Campeonatos do Mundo de Ciclismo de Estrada – Mixed Relay TTT: Campeões previsíveis e surpresa caseira

    Depois de uma relativamente curta existência, os Campeonatos do Mundo de Contrarrelógio coletivo por equipas de marca chegaram ao fim e foram substituídos por um evento por seleções e em estafeta com parte masculina e feminina.

    Diga-se que as reações a esta mudança foram mistas, mas a maioria mostrou-se contra, preferindo quando os eventos eram disputados pelas equipas de marca. As regras também são diferentes do habitual e o evento fica desde logo marcado pelas poucas seleções presentes e por situações questionáveis como a vontade de certos atletas de participar no evento para poderem competir em equipa com o seu par amoroso.

    As primeiras quatro seleções a partir para a estrada mostraram-se de forma bem diferente. A equipa multinacional do Centro Mundial de Ciclismo ganhou experiência, mas nunca pareceu capaz de um bom resultado. A Espanha mostrou-se sólida no lado feminino, mas completamente dependente de Castroviejo num exercício masculino em que foi gigante a diferença de qualidade entre os três ciclistas presentes. A Bélgica foi razoável nas duas voltas, mas sem brilhar. O mesmo não pode ser dito do Reino Unido. Aproveitando ciclistas fortes na pista num percurso em que cada volta era relativamente curta, os ciclistas da casa dominaram de longe a primeira ronda e passaram a estar na frente com uma vantagem sólida.

    Com Tratnik e Pogacar, a Eslovénia abriu a segunda vaga de equipas minimizando as perdas, mas o trio feminino, todo da BTC Ljubljana, não conseguiu estar à altura e acabou por ceder bastante tempo. A Suíça também esteve perto no lado masculino (numa estratégia de pistards semelhante à britânica) e o trio liderado por Marlen Reuser preparava-se para fazer ainda melhor e passar a liderar a corrida quando um furo para Chabbey deitou tudo a perder e ditou uma derrota desapontante.

    Já a França, nunca pareceu perto das melhores provisórias e acabou por terminar com um tempo semelhante ao suíço. A Dinamarca, oitava equipa na estrada, esteve sem grande brilhantismo na primeira volta e viu a segunda volta também prejudicada por um problema mecânico de Leth, terminando bastante longe da frente.
    Harry Tanfield liderou o Reino Unido para um surpreendente bronze
    Fonte: Yorkshire 2019
    Finalmente, saíram as três principais candidatas: Itália, Alemanha e Países Baixos.

    O sprinter Viviani, o contrarrelogista Affini e o versátil Martinelli comandaram a primeira parte italiana e deixaram a quadra azzurra em boa posição, dando a Cecchini, Guderzo e Longo Borghini apenas um par de segundos para recuperar face às britânicas. As italianas estavam a caminho da prata quando a mais forte das três, Elisa Longo Borghini, teve um furo e perseguiu a solo e de forma incrível a tentar recuperar contacto com as colegas, que iam perdendo segundos face às britânicas e arriscavam-se a perder a medalha. Finalmente, Cecchini e Guderzo esperaram por Borghini, mas tarde demais e nem um esforço incrível da leoa italiana evitou uma derrota surpreendente.

    Para a Alemanha, Pollit, Martin e Sutterlin formavam o mais formidável conjunto em prova do lado masculino, mas desiludiram bastante e perderam vários segundos para as restantes equipas. O trio feminino de Kroger, Brennauer e Klein não se deixou abater por isso e fez uma corrida muito solida, garantindo a prata.

    Últimos na estrada, os Países Baixos contavam com Mollema, Bouwman e van Emden para deixarem as mulheres em posição de atacar a vitória, mas o trio fez ainda melhor e a meio da corrida os laranjinhas já lideravam por mais de duas dezenas de segundos. Brand, Markus e Pieters também não facilitaram e confirmaram a previsível subida ao lugar mais alto do podium para os Países Baixos.

    Como nota final, resta dizer que foi um evento interessante de acompanhar, mas que ficará sempre a perder pela tão parca participação, quer em número de seleções representadas, como na qualidade dos ciclistas presentes.
    1. Países Baixos (van Emden, Mollema, Bouwman, Brand, Markus, Pieters) 38:27
    2. Alemanha (Martin, Pollit, Sutterlin, Kroger, Brennauer, Klein) +0:23
    3. Reino Unido (Dolan, Henderson, Lowden, Tanfield, Bigham, Archibald) +0:51

     

    Foto de Capa: UCI

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