Os nossos 3 grandes desejos para o Atletismo em 2021

    2.

    Que o doping e/ou os ténis não sejam os assuntos mais falados – O atletismo tinha reagido bastante bem ao pós-Bolt (a estrela maior do desporto retirou-se nos Mundiais de Londres, em 2017). Aqui já o tinha dito que, embora a minha admiração pelo jamaicano seja quase ilimitada, ter saído “a perder” poderá ter sido bom para o Atletismo, de forma a não pairar por lá sempre o fantasma de “se o Bolt estivesse aqui…”. 2018 foi, provavelmente, o ano-off com melhores resultados da história e, em 2019, os Mundiais de Doha, embora envoltos em várias polémicas, foram, também estatísticamente os melhores campeonatos de sempre (se excluirmos as provas de estrada, prejudicadas pelo calor) e dos mais assistidos de sempre em vários países europeus. Ainda assim, 2020 foi um mau ano, não há como o esconder.

    Existirão vários factores que podem servir de atenuante e, claro, que o maior é aquele que afetou todos os outros desportos: a pandemia relacionada com o virus COVID-19. Não vale a pena voltarmos a explicar o impacto da pandemia no desporto. O que falhou e que aqui falamos nada tem a ver com isso. A verdade é que os assuntos mais falados em 2020 foram o doping e os ténis. No doping, a suspensão do campeão mundial de 100 metros – o norte-americano Christian Coleman, que falhará os Jogos – é sempre uma péssima notícia, mesmo que não tenha acusado doping (falhou controlos). Mas não foi o único nome sonante. Salwa Eid Naser, que teve uma quase inacreditável marca em Doha para se sagrar campeã mundial dos 400 metros, também falhou testes e acabou por se “safar” apenas administrivamente, indo, em princípio, a Tóquio. No entanto, a mancha lá fica para a atleta do Bahrein. Menos sorte teve o queniano Elijah Manangoi (anterior campeão mundial dos 1.500 metros) – que também falhou três testes e falha Tóquio – e um dos maiores maratonistas da história, o também queniano, Wilson Kipsang, que se encontra suspenso por quatro anos, o que, praticamente, termina com a sua carreira.

    Já dos ténis pouco há a referir, a não ser que foi um enorme caos. Desde regulamentações não cumpridas a regulamentações modificadas (devido à pressão das marcas), faltam, de momento, estudos independentes que confirmem, ou não, se a melhoria das performances em corridas de longa distância fazem parte de uma evolução natural ou se são uma evolução demasiado artificial, tal como a que se viveu antes, na Natação, com os famosos fatos que, mais tarde, foram proibidos e considerados “doping tecnológico”. A polémica dominou as atenções mundiais durante todo o ano e…até chegou a Portugal. Na passada Sexta-Feira, Salomé Rocha havia terminado os Campeonatos Nacionais de 10.000 metros no primeiro lugar…para mais tarde, a atleta e o treinador perceberem que tinham cometido um erro e que os ténis utilizados não eram regulamentares (Sara Moreira sagrou-se assim campeã e o resultado de Salomé não foi homologado).

    Tudo o que queremos em 2021? Que os prevaricadores sejam punidos no doping, mas esperando ver menos de top por lá (mas se o fazem, que sejam punidos). Que os ténis sejam parte de uma discussão mais factual, com estudos e dados fidedignos, para que se perceba do que se fala e para que os ténis não tenham o poder que um carro na fórmula 1 tem, ainda mais agora, que muitas provas permitem a utilizam de protótipos de ténis, não disponíveis ao público.

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    Pedro Pires
    Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.