Se os 400 barreiras eram a prova mais aguardada a nível global, no estádio essa distinção cabia aos 5.000 metros, com muitos fãs etíopes e também muitos quenianos (mas não tantos) a vibrarem desde bem cedo com esta final. Os etíopes tiveram mais do que motivos para sorrir. Com três homens muito fortes a assumir as rédeas – Edris, Barega e Bekele – funcionaram como uma equipa, com oscilações nos ritmos de prova, ora baixando, ora subindo o ritmo.
Antes da entrada para a última volta, pareceu que os três etíopes poderiam ver-se surpreendidos por Mohammed Ahmed (CAN), Chelimo (USA) ou Jakob Ingebritgsen (NOR), mas a cerca de 200 metros do final, o ataque final foi feito e dois dos etíopes chegaram aos dois lugares do pódio. Muktar Edris (ETH) revalidou o título que já havia conquistado em Londres – e voltou a provocar Mo Farah (GBR), fazendo a sua celebração, tal como fez quando o derrotou em Londres – e correu em excelentes 12:58.85, um tempo bastante rápido para eventos globais.
Pode-se dizer que a forma de Edris surpreendeu bastante, uma vez que este ano tinha apenas uma prova de 5.000 metros (em Lausanne), onde terminou no 18º lugar. Já em Doha, nas eliminatórias, havia sido terceiro da sua série, mas afinal tinha uma surpresa reservada. A Prata foi para o jovem, de 19 anos, Selemon Barega (ETH), em 12:59.70, que consegue a sua primeira medalha global ao ar livre, depois de também ter sido Prata nos Mundiais de Pista Coberta de Birmingham (nos 3.000 metros).
Por fim, o Bronze foi para Mohammed Ahmed (CAN), em 13:01.11, que conseguiu roubar o último lugar do pódio aos etíopes, sendo que Telahun Bekele (ETH) foi quarto. Quanto aos três irmãos Ingebrigtsen (NOR), nenhum deles chegou ao pódio, sendo que Jakob foi o único na luta até ao final, tendo perdido vários lugares naqueles fatídicos 200 metros, terminando na quinta posição.
Nos 3.000 metros obstáculos, primeiro título global da carreira para Beatrice Chepkoech (KEN) – sim, não é mentira – que fez a prova praticamente sozinha. Foi logo nos metros iniciais que a recordista mundial disparou e distanciou-se das suas adversárias, jogando com o facto de saber que não há – nem nunca houve – mulher mais rápida do que ela a percorrer a distância com obstáculos. Mais tarde, baixou o ritmo frenético, mas esteve sempre no controlo e terminou em 8:57.84, batendo o recorde dos Campeonatos Mundiais.
A grande surpresa foi vermos as suas colegas quenianas claudicarem, com a jovem Chespol (KEN) a não conseguir acompanhar o ritmo e a desistir cedo e com Kyieng (KEN) a comandar um segundo grupo até onde pôde, mas a estoirar – tendo necessitado da ajuda das colegas no final para conseguir andar – terminando apenas na oitava posição. A Prata, essa, foi para a campeã mundial de 2017, Emma Coburn (USA) com mais uma grande prova e novo recorde pessoal de 9:02.35, sendo que a completar o pódio, Gesa Krause (GER) conquista mais uma medalha em Mundiais, fechando em 9:03.30, novo e excelente recorde alemão.