain HB e Veszprém HC para a final a quatro.

    Depois, foi a vez da EHF Cup. Aqui, a solução também foi simples: cancelar a competição. Assim, e apesar da caminhada que realizara até à suspensão dos jogos, o SL Benfica viu o fim da sua aventura europeia, pelo menos até à próxima época.

    Por fim, e porque nem tudo são más notícias, a EHF anunciou o cancelamento de todas as qualificações para o Campeonato do Mundo de 2021, que se vai realizar em Janeiro, no Egito. O apuramento passa a ser feito com base na classificação do último europeu, o que significa que Portugal garantiu um lugar num Mundial pela primeira vez desde 2003, ano em que recebeu a competição!

    2020 é um ano que ficará na memória dos amantes de Andebol durante muito tempo, por boas e más razões. Em termos de seleção, o crescimento e evolução estão à frente de todos, ressalvando sempre que Portugal tem sido sortudo em certos momentos. A mudança no processo de qualificação para o Europeu permitiu o apuramento nacional, e a pandemia que nos afeta a todos facilitou esta qualificação para o Mundial.

    A sorte protege os audazes, e Portugal tem-se colocado em posições favoráveis para que a sorte o protegesse. Agora, a seleção não pode relaxar. É preciso que se foque na evolução, evolução essa que deverá ter como base os alicerces que estão a ser colocados.

    Foto de Capa: FAP

    Artigo revisto por Mariana Plácido

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    Leonardo Costa Bordonhos
    Leonardo Costa Bordonhoshttp://www.bolanarede.pt
    É jornalista desportivo e o andebol e o futebol foram o seu primeiro amor. Com o passar do tempo apaixonou-se também pelo basquetebol e futebol americano, e neste momento já não consegue escolher apenas um                                                                                                                                                 O Leonardo não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.