Mauricio Moreira: O “menino” que sonha ser tão grande quanto o pai

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    O seu nome ecoa, nas últimas semanas, nos ouvidos dos portugueses. É o novo vencedor da Volta a Portugal em Bicicleta mas, até à temporada passada, era um perfeito desconhecido para a maioria dos portugueses e dos amantes de ciclismo.

    Mauricio Moreira nasceu em Salto, a 18 de julho de 1985. É filho do antigo ciclista Federico Moreira – que representou o país em dois Jogos Olímpicos – e desde cedo quis seguir as pedaladas do seu pai. Esteve emigrado no Brasil e abandonou, em tenra idade, a escola. O motivo: queria perseguir o seu maior sonho, ser ciclista. Nunca desistiu desse objetivo e, para isso, teve de emigrar para a Europa.

    Chegou a Portugal pela mão da equipa então denominada de Efapel como um desconhecido, sem currículo ou provas de valor. A juntar a isso, alinhava numa equipa amadora espanhola, o Vigo-Rías Baixas, depois de ter tido uma passagem menos boa pela Caja Rural.

    Cedo, o “pequeno” Mauricio tratou de se apresentar. Na Volta ao Alentejo precisou apenas de um dia para se apresentar aos portugueses e conquistar a prova. Na primeira edição do Grande Prémio Douro Internacional, repetiu igual feito, ao bater José Neves (W52-FC Porto) e Tomás Conte (Louletano/Loulé Concelho).

    É caso para dizer: foi chegar, ver e vencer. Ainda assim, faltava demonstrar todo esse valor na maior prova velocipédica nacional: a Volta a Portugal em Bicicleta. A prova há muito que era dominada por uma única equipa. A formação do Sobrado, denominada por W52-FC Porto, havia conquistado as oito edições anteriores da prova e tinha, claramente, a melhor equipa portuguesa.

    No mítico prólogo de Lisboa, pulverizou autenticamente toda a sua concorrência e terminou na segunda posição, a apenas 11 segundos do especialista Rafael Reis. O início prometia e Mauricio Moreira deixava excelentes indicadores para os restantes dez dias, ainda para mais numa prova que contava com cinco chegadas em alto e muita montanha.

    Ao longo dessa Volta, Mauricio Moreira foi, claramente, o melhor ciclista em competição, mas acabou por não levantar os braços no final, em Viseu. A justificação prende-se com dois momentos: o primeiro aconteceu logo ao quarto dia da competição, na mítica chegada ao alto da Torre, Mauricio até terminou na segunda posição mas, no final, recebeu duas penalizações, num total de 40 segundos, por abastecimento irregular; o segundo momento, remonta ao último dia da competição, no contrarrelógio em Viseu, altura em que, a cerca de cinco quilómetros da meta, o uruguaio saiu de estrada, passou por cima de uma cerca e só parou no chão, numa fase em que estava com um tempo praticamente igual ao do vencedor Amaro Antunes.

    Findas as contas, Mauricio Moreira terminou a competição a dez segundos do algarvio. Sem a penalização e/ou a queda, teria conquistado a edição 82 da “Grandíssima”.

    Já em 2022, Mauricio Moreira não começou o ano da melhor maneira. Testou positivo à Covid-19 no início da temporada e depois de mudar de bicicleta e de sapatos, contraiu uma lesão no joelho direito. Falhou a revalidação da “Alentejana” e não se sabia em que patamar chegava à Volta a Portugal. Mas, claro está, nunca desistiu.

    O que é certo é que o uruguaio não lidou bem com o papel de líder da agora Glassdrive Q8 Anicolor. Não foi o melhor ciclista em toda a prova – ainda assim venceu no Alto da Torre – e contou com um coração de todo o tamanho do seu companheiro Frederico Figueiredo, que lhe aliviou a pressão e “deu-lhe” a vitória na Senhora da Graça.

    O sonho nunca o abandonou, a luta esteve sempre lá e, em 15 de agosto último, Mauricio Moreira mostrou ao seu pai e a todos os portugueses que também é capaz de vencer. No final, na cidade do Porto, Frederico Figueiredo e António Carvalho, da sua equipa, completaram o pódio a 1.09 minuto e 2.35 minutos, respetivamente.

    Depois do feito, o pai viajou para Portugal, para estar perto do filho e comemorar a importante conquista. A resposta foi, como tem sido apanágio na sua carreira, dada na estrada.

    No arranque do 31.º Grande Prémio JN – que à data da publicação deste artigo ainda decorre – “Mauri” pulverizou a concorrência e venceu o contrarrelógio realizado na Figueira da Foz, em que contou com o apoio especial do pai no carro da sua equipa. Os rivais da Efapel ficaram a mais de 15 segundos de distância, no esforço de apenas 11,5 quilómetros.

    A conquista da Volta deu-lhe “asas” e Mauricio promete continuar a voar. O sonho não fica por aqui, afinal, o objetivo é ser tão grande quanto o seu pai.

    Foto de Capa: Volta a Portugal

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    Tiago Alexandre
    Tiago Alexandrehttp://www.bolanarede.pt
    O Tiago nasceu em Abrantes e, atualmente, estuda em Portalegre, cidade para onde partiu em busca do seu sonho no meio do Jornalismo. Está ligado ao Desporto desde sempre e gosta de rebater as suas opiniões até à última. O Ciclismo e o Futebol - não o 'jogo da bola' - são as suas paixões, sem nunca descurar o Hóquei em Patins, o Futsal e o brilhante mundo dos Esports.