É verdade que muitas das estrelas já tinham anunciado que iriam apenas apostar na temporada ao ar livre; é verdade que outros mais atletas apostaram em fazer um número limitado de meetings, mas não tinham intenção de ir aos Mundiais (principalmente pelos receios do vírus que já existiam…); é verdade que todos os atletas russos estavam impedidos de competir em Nanjing, devido aos desenvolvimento do caso de doping estatal; é verdade que Nanjing tem uma alta probabilidade de ter Mundiais de maior qualidade em 2021 do que iria ter este ano – além dos Olímpicos no verão, já os Mundiais ao ar livre haviam terminado muito tarde. No entanto, os riscos de termos ainda menos gente interessada no circuito são agora bem maiores.
Já se realizaram dois meetings da World Athletics Indoor Tour (WAIT) e já há listas disponíveis para mais, mas, apesar de alguns bons nomes e bons duelos em perspetiva, os field sabem, no geral, a pouco. E ainda há o risco dos atletas presentes terem agora menos motivação. A World Athletics ainda não revelou, também, se quem conseguir a qualificação neste período terá qualificação garantida para os Mundiais (agora) de 2021, existindo, assim dois períodos de qualificação. Não anunciou como fica a situação dos wild cards para as disciplinas que irão fazer parte do circuito da WAIT em 2021 (à partida, essas disciplinas deram os wild cards para Nanjing no ano passado), existindo ainda muitas interrogações.
Talvez, no fundo, nem mude assim tanto. Já se sabia que seria um indoor relativamente fraco e com os olhos todos postos no verão. No entanto, não pensem que isso significa que não teremos resultados de elevado nível. Só nos últimos dias tivemos algumas performances verdadeiramente dignas de registo.

Fonte: FPA
Se a nível nacional, todos ficámos boquiabertos com os grandes recordes de Paulo Conceição na Altura (2.28 metros) e Auriol Dongmo no Peso (18.31 metros), a nível internacional, a Altura feminina também esteve em destaque. A jovem ucraniana Yaroslava Mahuchikh bateu o recorde mundial júnior em pista coberta (2.02 metros) e a russa (campeã mundial) Mariya Lasitskene respondeu já com 2.04 metros em Moscovo!

Fonte: World Athletics
Nos 800 metros, a escocesa Jemma Reekie não só bateu o recorde britânico, como o fez correndo o tempo mais rápido em pista coberta dos últimos 14 anos (1.57.91)! Também no Triplo Salto masculino, o atleta da Burkina Faso, Hugues Fabrice Zango, parece querer dar continuidade à sua grande temporada 2019, tendo saltado 17.77 metros em Paris, subindo a 4.º (igualado) a saltar mais longe na história indoor do Triplo.
Wow, @scotathletics record for @JemmaReekie ahead of @lauramuiruns , what a race!! pic.twitter.com/C5kC9JnWXl
— SALMarkMunro (@SALMarkMunro) February 1, 2020
Posto isto, não há motivos para adormecermos por dois meses e acordarmos apenas na temporada ao ar livre. As listas poderão não ser sempre as mais apetecíveis – principalmente, a nível de profundidade – mas os grandes resultados podem aparecer a qualquer altura e em qualquer lugar.
Foto de Capa: World Athletics
Revisto por: Jorge Neves