Bolt acabou a sua carreira no Atletismo.
Ainda parece uma frase estranha, mesmo já tendo passado mais de uma semana, mas é verdade. Usain Bolt, o maior sprinter de todos os tempos, não voltará mais a pisar uma pista de atletismo, pelo menos competitivamente. A despedida, em Londres, não foi a que o atleta mais desejaria, nem a que os muitos fãs em redor do mundo sonharam. Mas estes campeonatos mundiais não serão suficientes para beliscar o que Bolt conquistou e o que fez pelo desporto. Se alguém tem dúvidas, basta pensar que até 2008 havia a “Jamaica de Bob Marley” e hoje temos a “Jamaica de Marley e Bolt”.
Como em tudo o que é bom, ao terminar, as marcas ficam. Existe um vazio por preencher. É inegável que o jamaicano fez pelo Atletismo aquilo que nunca ninguém havia feito antes: colocou milhões de fãs pelo mundo a torcer por um corredor, como se de uma equipa de futebol se tratasse; fez com que norte-americanos, ingleses ou franceses esquecessem as cores nacionais e se pintassem, nos seus estádios, com as cores da bandeira jamaicana, mesmo com atletas nacionais em prova. Será um efeito que tão cedo dificilmente será repetido.
Como atleta, Usain é (foi) um fora de série (nunca esta palavra fez tanto sentido). Bateu recordes mundiais dos 100 e dos 200 metros, ultrapassando barreiras que se pensavam quase impossíveis de serem batidas e ambos os recordes nunca, passados oito anos de Berlim, estiveram alguma vez em risco de caírem. Nunca ninguém ainda conseguiu sequer aproximar-se de ambas as marcas. Os recordes vão cair, estamos certos disso. Não há recordes imbatíveis. Poderão demorar mais dez anos, poderão demorar 20, 30, 40. Mas cairão. A prova disso está, por exemplo, na forma como Wayde van Niekerk pulverizou o recorde dos 400 metros de Michael Johnson, que se pensava imbatível. Mas os seus títulos mundiais e as suas medalhas de Ouro consecutivas, desde os Jogos Olímpicos de Pequim em 2008, essas permanecerão para sempre com ele, e esse recorde de medalhas de Ouro em eventos globais, sim, será bem mais difícil de alguém o bater.