A estes dois recordes mundiais, soma-se ainda a fabulosa prova de 400 metros no feminino, que nos trouxe, por exemplo, o recorde mundial júnior de Sydney McLaughlin, que correu a distância, aos 18 anos, em 50.36. Syd – como também é conhecida a norte-americana – tem agora 6 das 10 melhores marcas de sempre feitas por atletas até aos 20 anos nos 400 metros indoor!
E a marca até seria recorde norte-americano…não fosse na final A (a final dos 400 foi dividida em duas séries), Kendal Ellis ter corrido em 50.34, novo recorde norte-americano! Com 22 anos, acabados de fazer há dias, Ellis tem agora a 11ª melhor marca mundial de toda a história da distância. Na mesma noite, o anterior recorde norte-americano (da campeã mundial, Phyllis Francis) foi batido duas vezes!
O novo recorde norte-americano dos 400m Indoor no feminino:
Grandes marcas mundiais ainda nos 200 metros, uma prova já não tão disputada a nível mundial em grandes meetings, mas ainda com grande tradição a nível nacional. No masculino, Elijah Hall-Thompson correu a distância em 20.02, aquela que é a 2ª melhor marca da história e melhor norte-americana, batendo um recorde de Wallace Spearmon que durava há 13 anos e no feminino, Gabrielle Thomas correu em 22.38, a 5ª melhor marca mundial da história (igualada com Veronica Campbell) e 2ª norte-americana. Outro feito a assinalar é o que Grant Holloway fez em dois dias, com 3 finais e uma eliminatória nas barreiras: venceu os 60 com barreiras em 6.47 (marca que lhe daria medalha nos Mundiais de Birmingham), foi segundo no Salto em Comprimento e 3º nas estafetas 4×400.
Nas redes sociais, houve até quem fizesse comparações com os Mundiais Indoor de Birmingham e se é verdade que a comparação é exagerada (em 24 provas equiparáveis, apenas 4 tiveram marcas melhores e nos 3.000 isso nem sequer deve ser contabilizado, por ser uma prova tática), a verdade é que o nível fenomenal das marcas daria o Ouro a Norman nos 400, à estafeta norte-americana e a Ellis nos 400 femininos também. Outras marcas de enorme valia durante os campeonatos dariam também medalhas e lugares no pódio em Birmingham.
Mas afinal, como se explica tudo isto? E como se explica que alguns destes atletas tenham preferido marcar presença nos campeonatos da NCAA do que nos Mundiais, mesmo quando já eram apontados como potenciais favoritos?
Para a segunda pergunta, a resposta poderá parecer bem mais simples do que aparenta. A possibilidade de marcar presença nos Campeonatos Universitários é algo que poderá acontecer até mais do que uma vez na vida de um atleta, mas apenas enquanto o mesmo está a representar a sua universidade e, portanto, é uma experiência que a determinada altura da carreira não mais se repete. Mundiais Indoor existirão vários ao longo da sua carreira. Claro que também existe a planificação de cada atleta, com a sua equipa técnica, que passa muito por, em primeiro lugar, não serem queimadas etapas consideradas essenciais para o crescimento dos atletas, sabendo da importância da competição universitária norte-americana no desenvolvimento psicológico e mental de cada atleta. E, não menos importante, devemos relembrar das pressões que atletas e técnicos sofrem por quem eles representam. Não será fácil para um técnico, funcionário e bastante bem remunerado pela Universidade, explicar que o atleta não se apresenta nos Universitários nas melhores condições porque deu prioridade aos Mundiais, onde não representa essa Universidade. Claro que tudo isto é mais complicado de perceber por nós, europeus, que não temos a cultura de desporto escolar e universitário que existe nos EUA. Mas vamos lá perceber um pouco melhor como funciona o modelo norte-americano.