Há um talento especial a despontar na Austrália e, finalmente, vamos poder desfrutar dele regularmente também no velho continente. Aos 20 anos, Sarah Gigante é a maior pérola ciclística a sair da Austrália em muitos anos e tem potencial para marcar uma nova era no ciclismo australiano.
Como apresentação, basta dizer que, apesar da tenra idade, já conta com um título nacional de fundo e é a atual bi-campeã nacional de contrarrelógio. Juntou-se à Team TIBCO em 2020, mas, pelas razões que todos conhecemos, não correu muito, 2021 promete ser difeecente. Recentemente, fez a sua primeira prova World Tour europeia e deu boa conta de si com um lugar entre as 25 primeiras no histórico Trofeo Alfredo Binda, sendo também a melhor Sub23.
@SarahGigante leading the young riders @UCI_WWT classification after @TrofeoBinda in which she finished 23rd. pic.twitter.com/9b36dMfyKm
— Team TIBCO-SVB (@teamTIBCO_SVB) March 21, 2021
Gigante é o protótipo do que chamamos de voltista, sólida no contrarrelógio e a ‘jogar em casa’ quando o terreno empina. Leve e explosiva na montanha, é nesses terrenos mais duros que a australiana mais poderá brilhar, o que a coloca como candidata a vitórias em provas por etapas, mas também a várias clássicas. Provas como a Liège-Bastogne-Liège ou o Trofeo Alfredo Binda têm dureza suficiente para que um ciclistas com as suas características esteja na luta pelo primeiro posto.
O esforço individual é também um ponto a favor de Gigante e que lhe garantirá sempre uma boa defesa quando estiver na luta por classificações gerais. Ainda assim, não é a sua principal arma e os títulos nacionais podem enganar, porque, no lado feminino, o padrão europeu é muito elevado face ao australiano e as indicações são de que Gigante será bom no crono, mas não de topo mundial nesta especialidade.
Um outro fator que se adivinha como útil para a carreira de Sarah Gigante é a sua capacidade tática. A australiana é uma ciclista que não tem medo de atacar, mas que, acima de tudo, sabe quando o fazer. Não é o tipo de atleta que lança ofensiva após ofensiva a ver se pega, Gigante ataca nos momentos certos e quando o faz é para marcar a diferença e isso é um ativo de valor incalculável.
É certo que lhe falta velocidade de ponta e isso pode custar-lhe algumas vitórias e, especialmente, ser penalizador em provas de um dia. Beneficiaremos nós, espectadores, porque isso a forçará a atacar.
Foto de Capa: Cycling Australia