2021 vai ser rápido…muito rápido na meia e longa distância

    2020 deu todas as pistas e 2021 já começou a prová-lo: nunca as provas de meia e longa distância foram tão rápidas e nunca o salto qualitativo em termos de amplitude de resultados foi tão drástico. Claro que há Jogos Olímpicos e isso significa sempre que alguns atletas aparecerão como nunca, para voltarem a desaparecer por mais quatro anos (três, neste caso). Mas há também outros elefantes na sala.

    OS RECORDES: OS MAIS FALADOS E TODOS OS OUTROS

    Foram notícias dois recordes mundiais na meia e longa distância feminina nestes últimos dias. Gudaf Tsegay é uma atleta já medalhada. A etíope foi Bronze nos Mundiais Indoor 2016 e repetiu essa medalha nos Mundiais de Doha, ao ar livre, em 2019. No entanto, nada fazia prever o que vimos em Lievin há poucos dias. O seu melhor pessoal nos 1.500 metros, em pista coberta, era de 4:00.09. Em Lievin correu em 3:53.09! Bateu a sua melhor marca pessoal em sete segundos (!), o que parece totalmente absurdo. Mas a marca – como vocês já sabem – não significa só isso. É que Tsegay bateu o recorde mundial em pista coberta, que pertencia a Genzebe Dibaba desde 2014, por mais de dois segundos!

    O mais curioso é que, ao ar livre, Tsegay ainda tem um recorde pessoal inferior a esse. Apesar de ser uma marca impressionante, o Bronze de Doha foi conseguido em 3:54.38. E depois há as notícias que vêm da Etiópia…Com uma elevação de mais de 2.000 metros, há três semanas, a atleta correu a distância na Etiópia em 4:02.35, o que em várias listas de conversão dá qualquer coisa como 3:51.68. Estas conversões valem o que valem, mas estamos ansiosos por vê-la correr ao ar livre neste verão.

    Pouco tempo depois, no passado fim-de-semana, foi a vez da queniana Beatrice Chepkoech voltar a ser feliz no Mónaco. Já tinha sido aí que a atleta tinha alcançado o seu inimaginável recorde dos 3.000 Obstáculos (8:44.32) e agora bateu o recorde de 5km em estrada, com uma marca de 14:43. O mais impressionante é que o fez num dia com muito vento e com temperaturas a rondar os sete graus centígrados!

    Mas não é difícil passar os olhos pelas redes sociais da World Athletics para se perceber a quantidade de recordes que têm caído nas provas de média e longa distância só nos últimos dias:

    • O etíope Getnet Wale correu os 3.000 metros em 7:24.98, a 0.08 do recorde mundial! Havia seis atletas abaixo dos 7:30 antes desse dia. Depois dessa prova subiram a dez!
    • Na prova em que Tsegay bateu o recorde mundial, Laura Muir bateu o recorde britânico dos 1.500.
    • A norte-americana Elle Purrier correu as duas milhas em 9:10.28, recorde norte-americano e terceira de sempre.
    • Donavan Brazier bateu o recorde norte-americano nos 800 metros, com 1:44.21.
    • A jovem etíope, de 19 anos, Lemlem Hailu, correu os 3.000 metros em 8:31.24, o mais rápido de sempre por uma atleta abaixo dos 20 anos.
    • Elliot Giles correu os 800 metros em 1:43.63, recorde britânico e segundo mais rápido de sempre.
    • Jakob Ingebrigtsen correu os 1.500 em 3:31.80, novo recorde europeu.

    É uma lista um pouco extensa para apenas oito dias, não? E não contamos aqui com recordes pessoais de atletas consagrados como Selemon Barega nos 1.500, Beatrice Chepkoech (por duas vezes nos 3.000, e com o tal recorde mundial pelo caminho) ou Marcin Lewandowski nos 1.500.

    É ANO OLÍMPICO, MAS NÃO SÓ

    A melhoria de performances em ano olímpico não é assim tão surpreendente. Talvez o seja mais, porque a maioria dos atletas vem de anos com pouca ou nenhuma atividade e em que, mesmo mentalmente, possam ser tempos difíceis de lidar. Talvez o seja mais, porque uma muito significativa parte da elite mundial ainda nem está em competição, estando-se a guardar para o ar livre, principalmente porque será um ano de Europeus Indoor e não Mundiais Indoor, como foi em 2016. Sabemos que as melhorias iriam sempre ocorrer, embora talvez não nesta escala.

    Mas que mais pode explicar isto? Bem, há teorias para tudo. Há os que dizem que a ausência de competição até poderá ter sido benéfica a alguns atletas (?); há os que lançam para o ar suspeitas, pois todos sabemos que o controlo anti-doping não funcionou assim tão bem (e continua a não funcionar muito bem) em tempos de pandemia, em que as viagens nacionais e internacionais estão bastante limitadas; e há, claro, os ténis! Mas quais ténis, se afinal Tsegay parece que correu com uns Adidas Avanti “normais”, umas sapatilhas que existem desde os Jogos do Rio? Não sei, não sei de nada, só sei que parecem tempos loucos e que nos deixam a ansiar cada evento e a salivar pelos Jogos de Tóquio.

    Foto de Capa: World Athletics

    Artigo revisto por Inês Vieira Brandão

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    Pedro Pires
    Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.