O Melhor Ciclista do Ano (Internacional e Nacional) 2017

    Cabeçalho modalidadesPor favor, vamos meter as polémicas e as suspeições de parte, sim? Considerando o que foi o ano de Froome, era difícil dar esta “distinção” a outro que não o britânico, principalmente, entre outros fatores, por ter conseguido realizar um feito incrível ligado ao facto de ter vencido duas Grandes Voltas seguidas num só ano.

    A temporada do britânico até não começou com grandes destaques. Esteve no top’10 de uma prova na Austrália e depois foi para Espanha (Volta à Catalunha), onde até podia ter conquistado 2 etapas, não fosse a BMC (no contrarrelógio coletivo) e Valverde a tirarem-lhe essa possibilidade. Quando se previa que fosse disputar a vitória até ao fim, acabou por ficar muito para trás numa etapa importante e apenas esteve perto de levar a camisola da montanha para casa, que também acabou por ir para Valverde.

    Depois esteve no Tour de Romandie e voltou a estar discreto, apenas mostrando um pouco da sua qualidade no contrarrelógio individual. A partir daí é que começámos a ter um Froome mais normal, principalmente pela proximidade do Tour e da sua preparação estar a ir ao encontro dessa mesma prova.

    O Critérium du Dauphiné demonstrou já um Chris Froome mais em forma e preparado para o Tour que iria ter. Notou-se que não estava no pico de forma – expectável – mas já conseguiu realizar uma corrida muito mais constante e esteve quase no pódio final, ficando com o quarto lugar na geral a apenas 1 segundo do terceiro classificado.

    E chegou o Tour de France e com ele novamente um domínio da Sky e de Froome. Mesmo não tendo ganho qualquer etapa, foi muito mais regular do que qualquer outro e aproveitou o contrarrelógio no final da prova para selar qualquer dúvida que houvesse. Uran foi o seu rival mais próximo, algo que nem se previa no início da prova. Aliás, a restante concorrência ficou a mais de 2 minutos de distância, sendo que a Sky ainda se deu ao “luxo” de ter um homem em quarto lugar (a 1 segundo do pódio!) e outro no top’15, vencendo igualmente e confortavelmente a classificação por equipas.

    Após a sua quarta vitória – e terceira seguida – na Volta à França, um ciclista “normal” já poderia estar plenamente satisfeito e ter a época quase feita, mas a verdade é que um ciclista como Froome tem sempre objetivos mais elevados e para se juntar definitivamente às lendas do ciclismo precisa de realizar ainda registos mais incríveis, não só em termos de palmarés como também em termos de recordes.

    Froome juntou mais um Tour à sua conta pessoal e depois ainda conseguiu vencer a Vuelta
    Fonte: express.co.uk

    Assim foi e assim partiu o britânico para uma aventura em Espanha que o fizesse “vingar” finalmente os segundos lugares de 2016, 2014 e 2011. Após um contrarrelógio coletivo dentro das expetativas e que permitiu um bom começo de prova, Froome foi reagindo bem aos acontecimentos e, mais uma vez, não só demonstrou ser o mais regular (a “pior” classificação dele, em todas as etapas, foi 32.º e foi numa etapa que terminou com a vitória de uma grande fuga), como também conseguiu juntar vitórias em etapa à sua vitória na geral.

    Bateu toda a concorrência numa etapa com chegada no alto e depois nem deu hipóteses no longo CR que houve, conseguindo ganhar ainda mais tempo a todos os adversários. Este tipo de provas, geralmente, são ganhas por quem é mais “all-rounder” e Froome, neste momento, demonstra ser o melhor de todos – Tom Dumoulin, por exemplo, até já mesmo durante este ano, poderá ameaçar isso se realmente se comprovar a sua boa evolução.

    Desde … que ninguém vencia de forma consecutiva uma Grande Volta e Froome fê-lo em pleno 2017. Para terminar o ano em grande, conseguiu duas medalhas de bronze nos Mundiais. A primeira foi com a equipa e a segunda foi de forma individual, onde por pouco não foi surpreendido pelo português Nélson Oliveira, que fez uma excelente prova e ia ficando com o último lugar no pódio.

    Para a próxima época, o grande objetivo de Froome é conquistar outra dobradinha diferente: Giro e Tour. Infelizmente, neste momento, ainda não é possível saber se isso realmente irá ser concretizado, devido às polémicas existentes e que já foram esmiuçadas o suficiente para voltar a estar aqui a colocá-las. Até prova em contrário, Froome foi “rei e senhor” em 2017 e prepara-se para voltar a tentar sê-lo em 2018. Veremos se ele e a Sky voltarão a estar ao nível desejável para mais feitos incríveis no ciclismo mundial.

    Por fim, Chris Froome terminou então este 2017 com o segundo lugar no ranking da UCI, apenas superado pelo belga Greg van Avermaet. Num possível pódio em termos de melhores ciclistas do ano, completaria o mesmo com a presença em segundo lugar do (tri)campeão do mundo Peter Sagan (mais um excelente ano para um dos ciclistas mais entusiasmantes e confiantes do mundo – só lhe faltou ter destaque em Grandes Voltas, sendo que foi desclassificado do Tour no dia após ter vencido a primeira de algumas etapas das quais se esperava que Sagan vencesse) e em terceiro lugar ficaria o fortíssimo Tom Dumoulin, que até de forma surpreendente – ou não – finalmente venceu uma Grande Volta e, com a conquista do Giro, demonstrou que Froome poderá ter um rival à altura nos próximos anos (além do Giro, ainda conseguiu ser campeão do mundo nos contrarrelógios coletivo e individual).

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    Nuno Raimundo
    Nuno Raimundohttp://www.bolanarede.pt
    O Nuno Raimundo é um grande fã de futebol (é adepto do Sporting) e aprecia quase todas as modalidades. No ciclismo, dificilmente perde uma prova do World Tour e o seu ciclista favorito, para além do Rui Costa, é Chris Froome.                                                                                                                                                 O Nuno escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.