O que a vida tira, o que a vida dá

    Foi, ainda assim, em 2018, que teve a sua afirmação definitiva, com o 2.º lugar na Maratona de Londres (2:20:13) e o 1.º na Maratona de Chicago, em enormes 2:18:35, marca que a colocava como a 7.ª mais rápida da História. 2019 foi o ano mais preenchido para a atleta queniana que, ainda assim, teve tempo para voltar a passar por Portugal, vencendo a Corrida da Mulher (5 km) em 15:13, cerca de três semanas depois de ter tido a que era, até então, a maior vitória da sua carreira, com a conquista da Maratona de Londres, em 2:18:20.

    Em Chicago, agora, retirou mais de quatro minutos a esse impressionante registo, sendo a detentora da melhor marca de sempre, com 2:14:04.

    Mas o percurso de Keitany não foi um mar de rosas. Em 2012, com 18 anos, a atleta foi expulsa da sua escola no Quénia por falta de pagamento da sua mensalidade, não tendo sido autorizada a fazer o exame final. A história foi contada ao jornal queniano Daily Nation, no qual é relatado que não foi a primeira vez que tal sucedeu.

    Frustrada, a jovem decidiu fugir de casa e foi viver para a casa do seu noivo, alguém que ela tinha já conhecido em meetings de atletismo no Quénia. Na altura, a jovem que apenas havia participado em provas escolares, foi convencida pelo noivo (agora marido) a tentar as provas de estrada, tendo, desde logo, alertado para a exigência dos treinos. A mãe de Brigid ainda a tentou convencer a voltar – já podia, agora, pagar a escola – pois acreditava que o sucesso da filha dependeria do sucesso escolar, mas Brigid rejeitou, pois estava agora focada noutras prioridades.

    Em 2014, aos 20 anos, foi mãe de dois gémeos, numa altura em que já treinava regularmente com o seu marido e foi durante essas manhãs que começou a estar mais próxima de Eric Kimaiyo, que, na altura, já era treinador de um centro de treinos em Kapsait. Kosgei foi então convidada a juntar-se ao grupo de Kimaiyo, sendo que aceitou viver num regime de estágio, indo para o centro todas as segundas-feiras e apenas regressando a casa aos sábados. O marido de Kosgei ficou a tomar conta das crianças durante esse período durante todo o ano de 2015 e a atleta pôde finalmente concentrar-se no atletismo. Parece que tudo isso resultou e a partir daí a história já é conhecida.

    Novos desafios se aproximam
    Fonte: IAAF

    Kosgei, que arrecadou 175.000 dólares norte-americanos com o feito de sábado, pensa agora nos próximos desafios. Nas redes sociais já desafiou a INEOS a preparar para ela um desafio semelhante ao que foi feito a Kipchoge (há quem fale em 2:10 e ela própria, depois da prova, disse que acredita que as mulheres são capazes de correr abaixo dessa marca!), mas o grande objetivo para o próximo ano passa pelo ouro nos Jogos Olímpicos, algo que a sua equipa garante que já está a ser preparado.

    Foto de Capa: Chicago Marathon

    Artigo revisto por Inês Vieira Brandão

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    Pedro Pires
    Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.