Damian Lillard | Um líder nato, mas um Hall of Famer?

    LÍDER DE UMA EQUIPA INSTÁVEL

    Damian Lillard já disse querer ficar em Portland durante toda a sua carreira, algo que se vê cada vez menos na liga no que toca a franchises mais pequenos como os Blazers. Embora esse espírito seja de louvar, é de salientar que as equipas de Portland têm sempre dificuldades a manter-se saudáveis e consistentes, algo que complica a vida numa conferência Oeste sempre com muita competição.

    Mesmo depois das saídas de grande parte do grupo que debilitaram os Blazers em 2015/2016, Dame deu de tudo para que os Blazers voltassem aos Playoffs. Aliado ao aumento de rendimento de C.J. McCollum, Portland chegou à segunda ronda, sendo eventualmente eliminados pelos Golden State Warriors, que venceram 73 jogos na época regular.

    Anos de derrotas na primeira ronda dos Playoffs se seguiram, muito pelas lesões dos jogadores vindos do banco, até que, em 2018/2019, os Blazers finalmente conseguiram quebrar o enguiço e chegar mais longe. Depois de dizerem o adeus aos Oklahoma City Thunder em cinco jogos na primeira ronda, marcada por mais uma demonstração de “Dame Time”, e vencerem a segunda série em sete jogos frente aos Denver Nuggets, foram mais uma vez os Warriors, desta vez com Kevin Durant à mistura, a parar Portland, desta vez nas finais de conferência.

    Em 2019/2020, as lesões sofridas por C.J. McCollum e Jusuf Nurkic durante a época regular fizeram com que Damian Lillard carregasse ainda mais a equipa às costas na bolha da NBA em Orlando. Sem McCollum e com um Nurkic debilitado, Dame foi o fator decisivo para os Blazers na vitória frente aos Memphis Grizzlies no play-in para os Playoffs, esforço esse que seria em vão, porque os eventuais campeões Los Angeles Lakers os eliminariam na primeira ronda em cinco jogos.

    CASO PARA O HALL OF FAME

    Como os critérios de elegibilidade para o Hall of Fame não estão bem definidos, não é certo se Lillard é, neste momento, elegível ou não para integrar esse lote de estrelas da modalidade. Porém, a meu ver, os fatores que mais impacto têm na decisão final são: consistência a nível de equipa, momentos memoráveis e prémios a nível pessoal e importância do atleta para o jogo em si.

    Em oito temporadas, Lillard e os Blazers chegaram aos Playoffs sete vezes, sendo que foram quatro vezes eliminados na primeira ronda, duas vezes na segunda e o mais longe que conseguiram chegar foi às finais de conferência em 2019. A consistência da equipa em chegar aos Playoffs é importante, mas não conseguir nenhuma vez alcançar as finais da NBA tem o seu impacto.

    Já com 30 anos, Dame ainda tem algumas épocas em que poderá lá chegar, mas para isso as peças que o rodeiam em Portland têm de fazer a sua parte e, mais importante ainda, manter-se saudáveis. Porém, essa tarefa nunca será fácil na conferência Oeste, que tem sempre várias equipas a competir pelo título.

    Em termos pessoais, até agora, Dame tem médias de carreira de 24,6 pontos e 44% de eficácia, 6,6 assistências, 4,2 ressaltos e um roubo de bola. Lillard também já arrecadou seis idas ao All-Star Game e cinco equipas All-NBA. Em termos da história de Portland, Clyde Drexler mantém vários dos recordes, mas Dame encontra-se bem perto de os igualar e ultrapassar, sendo já o jogador dos Trail Blazers com o maior número de pontos num único jogo e com mais triplos marcados na carreira.

    Em termos de momentos memoráveis, a quantidade de vezes que aponta para o seu relógio imaginário depois de lançamentos importantes é impressionante, principalmente na fase a doer, nos Playoffs. De buzzer beaters frente aos Rockets e aos Thunder, à forma como carregou os Blazers aos Playoffs em 2019/2020 e, também, aos lançamentos do fundo da rua, um deles para a vitória, no All-Star Game de 2021, Lillard tem vários momentos no seu highlight reel.

    No que toca ao impacto no jogo em si, como se conseguiu ver no All-Star Game, Damian Lillard é um dos únicos jogadores que consegue competir com o range de Stephen Curry, considerado por muitos como o melhor lançador de todos os tempos. Por isso, é possível considerar que Lillard é, também, uma peça fulcral desta mudança de paradigma da importância do lançamento de três pontos.

    Por outro lado, com mais umas épocas em cima, Dame vai, certamente, vencer mais prémios e fazer mais números. Se se mantiver em Portland durante o resto da carreira, o que também pode vir a ter impacto para o seu caso de Hall of Fame, pode muito bem ultrapassar Clyde Drexler em várias categorias, o que o poderá tornar no melhor Blazer de todos os tempos.

    Dito isto, se Dame é ou não merecedor, fica ao critério de cada um. Na minha opinião, se Damian Lillard se retirasse agora, entrava no Hall Of Fame. No entanto, para quem é mais cético, acredito que se Dame continuar a jogar como anda durante mais umas épocas, será capaz de convencer os mais críticos que é um lock para fazer parte do Hall of Fame.

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    Pedro Martins de Oliveira
    Pedro Martins de Oliveirahttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro tem 25 anos, é licenciado em Ciências da Comunicação e tem um sotaque da cidade do Porto. Um fanático pelo desporto e um amante da escrita, acompanha várias modalidades em diferentes países, mas sobretudo segue de forma religiosa a NBA e a NFL.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.