Maratona de Berlim
Prova Masculina: A presença de Eliud Kipchoge, seja onde for, é por si só motivo de especial atenção para qualquer amante da modalidade. Kipchoge correu 10 Maratonas na sua carreira. Venceu 9. Precisará de bater o recorde mundial em alguma fase da sua carreira para ser considerado o melhor de sempre? É sempre algo difícil de responder, mas caso o faça dissipará por completo quaisquer dúvidas que possam existir. A única vez que o queniano não venceu, foi no seu ano de estreia na distância, em 2013, aqui mesmo em Berlim, onde foi segundo com um tempo de 2:04.05. Depois disso, já venceu na capital germânica por duas vezes e este ano irá a Berlim com a clara intenção de bater o recorde mundial pela primeira vez na sua carreira, ele que tem o tempo mais rápido feito por um homem na distância, embora numa prova que não cumpria com todos os requisitos para a marca ser considerada recorde mundial (a célebre “Breaking2” da Nike).
Será que o recorde mundial estará mesmo em risco em Berlim ou é apenas conversa para elevar o hype? Acreditamos que domingo Kipchoge pode ter uma das melhores oportunidades até ao momento para que tal aconteça. Para se bater um recorde mundial é necessário que tudo bata certo, ou como se costuma dizer, que todos os astros se alinhem de forma perfeita naquele preciso momento. Kipchoge sente-se bem, está em forma e há 3 anos que persegue o sonho.
As condições previstas para Berlim permitem sonhar com a possibilidade de recorde mundial: estão previstas temperaturas entre 13º e 19º à hora da prova, sem chuva, com pouco vento, com o sol por vezes a aparecer e Kipchoge não se tem cansado de publicar nas redes sociais referências à obtenção da melhor marca da história. O recorde pessoal do atleta (2:03:05) está a apenas 8 segundos do recorde mundial de Dennis Kimeto (KEN) e Kipchoge assume que vai a Berlim apontando para passagens abaixo do seu melhor pessoal. Não é difícil fazer as contas.
No que diz respeito à vitória, a competição não parece demasiado apertada para Eliud. Não nos interpretem mal: há muita qualidade entre os inscritos. Acontece que ninguém está, no momento, no patamar do atleta que procura bater o recorde mundial. Falando em recorde mundial, presente estará Wilson Kipsang, o anterior recordista mundial (2:03:23), vencedor aqui em Berlim em 2013. Um homem que desde 2010 correu sempre, pelo menos uma vez em cada ano, abaixo dos 2:05. Não este ano. Em 2018, Kipsang – que tem 3 das 10 melhores marcas de sempre – não terminou em Tóquio e depois venceu em Tokushima com um tempo de 2:19:35. É uma incógnita como se apresentará em Berlim, mas o seu último grande tempo data de Fevereiro de 2017, pelo que não aconselharíamos alguém a colocar as suas fichas nele, apesar de ser um dos maiores nomes da distância de 42.195 km. Em prova estarão ainda mais 2 quenianos e 1 etíope com melhores pessoais na casa dos 2:05: Eliud Kiptanui, Amos Kipruto e Abera Kuma que procurarão “andar” com o grupo de “pacemakers” da frente da prova. Em Berlim, também estará presente o recordista mundial da Meia-Maratona. Zersenay Tadese, da Eritreia, afirmou que espera alcançar um novo recorde pessoal nesta distância (o seu melhor é 2:10:41). Nenhum atleta parece no momento uma ameaça a Kipchoge, mas é uma Maratona e já vimos coisas mais surpreendentes.