📲 Segue o Bola na Rede nos canais oficiais:

A arte de jogar com uma só mão

- Advertisement -

cab nba

Não passem a bola com uma só mão”, afirmam os treinadores designados de puristas do basquetebol, para quem a modalidade estava bem melhor no passado, quando se ensinavam os fundamentos do jogo.

Embora eu não esteja em completo desacordo com o conceito anterior – já que não sou, de todo, adepto dos passes com uma mão e, inclusive, nos cursos de treinador dizia frequentemente: “não é possível jogar só com uma mão” reconheço, contudo, que estava enganado e tenho de ter algum cuidado para não limitar o pensamento, de forma a entender o jogo atual.

O mítico Coach John Wooden, nos seus múltiplos escritos, dá um contributo que pode ajudar a entender a introdução deste passe na atualidade: “O que conta é o que tu aprendes depois de saberes tudo”, afirma. Relativamente à denominada arte de passar a bola, temos de fazer o mesmo, procurando encontrar razões que justifiquem uma ação mais arriscada com uma só mão.

Para melhorar as competências e ganhar mais confiança devemos seguir a velha regra dos treinadores: quanto mais difícil e exigente é o treino mais fácil será o jogo. Assim, todos devem treinar tal fundamento.

Se no treino os jogadores conseguem passar na sequência do drible (pass off the drible) com uma só mão e com precisão, no jogo vão conseguir passar com as duas, ou só com uma, porque estão confiantes.

O passe fundamental continua, na minha opinião, a ser efetuado com as duas mãos; mas da mesma forma que, por vezes, é necessário fazer um passe por trás das costas, ou um lançamento mais imaginativo e desequilibrado com o cesto, também algumas vezes é necessário fazer uma passe com uma mão, para fazer chegar a bola em boas condições ao lançador.

Os jogadores têm pouco espaço e um tempo curto para tomarem boas decisões. Com a linha de passe fechada, muitas vezes não é possível passar com as duas mãos. Para ganhar uma fração de segundo e ser mais rápido do que o defensor, usamos apenas uma das mãos. Os jogadores que no basquetebol atual não dominam este fundamento ficam limitados nas suas ações.

Claro está que se o passe com uma mão é apenas uma moda e apenas usado sem critério, em detrimento dos passes clássicos, o resultado são constantes perdas de bola, como é frequente acontecer.

Okafor com mãos muito grandes…

O jovem poste Jahlil Okafor (Duke), que recentemente se sagrou campeão da NCAA – e provável nº1 do Draft para a NBA – mostrou ao longo desta época uma habilidade única: quando sujeito a marcações duplas (trap) conseguiu quase sempre descobrir companheiros livres graças a sua capacidade de passar a bola com uma só mão.

“Ele pode e quer passar a bola com uma só mão”, disse o treinador Mike Krzyzewski. “Toma sempre boas decisões. Os companheiros, no exterior, só têm de ocupar os lugares certos para receberem e lançarem sem oposição”

As mãos de OKafor são mesmo muito grandes: 28,58 cm; o tamanho médio para o homem normal é de 19 cm Fonte: DraftExpress
As mãos de OKafor são mesmo muito grandes: 28,58 cm; o tamanho médio para o homem normal é de 19 cm
Fonte: DraftExpress

Com mãos muito grandes, o poste de Duke, movido pelos fundamentos do basquetebol, tem múltiplas vantagens, nomeadamente no passe.

Imparável perto do cesto no jogo de 1×1, foi ao longo de toda a época sujeito a marcações cerradas por parte de todos os adversários. Quase sempre tinha uma marcação dupla (trap) quando recebia a bola e pretendia atacar o cesto.

A solução que os treinadores de Duke descobriram para contrariar a estratégia defensiva levou em linha de conta as características morfológicas do poste. Passaram mesmo a incentivar o atleta a passar a bola aos companheiros com uma só mão. O facto de não ser egoísta e ter habilidade na arte de passar facilitou em muito a tarefa e permitiu à equipa marcar muitos cestos fáceis.

Alguns treinadores, mais conservadores, criticaram este tipo de passe. O treinador adjunto de Duke, Jeff Capel, defendeu esta opção: “Com umas mãos assim tão grandes por que razão não pode passar com uma só? Ele consegue isso com muita facilidade.”

Tudo isto em mim é natural. Agarrar a bola só com uma mão é fácil e nem tenho de treinar”, confirmou o jovem.

Com este novo argumento técnico, o double-team perdeu muito da sua eficácia. Okafor conseguiu, assim, aumentar o campo de ação e quase sempre descobrir, no lado contrário, jogadores sem oposição.

Com uma só mão Okafor consegue ver melhor o campo ao mesmo tempo que consegue manter a bola afastada do defesa direto enquanto toma a decisão de passar. Como é destro, esta ação fica ainda mais eficaz se for realizada do lado esquerdo do ataque, com o poste de costas para a linha final.

No início estranhávamos e ficávamos todos a olhar para ele”, disse Amile Jefferson. “Ele sabia que quando o defendiam dessa forma o único passe disponível era o passe longo a atravessar a zona. Mas muitas vezes não funcionava porque não nos mexíamos e estávamos muito afastados da bola”.

A equipa teve, então, de aprender a cortar para o cesto com movimento constante dos jogadores, em vez de ficarem todos parados a ver o que fazia Okafor com uma só mão. A solução estava encontrada e os adversários já não sabiam quem defender.

Os bases de Duke ao longo da competição procuraram muitas vezes encontrar as linhas de passe para o ponto de apoio mais forte da equipa, jogando com o conceito elementar de bola dentro/bola fora.

Os números finais não mentem e mostram a eficácia do passador (com uma só mão) e dos lançadores: Duke ganhou o campeonato, Okafor conseguiu realizar um total de 49 assistências e os bases Quinn Cook (15,3 pontos por jogo), Tyus Jones (11,8) e Justise Winslow (12,6) revelaram pontaria afinada.

Gonçalo, o melhor passador…

A jogar, e bem, só com uma mão temos no nosso basquetebol nacional o Jovem Gonçalo Tomaz. Nasceu sem o braço esquerdo mas não tem problemas de integração na modalidade.

Gonçalo Tomaz, agora com 14 anos, nasceu sem o membro superior esquerdo mas tal não o impediu de ter uma vida igual a todos os outros jovens, com o desporto a ter papel de relevo.

O primo jogava basquetebol, tal como pai. Depois de ter participado numa actividade escolar nunca mais largou a modalidade, jogando atualmente na equipa de Cadetes do Desportivo da Povoa, treinada pelo meu amigo António Santos. “Ele é capaz de tudo, passa a bola por trás das costas, por entre as pernas, marca triplos, ganha ressaltos e até desarma lançamentos. No contra ataque é o melhor passador”, afirma o treinador.

Na equipa joga como qualquer um dos outros  Foto: MaisDesporto
Na equipa joga como qualquer um dos outros
Foto: MaisDesporto

Desde que entrei para o basquetebol que a paixão foi crescendo”, revelou o jovem no momento em que contou aos pais que queria praticar esta modalidade. “Quando disse em casa que queria jogar basquetebol incentivaram-me e foram ver um jogo. Perceberam que tinha jeito e sempre me apoiaram”, confessa.

Mário Silva
Mário Silvahttp://www.bolanarede.pt
De jogador a treinador, o êxito foi uma constante. Se o Atletismo marcou o início da sua vida desportiva enquanto atleta, foi no Basquetebol que se destacou e ao qual entregou a sua vida, jogando em clubes como o Benfica, CIF – Clube Internacional de Futebol e Estrelas de Alvalade. Mas foi como treinador que se notabilizou, desde a época de 67/68 em que começou a ganhar títulos pelo que do desporto escolar até à Liga Profissional foi um passo. Treinou clubes como o Belenenses, Sporting, Imortal de Albufeira, CAB Madeira – Clube Amigos do Basquete, Seixal, Estrelas da Avenidada, Leiria Basket e Algés. Em Vila Franca de Xira fundou o Clube de Jovens Alves Redol, de quem é ainda hoje Presidente, tendo realizado um trabalho meritório e reconhecido na formação de centenas de jovens atletas, fazendo a ligação perfeita entre o desporto escolar e o desporto federado. De destacar ainda o papel de jornalista e comentador de televisão da modalidade na RTP, Eurosport, Sport TV, onde deu voz a várias edições de Jogos Olímpicos e da NBA. Entusiasmo, dedicação e resultados pautam o percurso profissional de Mário Silva.                                                                                                                                                 O Mário escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Antigo jogador do Real Madrid critica Vinícius Júnior: «Não é bom para ele nem para o Real Madrid»

Alfonso Pérez defendeu que o Real Madrid devia vender Vinícius Júnior e apostar tudo em trazer Erling Haaland. O ex-jogador considera que o brasileiro não transmite uma boa imagem.

Pirotecnia e tarjas valem nova multa ao Benfica

O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol aplicou uma multa de 15.875 euros ao Benfica, devido ao comportamento dos adeptos na receção ao Arouca.

A camisola personalizada pelas mãos de Rui Costa, as palavras em espanhol de José Mourinho e o discurso de Otamendi: «Muito feliz»

Nico Otamendi chegou aos 250 jogos pelo Benfica. Defesa-central argentino foi homenageado no balneário encarnado.

Angola paga milhões para receber a seleção da Argentina em jogo particular

A seleção de Angola vai receber a campeã do mundo, Argentina, num jogo particular, em Luanda, como parte das celebrações dos 50 anos da Independência.

PUB

Mais Artigos Populares

Juventus oficializa Luciano Spalletti como novo treinador

Luciano Spalletti foi nomeado novo treinador da Juventus. O técnico italiano de 66 anos foi o escolhido para suceder a Igor Tudor.

Benfica e Sporting voltaram a dominar na Champions League de Futsal: Resultados já foram menos volumosos

O Benfica e o Sporting venceram novamente na Champions League de Futsal. Águias bateram o Riga e leões ganharam ao Kairat Almaty.

Artur Jorge afasta (para já) regresso à Primeira Liga e garante: «Só treinaria Benfica, FC Porto e Sporting»

Artur Jorge duvida regresso à Primeira Liga nos próximos tempos. Técnico português só treinaria Benfica, FC Porto e Sporting.