França 82-87 Estados Unidos: Ouro sobre azul

    A CRÓNICA: NO FINAL É QUE CONTA

    Ao contrário do que se possa ter chegado a pensar, os Estados Unidos revalidaram o título de campeões olímpicos de Basquetebol masculino com uma vitória por 87-82 diante da França.

    Esta foi a quarta medalha de ouro consecutiva da seleção norte-americana e a 16ª no seu historial. Os bleus conquistaram pela terceira vez a medalha de prata.

    A derrota dos Estado Unidos no primeiro encontro da fase de grupos dos Jogos Olímpicos, diante da França, pôs fim a uma série de 25 partidas consecutivas a vencer no torneio.

    O desaire foi suficiente para se generalizar a opinião de que os norte-americanos não iam conseguir chegar ao ouro em Tóquio.

    Ajustada a estratégia e feitas as adaptações ao contexto competitivo, eis que o desempenho dos norte-americanos quis que chegassem à final, onde, após vitórias diante de Irão, República Checa e, já na fase a eliminar, de Espanha e Austrália, viriam a encontrar novamente a seleção gaulesa, com que já em 1948 e 2000 tinham jogado a final.

    A França chegava à decisão do título olímpico invicta. Além da vitória diante dos Estados Unidos, que fez as expectativas subirem ao nível da Torre Eiffel, na fase de grupos os franceses ganharam à República Checa e ao Irão, antes de deixarem pelo caminho Itália e Eslovénia.

    Eliminar a seleção de Luka Doncic não foi tarefa fácil e só com um desarme de lançamento de Nicolas Batum no último instante do jogo o passaporte para a final foi validado.

    O reconhecimento da qualidade existente de parte a parte levou as equipas a entrarem no jogo com muitas cautelas defensivas. A França saiu na frente, graças à obtenção de pontos na área pintada, mas não conseguiu uma vantagem significativa.

    Os lançamentos de média e longa distância dos Estados Unidos começaram a cair, de modo que o parcial no final do primeiro quarto de 22-18 era favorável à equipa de Gregg Popovich.

    No segundo período, Kevin Durant abriu o vasto catálogo de manobras ofensivas e escolheu algumas para penalizar os franceses, terminando a primeira parte com 21 pontos.

    Enquanto que os Estados Unidos executavam bem no ataque, a França ia tendo problemas no manuseamento da bola. Ao fim de 20 minutos jogados, os comandados de Vincent Collet tinham já perdido a bola dez vezes sem lançarem ao cesto, o que, tudo somado, levou a menos 11 tiros do que o adversário.

    Durante a segunda parte, a seleção francesa teria que recuperar de um resultado negativo de 44‑39. No entanto, a Saitama Super Arena continuava a assistir a uma exibição inspirada de Kevin Durant.

    Ao mesmo tempo, o jogo passou a ser jogado a um ritmo acelerado, contornos que convinham aos Estados Unidos, que obtiveram pontos fáceis em contra-ataque.

    Apesar de a vantagem norte-americana ter chegado a estar nos 14 pontos, o marcador indicava 71-63 no final do terceiro quarto.

    Thomas Heurtel teve pouco tempo de jogo e não foi influente nos minutos em que marcou presença dentro das quatro linhas. Vincent Collet procurou outras soluções e Frank Ntilikina trouxe uma nova energia à equipa.

    Mesmo assim, as perdas de bola continuaram a ser penalizadoras e os Estados Unidos não vacilaram nos últimos instantes, fixando o resultado em 87-82. A medalha de ouro mostra que no final é que conta.

     

     

    A FIGURA

    Kevin Durant – Já durante estes Jogos Olímpicos, tornou-se no melhor marcador de sempre dos Estados Unidos na competição, ultrapassando Carmelo Anthony. Nesta final, embora tenha abrandado na segunda parte, esteve extraordinário ao nível do ataque e liderou a equipa na conquista do título.

    Acabou com 29 pontos, seis ressaltos e três assistências. Conquistou, na capital japonesa, a terceira medalha de ouro consecutiva.

     

    O FORA DE JOGO

    Devin Booker – Numa equipa com tanto talento, onde só há uma bola para partilhar por todos, é natural que, por vezes, vejamos jogadores que nos habituaram a dar nas vistas a não terem tanto protagonismo. Foi o que aconteceu com Devin Booker.

    Não conseguiu converter qualquer lançamento de campo, mas, diga-se em sua defesa, não forçou, reconhecendo que, se deixasse os outros brilharem, também ele iria recolher os louros no fim. As faltas pessoais foram um problema difícil de lidar e que se vem tornando crónico.

     

    ANÁLISE TÁTICA – FRANÇA

    Os postes estão bem e recomenda-se que sejam utilizados da maneira que a França o fez. Em vários momentos, utilizou dois jogadores interiores em simultâneo.

    Não é de estranhar que o pintado tenha sido bastante procurado no ataque, fruto da vantagem de centímetros.

    Essas situações eram geradas, principalmente, por bloqueios centrais envolvendo o desfazer para o cesto de Gobert e por isolamentos de Fall na zona do poste baixo. Com a utilização de Gobert e Fall, mas também de Poirier, a superioridade na luta das tabelas também se fez sentir.

    Os franceses procuraram baixar o ritmo do jogo. Ainda assim, os turnovers foram bastante prejudiciais, gerando situações de ataque rápido para os Estados Unidos.

    Para tentar travar o talento do adversário, nada como tentar levar os atacantes para debaixo do cesto, onde contavam com a presença do três vezes Defensor do Ano da NBA, Rudy Gobert.

    Com esta estratégia, obrigaram os adversários a lançamentos mais distantes do cesto e, por isso, em teoria, menos eficazes. O jogador com o inglório objetivo de tentar travar Kevin Durant foi Yabusele.

    5 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Nando de Colo (6)

    Evan Fournier (6)

    Guerschon Yabusele (6)

    Nicolas Batum (5)

    Rudy Gobert (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Frank Ntilikina (6)

    Thomas Heurtel (4)

    Timothé Luwawu-Cabarrot (6)

    Vincent Poirier (-)

    Moustapha Fall (6)

     

    ANÁLISE TÁTICA – ESTADOS UNIDOS

    A capacidade de passe dos três ball handlers e dos restantes elementos do cinco inicial justificava a média de 25,6 assistências por partida – melhor marca do torneio ‑ que os Estados Unidos traziam para a final.

    Era de esperar que a seleção americana reproduzisse esta matriz de jogo de partilha da bola em busca dos melhores lançamentos. Em vez disso, viveram muito de situações de um para um.

    Desta vez, os norte-americanos não puderam abdicar do poste tantas vezes como habitual, dado o poderio da França no jogo interior. Com menos centímetros, mas mais capacidade atlética, os jogadores tentaram aumentar o ritmo do jogo, aproveitando para converterem pontos fáceis.

    Grande parte do ataque passou pelas mãos de Kevin Durant. O jogador dos Brooklyn Nets até começava os ataques longe da bola, mas, sempre que os colegas o descobriam, ele tomava boas decisões para o sucesso da equipa.

    Na defesa, trocaram em todos os bloqueios. Esta estratégia nem sempre resultou na plenitude. Por falta de comunicação entre os defensores, várias vezes os atacantes franceses tiveram lançamentos abertos.

    5 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Jrue Holiday (7)

    Damian Lillard (6)

    Devin Booker (4)

    Kevin Durant (8)

    Bam Adebayo (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Zach Lavine (5)

    Khris Middleton (5)

    Jayson Tatum (8)

    Draymond Green (5)

    Foto de capa: USA Basketball

    Artigo revisto por Gonçalo Tristão Santos

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    Francisco Grácio Martins
    Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
    Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.