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Stunning scenery as we ride the Stelvio with the @giroditalia peloton 🏔️
Jump on board with us for Stage 18 highlights!
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🇮🇹#Giro pic.twitter.com/QiMebfP8mK— Velon CC (@VelonCC) October 22, 2020
Jay Hindley (Pinzolo – Laghi di Cancano) – A 18ª etapa do último Giro d´Itália coincidiu com uma explosão mediática em solo português face à prestação majestosa de João Almeida e Rubén Guerreiro – que deu um grande passo rumo à camisola da montanha – ao longo de toda a competição.
Podemos olhar para o tão ansiado dia – com o Passo del Stelvio no perfil – de duas maneiras: a etapa onde João Almeida, após 15 dias de rosa, deixou a liderança do Giro; ou o dia em que João Almeida, em estreia numa grande volta, fez sétimo lugar numa etapa que teve o imponente Stelvio, demonstrando qualidades essenciais para se cimentar como um atleta propenso a liderar uma prova de três semanas no futuro.
De uma coisa é certa, o expoente máximo da renovada vibração portuguesa no que concerne ao ciclismo nacional deu-se neste dia e ao longo dos 25 quilómetros até ao topo desta lenda das subidas. João Almeida partiu de camisola rosa mas cedo começou a sentir dificuldades, colocando o seu ritmo de forma inteligente, dada a pendente constante e a os ainda muitos quilómetros de subida. Na frente, sobressaíam duas duplas, Rohan Dennis e Tao Geoghegan Hart da Ineos Grenadiers e Wilco Kelderman e Jay Hindley da Team Sunweb. A certa altura, o melhor colocado dos quatro, Kelderman, começou a perder o contacto devido à incapacidade para seguir o ritmo de um surpreendente Rohan Dennis.
Inacreditavelmente para uns, justificado para outros, Hindley não esperou pelo seu colega de equipa, que registou uma perda de 46 segundos no alto do Stelvio e quando ainda faltavam dezenas de quilómetros para o final da etapa. A decisão foi muito debatida, quer pelo contrarrelógio final em Milão, onde Kelderman teoricamente sairia beneficiado, quer pela distância de Hindley para o seu companheiro de equipa na geral e, ao mesmo tempo, a incapacidade para dobrar o talento inglês nas pendentes mais íngremes e o possível “handicap” no contrarrelógio da última etapa, que, no papel, Kelderman não sentiria frente a Tao Geoghegan Hart.
Na última montanha a ultrapassar, as forças entre os dois mais fortes da equipa alemã e da equipa britânica – Hindley e Tao – foram de tal ordem semelhantes que levaram a decisão para a linha de meta, sendo o jovem trepador australiano a sair vencedor no 1vs1. João Almeida perdeu a possibilidade de lutar pelo primeiro lugar da geral, mas conseguiu manter-se entre os melhores, tornando o top 5, naquele dia, mais do que possível.
Em suma, foi possível assistir a um grande espetáculo de ciclismo, observar decisões táticas suscetíveis de opiniões contrárias e um sentimento de proximidade com a modalidade dada a magnífica prestação dos dois portugueses ao longo da prova. Pelo acumular destas razões, é seguro dizer que estivemos talvez perante a etapa de alta montanha mais dramática e intensa do ano de 2020, isto do ponto de vista do adepto português.