Ciclismo Nacional em 2022 #1

[parte 1]

VOLTA A PORTUGAL

O grande objetivo das equipas portuguesas é este. É a corrida que oferece maior exposição dos patrocinadores e é a maior montra para o público português.

A 83.ª edição da Volta Portugal começou em Lisboa, com o prólogo de abertura a ser tomado por Rafael Reis. Nada de anormal, visto que é o melhor contrarrelogista português a atuar em Portugal. Maurício Moreira colocava-se, logo ao primeiro dia, em boa posição para assumir a amarela, a apenas nove segundos de Rafael Reis.

Ao segundo dia, chegada expectável ao sprint, em Elvas. Um sprint em pelotão foi o “menu do dia”, com o desconhecido Scott Mcgill (Wildlife Generation Pro Cycling) a bater Oliver Rees na meta.

No dia seguinte, saída de Badajoz, em Espanha, rumo a Castelo Branco. Foi tudo decidido, novamente, ao sprint. João Matias impôs-se perante Scott Mcgill e levava a primeira vitória para a Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados.

Na terceira etapa surgiam as grandes dificuldades. Saída da vila da Sertã, com destino final o Alto da Torre. Dia de algum calor e com uma grande dificuldade no final da etapa, com a subida a ser feita pelo lado da Covilhã. No final só restaram três homens para discutir a vitória: Maurício Moreira, Frederico Figueiredo e Luís Fernandes. Acabaria por ser mesmo o uruguaio a festejar, depois de ter sido o mais rápido no sprint final. Alguns quilómetros antes, a jogada tática da Glassdrive Q8 Anicolor tinha sido um pouco duvidosa, visto que Frederico Figueiredo estava isolado na frente, e se o seu colega não tivesse atacado talvez tivesse ganho a etapa e a amarela neste dia. Maurício Moreira assumiu a camisola amarela, seguido pelo seu colega Frederico a 30 segundos, e por Luís Fernandes a 31 segundos.

Etapa com ligação entre as cidades da Guarda e Viseu, antes do dia de descanso. Nova chegada ao sprint, novo triunfo para Matias! A luta pela camisola verde fervia, pois Scott Mcgill acabaria em segundo lugar. Ou seja, ambos os corredores tinham 104 pontos na classificação.

A etapa cinco era marcada pela chegada inédita ao Observatório de Vila Nova, em Miranda do Corvo. Uma etapa para os homens da geral fazerem as diferenças. Frederico Figueiredo atacou nas rampas mais duras e mais ninguém o agarrou. Em segundo lugar terminaria Henrique Casimiro (Efapel) a 37 segundos, seguido por Luís Fernandes e Maurício Moreira. Dava-se a troca de camisola amarela entre os colegas de equipa, com Frederico a assumir a liderança.

Sexta etapa, ligação entre Águeda e Maia, novo dia para os sprinters poderem ir lutar pela camisola verde. Desta vez foi mesmo o norte-americano Scott Mcgill a bater o português João Matias. Duas vitórias para cada, mas o ciclista da Wildlife Generation levava vantagem na questão dos pontos, passando a ter mais seis.

A etapa de Santo Tirso-Braga podia ter vários desfechos. Acabou por ter um que ainda não tinha acontecido, a vitória da fuga! De um grupo numeroso, o mais resiliente acabou por ser Luís Gomes (Kelly/Simoldes/UDO) que conseguiu ganhar vantagem em relação aos seus colegas de fuga na altura fulcral da etapa, antes do topo final da subida ao Sameiro. Ninguém o conseguiu agarrar mais até à meta.

O triunfo na etapa oito acabaria por ser alcançado por um ciclista que atacou a cinco quilómetros do final. O monegasco Victor Langellotti (Burgos-BH) acelerou e conseguiu surpreender todo um pelotão! Maurício Moreira acabaria em segundo, seguido por Mcgill em terceiro. Os dois principais intervenientes da luta pela camisola verde tinham andado alguns dias em fuga, com João Matias a ter andado escapado neste dia, mas o norte-americano esperou no pelotão e, praticamente, selava aqui a classificação.

O dia seguinte com a etapa-rainha, para muitos, a mítica etapa da Senhora da Graça! O que aconteceu no final foi o chamado “um, dois, três” da Glassdrive Q8 Anicolor. Os três homens do pódio eram da mesma equipa. Alejandro Marque (Atum General/Tavira/Maria Nova Hotel) viria em quarto. A vitória seria para António Carvalho, após muito ter trabalhado em outras etapas. Frederico Figueiredo partia para o último dia com sete segundos de vantagem para o seu colega Maurício. Depois deste dia, a grande dúvida seria perceber se António Carvalho conseguia ultrapassar Luís Fernandes, na luta pelo terceiro posto.

Dia final, com o contrarrelógio habitual, desta vez com chegada a Vila Nova de Gaia. O uruguaio da Glassdrive quis tirar com todas as dúvidas sobre quem era o mais forte e venceu o crono, com 21 segundos de diferença para o seu colega António Carvalho. Marque fecharia em terceiro, a 1m05s.

Isto queria dizer que o pódio final era composto por elementos da mesma equipa. Maurício Moreira em primeiro, seguido por “Fred” a 1m09s, e António Carvalho a 2m35s.

Uma Volta a Portugal algo atípica em termos de desfecho. Foi uma Volta de sonho para a equipa Glassdrive Q8 Anicolor, para além da classificação por equipas que dominaram desde o primeiro dia, venceram ainda cinco etapas, a camisola amarela e a montanha por intermédio de F.Figueiredo. Exibição titânica.

Notas para as boas exibições de Scott Mcgill e de João Matias, que tiveram a luta mais emocionante desta Volta. Jokin Murguialday destacou-se também, vencendo a classificação da juventude. Um nome interessante e que no próximo ano irá rumar a uma equipa portuguesa é o de Barry Miller. Esteve imiscuído por várias vezes na fuga e é um “bom sofredor”.

Esta foi uma “Volta de despedidas”, com Tiago Machado e Alejandro Marque a decidirem que chegou a hora de pendurar a bicicleta a nível profissional. Dois ciclistas que deram muito ao ciclismo nacional.

Redação BnR
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