Num dia recheado de chuva, o percurso entre Leeds e Harrogate não se adivinhava fácil. Houve uma alteração em relação ao percurso original, ao qual foram retiradas duas subidas iniciais e trocadas por mais duas passagens na meta em Harrogate. No fim, a vitória foi dinamarquesa. Pela primeira vez, iremos ter um campeão do mundo na modalidade da Dinamarca! Sendo este um feito inédito para este país nórdico.
A fuga inicial foi marcada com muita gente importante, tendo nomes como: Roglic (Vencedor da Vuelta), Carapaz (Vencedor do Giro) e Quintana. O pelotão liderado essencialmente por Bélgica, França e Espanha manteve sempre uma vantagem confortável para não permitir muitos avanços da fuga.
Philippe Gilbert foi um dos azarados do dia, sendo obrigado a parar e a necessitar da ajuda dos seus companheiros de seleção. Teve a preciosa ajuda do miúdo Evenepoel após a queda, mas nem assim o fez recolar na frente, acabaram ambos por desistir. Valverde e Lutsenko desistiram também, deitando por terra as grandes aspirações que traziam.
A fuga teve o seu fim, mas deu origem a novos ataques. Lá na frente formou-se um grupo novo com: Moscon, Teunissen, Pedersen, Kung e Craddock, com Nils Politt a tentar chegar também, quando faltavam cerca de 60 quilómetros para o final. O holandês da Jumbo Visma, Teunissen e o americano Craddock a acabarem por ceder, contudo, os restantes elementos mantiveram um bom ritmo para o pelotão.
Com o pelotão por perto, o holandês Mathieu Van der Poel, acabou por atacar e levar na roda Matteo Trentin. Juntaram-se aos da frente e procuraram obter a melhor colaboração. Quando tudo parecia bem, numa zona mais durinha, um dos favoritos desiludia, Van der Poel “estoirou o motor” e fez marcha-atrás em direcção ao pelotão.
Nos últimos quilómetros, o italiano Moscon acabou por ficar para trás também, deixando apenas três homens na frente.
Pedersen e Kung trabalhavam bastante na frente para manter as diferenças para os que vinham atrás. No final, quando tudo esperava por uma vitória de Trentin, visto que era teoricamente o melhor sprinter, o dinamarquês acabou por responder bem ao sprint lançado pelo italiano e arrecadou o lugar mais alto do pódio. Kung era o pior no sprint e fechou com o bronze.
Esta é a vitória mais importante da carreira de Mads. Com 23 anos, o ciclista da Trek-Segafredo já veste a camisola de campeão do mundo, alcançando apenas a sua segunda vitória do ano, mas esta valeu por muitas, com toda a certeza!
A Dinamarca está a destacar-se no panorama internacional, visto que já tinha ganho com Mikkel Bjerg no escalão de sub-23, o contrarrelógio individual. Bjerg que é pela terceira vez consecutiva, campeão do Mundo de contrarrelógio neste escalão, é obra!
Peter Sagan destacou-se do grupo dos favoritos no final, para acabar no quinto lugar. O primeiro a chegar do “pelotão” foi Kristoff, com 1m:10s de atraso, mesmo tempo que Rui Costa.
No final da prova, apenas 46 ciclistas terminaram a prova. Os portugueses Nélson Oliveira, Rui Oliveira, José Gonçalves e Rúben Guerreiro não terminaram a prova. Este último foi o escudeiro principal de Rui Costa, desistindo já na parte final da corrida. O melhor classificado da seleção das quinas foi Rui Costa terminando na 10ª posição, mesmo lugar do ano transato. É a quarta vez que terminou dentro dos dez melhores em provas do campeonato do mundo.
Top 10 do Campeonato do Mundo:
1.º lugar- Mads Pedersen (Dinamarca) 6h:27m:28s
2.º lugar- Trentin (Itália) m.t
3.º lugar- Stefan Kung (Suiça) +0:02s
4.º lugar- Gianni Moscon (Itália) +0:17s
5.º lugar- Peter Sagan (Eslováquia) +0:43s
6.º lugar- Michael Valgren (Dinamarca) +0:45s
7.º lugar- Alexander Kristoff (Noruega) +1m:10s
8.º lugar- Greg Van Avermaet (Bélgica) m.t
9.º lugar- Gorka Izaguirre (Espanha) m.t
10.º lugar- Rui Costa (Portugal) m.t
Foto de Capa: Yorkshire Worlds
artigo revisto por: Ana Ferreira