Kevin Durant: um passo em frente, dois atrás…

    Cabeçalho modalidadesEu percebo o Kevin Durant: a vontade de ganhar é grande, e só pode ser maior quando se é um dos mais talentosos da liga. O seu currículo diz tudo sobre a sua qualidade, e só falta mesmo o tão ambicionado anel.  Em Oklahoma era possível competir: era uma equipa rija, difícil de superar e habituada a dar luta aos melhores. O problema é que isso não chega; a conferência Oeste tem apresentado uma competitividade elevadíssima e, no ano em que OKC se conseguiu impor – chegando à final  – , do outro lado estava o Big 3 de Miami, que o superou com naturalidade.

    Com a camisola dos Warriors aproxima-se agora bastante da vitória final, e é muito provável que faça a festa já esta época. É claro para quase todos que ter Curry e Durant na mesma equipa é mais do que meio caminho andado para esta ser bem sucedida – são simplesmente dois dos três melhores da NBA – mas, se isso não chegasse, havia ainda Klay e Green para completar um leque fabuloso de All-Stars sedentos de glória. Gerindo de forma inteligente a fase regular, atendendo à agora menor profundidade do seu banco, a turma que contará com os dois últimos MVPs da liga poderá até dominar os PlayOffs com uma facilidade pouco vista na competição. Neste sentido, KD deu um grande passo em frente: ser campeão é mais que um desejo – é um sonho para qualquer um –, e está agora muito perto de se realizar. Saiu para uma equipa que disputou as últimas duas finais e que, mesmo sem ele, teria todas as possibilidades de o voltar a fazer. A lista de grandes estrelas que nunca celebraram um campeonato é extensa e KD, pressionado pela enorme vontade de não pertencer a esse grupo, escolheu ingressar onde mais rapidamente pudesse abrir o champanhe. Sem dúvida um passo em frente! E, afinal um jogador da NBA é apenas um profissional, como qualquer outro, livre de escolher que empresa deseja representar.

    Fonte: Instagram Oficial dos GSW
    Durant mantém o 35 como número
    Fonte: GSW

    OKC ficou pelo caminho e, como é normal nestas situações, a onda de ódio gerada à sua volta foi enorme. O herói da cidade passou agora a ser o maior vilão e não se espera que os fãs, ou melhor, os ex-fãs, o perdoem tão cedo. A traição do filho prodígio ganha ainda maiores proporções quando feita com a equipa que barrou o acesso à final dos Thunder na temporada que passou, numa eliminatória extremamente renhida. Aos olhos de muitos, Durant trocou um candidato por outro ainda mais candidato, e isso é ter falta de mentalidade de guerreiro. Juntar-se aos melhores adversários é a forma mais fácil e óbvia de evitar o confronto. Podemos dizer que KD evitou o choque. Em abono da verdade, se pensarmos nos grandes competidores que a liga teve, não os imaginaríamos a tomar esta opção –  o Michael Jordan em Detroit ou em LA para ser campeão? Jamais!

    Esta mudança de cidade representa também dois passos atrás para o jogador de 27 anos: a facilidade com que se aproxima do título é inversamente proporcional  à possibilidade de ser a lenda que poderia ser. A fasquia agora é bem mais elevada: ganhar não chega, nem arrasar deverá chegar… Se quer ser comparado aos melhores de sempre, Kevin terá de participar em algo histórico e dominador. Uma dinastia, um four-peat, algo que leve os adeptos a odiarem e idolatrarem, quase em simultâneo, a sua nova equipa. Algo digno de uma verdadeira lenda.

    Em Oklahoma bastava o título. Depois de fazer parte de toda a história do franchise criado em 2008, liderando as tropas, no primeiro triunfo teria direito a todas as honras, a um lugar eterno na história, e quem sabe uma estátua à porta do pavilhão. Agora já não será o líder da equipa, e o menino bonito da cidade é outro; os holofotes estão bem mais divididos. Durant julga que jogou pelo seguro, mas na verdade tomou uma opção de risco. Mais cedo ou mais tarde o título não lhe fugiria onde estava, e os Warriors nunca serão a sua verdadeira equipa. Poderá conquistar uma prateleira cheia de títulos, mas nenhum tão valioso como seria o primeiro da cidade de Oklahoma. Será lembrado como um dos melhores da sua geração, mas muito dificilmente entrará na galeria das lendas eternas da NBA. Deu um passo rumo à vitória imediata, afastou-se dois da eternidade. Mas eu percebo: o tempo não pára e a cede de vitória urge.

    Foto de capa: Kevin Durant

    Artigo revisto por Mafalda Carraxis

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    João Dinis
    João Dinishttp://www.bolanarede.pt
    As olheiras diárias provam a paixão que tem pela NBA. A emoção de cada jogo e toda a envolvente da liga estão sempre debaixo de olho. Sonha ver os laivos dourados do Larry O’Brien de regresso a Nova Iorque.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.