A última etapa em linha não era para brincadeiras. A chegada mítica à Srª da Graça já é um ex-líbris da Volta a Portugal e a dureza é uma característica bem patente nas chegadas ao alto do Monte Farinha.
Cerca de 133,5 quilómetros entre Fafe e o alto da Srª da Graça em Mondim de Basto. Uma etapa com várias contagens de montanha, com uma subida de quarta categoria, 1200 metros a 7,6% e uma segunda categoria com 13,5 quilómetros a 3,4%, a prepararem os ciclistas para o que estava para vir. Nas três últimas subidas, os corredores teriam três primeiras categorias: Alto da Barra (13,3 quilómetros a 5,8%), a subida no Barreiro (9,9 quilómetros a 6,5%) e a Senhora da Graça (8,3 quilómetros a 7,2%).
Etapa duríssima com espetáculo garantido. Nos últimos dois anos, foi Raúl Alárcon (W52-FC Porto) quem venceu na chegada ao alto. O último português a ter ganho aqui foi Filipe Cardoso em 2015. Este ano foi o ciclista da equipa portista, António Carvalho, quem foi o mais forte na subida final.
Era uma etapa que já se esperava que fosse complicada com a Efapel a ter que assumir o controlo do pelotão praticamente todo o dia. As táticas começaram a ser implementadas desde cedo, com a W52-FC Porto a inserir na fuga do dia alguns dos seus homens, no caso, António Carvalho e Ricardo Mestre. A fuga era numerosa, com onze ciclistas, com muitas equipas representadas.
Entretanto nesta etapa houve a desistência de um dos principais candidatos à vitória na Volta a Portugal. De Mateos, líder da Aviludo-Louletano estava apenas a 34 segundos da liderança, no quarto lugar, mas teve que abandonar devido a uma indisposição.
Também houve uma queda relevante que fez abandonar quatro ciclistas: Julen Amezqueta (Caja-Rural), Lukas Ruegg (Swiss Race Academy), Diego Lopez (Equipo Euskadi) e Unai Cuadrado (Equipo Euskadi), este último era o líder da camisola branca da juventude.
Luís Gomes, que ia na frente, aproveitava para garantir a sua camisola da montanha, amealhando pontos para a mesma.
Lá atrás, a cada subida que era ultrapassada, o grupo ia ficando reduzido. Edgar Pinto (W52-FC Porto) estava irrequieto e atacou por várias vezes, mas sempre com resposta de Henrique Casimiro (Efapel) e dos homens da Boavista.
Foi um ‘rompe pernas’ para os ciclistas a passagem pela subida do Barreiro, onde encontraram várias zonas de empedrado, o que dificultava o controlo da bicicleta. Com o aproximar da subida final, a Efapel estava reduzida a dois elementos, visto que apenas restava o camisola amarela com a companhia de Casimiro.
Lá na frente seguiam António Carvalho e Luís Fernandes (Aviludo-Louletano), que isolaram-se do restante grupo fugitivo e procuravam atingir o sucesso na etapa. Os favoritos aproximavam-se e o ciclista do Porto decidiu seguir a solo.
Existiram poucas mexidas no grupo principal durante a subida, visto que as forças já estavam a ser controladas para a fase final. Jóni Brandão decidiu atacar no último quilómetro, sempre com João Rodrigues na sua roda. Lá na frente, António Carvalho ia olhando para trás para perceber a distância que tinha dos perseguidores. Parecia que estava mesmo a ser apanhado, quando foi buscar forças à “reserva” e deu um impulso suficiente na sua bicicleta, permitindo-lhe ser o primeiro, na chegada à Srª da Graça.
João Rodrigues nos metros finais ultrapassou Jóni, conseguindo recuperar aquele segundo de vantagem que Jóni tinha sobre ele. O camisola amarela acabou em terceiro, a dois segundos de Carvalho.
Gustavo Veloso terminou a etapa em nono lugar, a 24 segundos do vencedor e a 22 segundos de Brandão. Tornando-se uma tarefa complicada para o espanhol, a vitória nesta edição da Volta.
Na geral individual, Jóni continua líder, mas tem o mesmo tempo de João Rodrigues, sendo o desempate feito pelos centésimos de segundo do prólogo que abriu a Volta, em Viseu. Gustavo Veloso segue na terceira posição a 40 segundos da liderança.
Sendo assim, a decisão será feita no dia de amanhã, no contrarrelógio final, que ligará Vila Nova de Gaia à cidade do Porto.
No ano passado, o contrarrelógio final em Fafe foi ganho por Vicente De Mateos, em segundo lugar ficou João Rodrigues, com 21 segundos de perda. Jóni Brandão ficou no quarto lugar a 36 segundos de Vicente, com uma perda de 15 segundos para João Rodrigues.
Nas restantes classificações da Volta a Portugal, Daniel Mestre e Luís Gomes apenas precisam de terminar a prova para garantirem as suas respetivas conquistas, a camisola dos pontos e a camisola da montanha, respetivamente. Emanuel Duarte (LA Alumínios- LA Sport) reconquistou a liderança da camisola da juventude e a Rádio Popular Boavista continua na liderança da classificação por equipas.
Top 10 da etapa 9:
1º lugar- António Carvalho (W52-FC Porto) 3h:49m:12s
2º lugar- João Rodrigues (W52-FC Porto) +0:01s
3º lugar- Jóni Brandão (Efapel) +0:02s
4º lugar- João Benta (Rádio Popular Boavista) +0:07s
5º lugar- Frederico Figueiredo (Sporting-Tavira) m.t
6º lugar- David Rodrigues (Rádio Popular Boavista) m.t
7º lugar- Edgar Pinto (W52-FC Porto) +0:09s
8º lugar- Danilo Celano (Amore & Vita) +0:23s
9º lugar- Gustavo Veloso (W52-FC Porto) +0:24s
10º lugar- Cristhian Montoya (Medellin) +0:48s