Os olhos em Londres
Um pódio a repetir?
Se a pista já começou a todo o vapor, a estrada deverá dar um ar da sua graça neste próximo final de semana, com várias provas que centrarão atenções um pouco por todo o mundo. O principal destaque é mesmo a Maratona de Londres – que já tivemos oportunidade de antecipar num artigo anterior.
Eliud Kipchoge, o recordista mundial será sempre o destaque em qualquer prova por onde passe e em Londres é também o grande favorito, prometendo mais uma performance de elevado nível e afirmando que o que está para trás nada contará para a prova de domingo. Kipchoge não deverá – quem sabe… – baixar a melhor marca da história da Maratona (2:01:39), mas é bom recordar que o queniano já venceu aqui por 3 vezes e que já correu na prova em 2:03:05, o 4º tempo mais rápido da história.
O queniano terá aqui a sua primeira prova do ano e ainda não confirmou a sua Maratona de Outono/Inverno, sendo que a nossa aposta é que irá evitar as extremas temperaturas de Doha e as Maratonas norte-americanas e irá, provavelmente, voltar a Berlim. Caso vença neste Domingo, defende o título de 2018 e será o primeiro homem a ganhar por 4 vezes em Londres.
A organização tem logicamente procurado vender um duelo entre Kipchoge e Mo Farah, a estrela local, mas ainda nos parece bastante improvável que Farah possa discutir com Kipchoge a vitória na prova mítica da estrada. Para já, o britânico está no centro de uma das maiores polémicas da semana, onde afirmou que foi roubado num hotel na Etiópia, acusando o dono do hotel – um tal de Haile Gebrselassie… – de não ter feito tudo ao seu alcance para recuperar os seus pertences, mostrando-se desapontado com o mesmo.
A lenda etíope, por sua vez, afirma que fez tudo o que podia, acusando Mo Farah de vários comportamentos impróprios durante a sua estadia, de ter ficado a dever dinheiro ao hotel e ainda de ter assediado uma mulher casada, existindo queixa policial! Polémicas à parte, Mo Farah procurará em Londres melhorar o recorde europeu (2:05:11) que está em sua posse desde Outubro do ano passado.
Mas a maior concorrência que Kipchoge deverá enfrentar não deve ser daí que virá. O etíope Shura Kitata foi 2º no ano passado – posição que viria a repetir em Nova Iorque no final do ano. Aos 22 anos afirma-se como um dos maiores nomes para o futuro da distância e até promete ir a Londres não apenas para “acompanhar” Eliud, mas sim para o bater e vencer! Daniel Wanjiru, Wilson Kipsang, Abraham Kiptum, Tamirat Tola e Mosinet Geremew são outros nomes fortes do cartaz.
No feminino, mesmo com a saída de cena de Tirunesh Dibaba – está grávida e não fará qualquer prova em 2019 – o elenco conta com um cartaz impressionante que promete mais um ataque a tempos rápidos num circuito que viu as duas melhores marca de sempre da distância – Paula Radcliffe com os seus 2:15:25 em 2003 e Mary Keitany com os 2:17:01 de há dois anos. A marca da britânica é o recorde mundial absoluto feminino, a marca da queniana é recorde mundial em provas exclusivamente femininas.
Keitany está de regresso – já venceu também 3 vezes em Londres – e deverá, desta feita, ser mais cautelosa do que o foi há 1 ano quando começou com ritmos alucinantes e acabou por pagar caro o calor que se fazia sentir na capital britânica, terminando no 5º lugar. Depois disso Keitany já venceu em Nova Iorque e vem à procura de ser a 2ª mulher a vencer 4 vezes em Londres. A maior concorrente poderá ser Vivian Cheruiyot, que foi a campeã em 2018 – e depois 2ª em Nova Iorque. Cheruiyot foi uma estrela em pista – campeão olímpica e 4 vezes campeã mundial nos 5.000 e 10.000 – e está a ter uma transição quase perfeita para a estrada. Em Londres assistiremos a mais um capítulo desta rivalidade queniana.
O Quénia, ainda assim, tem mais cartas na manga, com a presença de Gladys Cherono ainda à procura da glória em Londres – tem 3 vitórias em Berlim – e a mais jovem Brigid Kosgei, que também aproveitou a estratégia suicida de Keitany e Dibaba no ano passado para ser 2ª, indo depois ainda vencer a Chicago. Da Etiópia chegam também duas atletas que lutarão pelo pódio. Tadelech Bekele foi 3ª no ano passado aqui e já venceu por duas vezes em Amesterdão e Birhane Dibaba estreia-se em Londres, tendo já no seu palmarés duas vitórias em Tóquio e pódios em Chicago e Berlim. Carla Salomé Rocha também faz parte da lista de elite anunciada pela organização.