Bela, dinâmica, guerreira e vencedora. Começam a faltar adjetivos para descrever a nova coqueluche do desporto português. Com uma habilidade e uma inteligência acima da média para lidar com pressões e elogios, a nossa melhor atleta olímpica de sempre no triplo salto não se fica por aqui. Como uma perfeita personificação da força, da garra e da ambição feminina, ela quer mais. Mais para si, mais para os seus e mais para o desporto nacional.
Na passada quinta-feira, no Estádio 1.º de Maio, em Lisboa, o Bola na Rede esteve à conversa com a menina bonita do atletismo nacional, Patrícia Mamona.
Bola na Rede (BnR): Não há dúvidas de que está a ser um ano brilhante para ti. Em Julho, foste medalha de ouro no Campeonato Europeu em Amesterdão, estabelecendo um novo recorde nacional. Um mês depois, nos Jogos Olímpicos do Rio, obtiveste o 6.º lugar, conseguindo o melhor resultado nacional de sempre no triplo salto feminino e superando a tua marca no Europeu. És nomeada Comendadora da Ordem de Mérito e, recentemente, viste o teu trabalho premiado com a renovação de contrato com o Sporting. O que é que te falta? Quais são as metas que ainda desejas atingir?
Patrícia Mamona (PM): Tenho campeonatos do mundo para fazer e tenho uns Jogos Olímpicos em que quero participar de certeza, que são os de Tóquio. Tudo isso são objetivos traçados.
Este ano tenho o Campeonato da Europa de Pista Coberta, e, agora com os resultados do verão, quero continuar a estar em boa forma e a lutar pelas medalhas. Embora seja um bocadinho mais cedo na época, não deixa de ser importante estar presente e lutar por esse título, que acabaria por completar o quadro de títulos de Campeã da Europa.
Depois tenho os Campeonatos do Mundo, que são a competição mais importante deste ano, onde vão estar todas as raparigas que estiveram nos Jogos Olímpicos. Vai ser uma oportunidade para fazer melhor que o 6.º lugar. É focada nisso que eu estou neste momento, e, se continuar a trabalhar e tudo correr bem, sei que daqui a quatro anos, em Tóquio, também vou estar em grande forma.
BnR: A comitiva nacional presente nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, apesar de numerosa, acabou por trazer para casa apenas uma medalha: o bronze da judoca Telma Monteiro. Que balanço fazes da prestação portuguesa nestes Jogos Olímpicos? E, se tivesses de o fazer, como descreverias o estado atual do atletismo português?
PM: Está entre o razoável e o positivo. Acho que precisamos de um pouco mais de incentivo a nível da alta competição. Senti um grande apoio nos últimos anos, não só do Comité Olímpico como também da Federação Portuguesa de Atletismo, e isto permitiu aos atletas estarem mais seguros e conseguirem alcançar resultados positivos nestes Jogos Olímpicos. O público estava à espera de medalhas mas não é uma coisa muito fácil… É uma coisa que dá trabalho. Não é fácil conseguires chegar lá. Só o facto de termos muitos atletas qualificados para os Jogos Olímpicos já foi uma grande vitória para nós. Espero que o estado do atletismo continue a evoluir; estou contente porque as notas de Educação Física agora contam para a média, e os professores se calhar vão puxar um bocado mais pelos alunos, não só pela parte lúdica mas também pela parte competitiva. Esse também é um caminho para fazer evoluir o desporto no geral.