Análise das melhores equipas para as Clássicas do «Empedrado»

    JUMBO-VISMA

    Em teoria, tendo em conta o desempenho da equipa nas Clássicas da Flandres em 2022 e a qualidade do plantel, esta é a melhor equipa para enfrentar as míticas colinas e setores empedrados do norte da Bélgica.

    Primeiramente, têm como líder absoluto Wout van Aert, ciclista capaz de vencer em qualquer cenário e que conta com triunfos na Omloop Het Nieuwsblad, na E3 Classic e na Gent-Wevelgem nos últimos dois anos. Em segundo lugar, mantiveram a espinha dorsal de imenso gabarito da equipa de Clássicas de “pavé” que tomou de assalto os muros da Flandres em 2022, constituída por Nathan van Hooydonck, Christophe Laporte e Tiesj Benoot, que seriam claramente líderes indiscutíveis noutras equipas. Para além disso, as “abelhas” da Jumbo, já muito temidas e tremendamente perigosas, viram o seu “enxame” de Clássicas melhorar quantitativamente e qualitativamente de 2022 para 2023, com as contratações de Jan Tratnik, rolador versátil, que dá opções atacantes à equipa; e de Dylan van Baarle, cujo palmarés é suficiente para atestar a sua qualidade, sendo vice-campeão do Tour de Flandres e campeão em título da Paris-Roubaix.

    A Jumbo-Visma terá uma equipa completa em todos os sentidos para a época de Clássicas do paralelo de 2023, com um fora de série sedento por vencer a sua primeira Ronde van Vlaanderen (Wout van Aert), um vencedor de monumentos (Dylan van Baarle), ciclistas polivalentes com talento suficiente para triunfarem em provas de prestígio (Christophe Laporte, Tiesj Benoot e Jan Tratnik), gregários de luxo para esforços prolongados e cirúrgicos (Nathan van Hooydonck e Timo Roosen), jovens capazes de surpreender (Mick van Dijke e Per Strand Hagenes) e um sprinter para chegadas em grupos mais compactos (Olav Kooij).

    INEOS GRENADIERS

    A INEOS, por muitos anos, foi uma formação quase exclusivamente dedicada às disputas pela classificação geral das Grandes Voltas. Com o aparecimento no panorama internacional de alguns jovens que vieram pôr em causa o domínio da equipa nas etapas de montanha, como Tadej Pogacar, Primoz Roglic e Jonas Vingegaard, esta tem vindo a diversificar com maior frequência o tipo de corredores contratados e a investir em jovens com um futuro promissor nas corridas de um dia e não só nas provas por etapas, para que estes aprendam os segredos para se ser competitivo neste tipo de provas com os ciclistas mais experientes da equipa.

    O investimento da INEOS Grenadiers nas Clássicas do empedrado já deu frutos em 2022, pois, independentemente dos resultados, que acabaram por ser bastante positivos, dos quais se destacam a presença de Dylan van Baarle no pódio final da Paris-Roubaix e da Volta à Flandres, os desempenhos foram uma lufada de ar fresco para a competitividade da formação britânica neste tipo de provas para os anos vindouros.

    Este ano, embora tenham perdido a sua principal figura, Dylan van Baarle, terão ainda nas suas fileiras qualidade de sobra. Como coqueluche, a equipa de Dave Brailsford terá o irreverente Thomas Pidcock, que será acompanhado frequentemente por dois jovens muito promissores, que já tiveram a oportunidade de inaugurar o palmarés como ciclistas profissionais: Magnus Sheffield e Ben Turner. A estes três ciclistas, juntar-se-ão com regularidade o explosivo equatoriano Jhonathan Narváez, a mais recente contratação a pensar em terras flamengas, o britânico Connor Swift, e a locomotiva italiana, Filippo Ganna. Por último, o efetivo de Clássicas contará ainda com a presença de dois ciclistas com anos e anos do assunto, Luke Rowe e Michal Kwiatkowski.

    UAE TEAM EMIRATES

    Em termos de profundidade, a UAE deixa um pouco a desejar, mas, por vezes, a superioridade do(s) líder(es) pode ser o suficiente para conquistar provas.

    O líder da equipa em qualquer terreno e prova, Tadej Pogacar, deverá estar ausente da Flandres até meados de de março, preferindo disputar outras competições até essa altura. Nessa altura, deverá competir em uma ou duas Clássicas do empedrado, de forma a ambientar-se melhor à tipologia específica deste tipo de provas, seguindo depois para a Volta à Flandres, com o intuito de se livrar do amargo de boca com que Mathieu van der Poel o deixou em 2022, quando o bateu na sua estreia de uma forma estrategicamente perfeita.

    Em 2023, Tadej Pogacar liderará a fase final da campanha de Clássicas do empedrado da UAE Team Emirates, tal como aconteceu em 2022. Até meados de março, a responsabilidade pela defesa da honra da equipa árabe ficará a cargo de Matteo Trentin, que se exibiu numa forma superlativa na Volta ao Algarve, que terminou no último domingo (dia 19 de fevereiro); e da contratação sonante de inverno, o belga Tim Wellens, que também esteve em grande plano na Vuelta a Andalucia, na qual pôde erguer os braços numa etapa. Os líderes da equipa deverão poder contar com a ajuda preciosa dos irmãos Ivo e Rui Oliveira e, porventura, do dinamarquês Mikkel Bjerg. Em provas em que seja previsível que haja uma chegada num grupo compacto, poderão recorrer aos dois sprinters de serviço da equipa, Juan Sebastián Molano e Pascal Ackermann.

    ALPECIN-DECEUNINCK

    A Alpecin, equipa dirigida pelos irmãos Roodhooft, deposita mais uma vez as suas esperanças do êxito na temporada de Clássicas sobre os ombros do insubstituível Mathieu van der Poel.

    O já duas vezes vencedor da Ronde van Vlaanderen costuma aparecer nos grandes momentos, sendo a Bélgica um dos seus territórios prediletos, onde deverá ser acompanhado por fiéis escudeiros, contratações da nova época e ciclistas de qualidade, para cobrir outro tipo de cenários menos ofensivos.

    A Alpecin-Deceuninck, sendo uma equipa quase exclusivamente vocacionada para as Clássicas e para as provas que culminam em sprint, está na Flandres como o peixe na água. O líder, Mathieu van der Poel, será ladeado por alguns companheiros de equipa de longa data (Dries de Bondt e Gianni Vermeersch) e poderá tirar proveito tático da presença de algumas “caras novas” que correrão a seu lado (Quinten Hermans, Axel Laurence e Soren Kragh Andersen). Como garantia de disputa pelos triunfos nas Clássicas em caso de ofensivas fracassadas de Van der Poel e dos companheiros mais aventureiros, a equipa tem em Jasper Philipsen um velocista de confiança que passa bem dificuldades de curta duração.

    SOUDAL-QUICK STEP

    A Quick Step teve um ano para esquecer em 2022, no que às Clássicas do empedrado diz respeito, com uma única vitória na Kuurne-Bruxelles-Kuurne e querem fazer rapidamente esquecer essa época desastrosa. Para isso, tentarão ressuscitar as táticas predadoras dos “lobos”, que durante décadas tiveram sucesso.

    Nos últimos dois anos, as principais equipas têm vindo a fortalecer os seus blocos para enfrentarem os desafios da Flandres de forma mais segura taticamente e algumas delas têm grandes líderes, situação que não se reflete, de momento, na formação belga, que tem um coletivo forte, mas cuja superioridade já não é notória, como outrora chegou a ser.

    O “Wolfpack” terá, indubitavelmente, de fazer novamente da união a sua principal arma para flanquear os adversários, munindo-se de uma “autêntica máquina de trabalho extensivo” (Tim Declercq), de  classicómanos de elite e/ou promissores (Yves Lampaert, Kasper Asgreen, Florian Sénéchal, Davide Ballerini e Casper Pedersen), de uma superestrela que procura restaurar a sua glória, na Flandres (Julian Alaphilippe) e, com confiança, nas capacidades de finalização dos seus sprinters de grande calibre (Tim Merlier e Fabio Jakobsen).

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    Miguel Monteiro
    Miguel Monteirohttp://www.bolanarede.pt
    O Miguel é um estudante universitário natural do Porto, cuja paixão pelo desporto, fomentada na infância pelos cromos de Futebol que recebia e colava nas cadernetas, considera ser algo indescritível. Espetador assíduo de uma multiplicidade de desportos, tentou também a sua sorte em algumas modalidades, sem grande sucesso, tendo encontrado agora na análise desportiva uma oportunidade para cultivar o seu amor pelo desporto e para partilhar com os demais as suas opiniões, nomeadamente de Ciclismo, modalidade pela qual nutre um carinho especial.