A 86ª edição da La Flèche Wallonne foi conquistada pelo belga Dylan Teuns. O ciclista da Bahrain-Victorius derrotou Alejandro Valverde (Movistar) e Aleksandr Vlasov (BORA -Hansgrohe) no mítico Mur de Huy, acabando com o jejum da Bélgica na competição, que já perdurava desde 2011.
O primeiro destaque vai para a excelente prestação do português Rúben Guerreiro (EF Education-Easy Post), que terminou na 7ª posição, o terceiro melhor resultado de sempre para Portugal e a melhor prestação do ciclista de 27 anos nas clássicas da primavera.
No lote de favoritos constavam, à cabeça, Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) e Julian Alaphilippe (Quick-Step Alpha Vinyl Team), sem descurar nomes como o próprio “Bala”, Alejandro Valverde, mas também Daniel Martínez (Ineos-Grenadiers), Michael Woods (Israel-Premier Tech) ou Benoit Conesfroy (AG2R Citroen Team). O que é certo é que o que vinha no papel… não se confirmou, começando logo pelo grande vencedor.
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— ammattipyöräily (@ammattipyoraily) April 20, 2022
Sobre a corrida, e em comparação com anos anteriores, o esquema desta edição da Flèche Wallone sofreu uma alteração significativa. Cotê d´Ereffe, Côte de Cherave e Mur de Huy constituíram um circuito final com tripla passagem nos sensivelmente 100 quilómetros finais, fazendo antever uma predisposição mais atacante do pelotão.
A fuga do dia nunca representou grande perigo, destacando-se a mexida de Simon Carr (EF Education-Easy Post), já na fase final do percurso. As verdadeiras cartadas entre os grandes galos começaram-se a fazer muito perto da linha de meta, quando a Bahrain-Victorius e a Ineos-Grenadiers assumiram a corrida a 25 quilómetros da subida final.
Just like during #TirrenoAdriatico, I’m incredibely intrigued to see how Quick-Step ride #FlecheWallonne.
Having both Evenepoel & Alaphilippe at the start, I’d think Remco would attempt an early move, while Alaphilippe is their Mur de Huy option.
Who wins Men’s Flèche? ⤵️ pic.twitter.com/NuBwxV1Q9z
— Benji Naesen (@BenjiNaesen) April 19, 2022
As forças coletivas estancaram qualquer movimentação individual dos favoritos, remetendo a decisão da prova para o Mur de Huy, a mítica dificuldade com a extensão de 1 quilómetro e 300 metros, a 9,8% de pendente média. A intensa luta pelo posicionamento ganhou outra dimensão ainda antes da penúltima dificuldade, onde a Jumbo-Visma e a Quick-Step Alpha Vinyl Team a intrometerem-se na perseguição a Carr e a Valentin Ferron (TotalEnergies), o único elemento da escapada original capaz de seguir o britânico.
Neutralizada a fuga à entrada do Côte de Cherave, foi a Cofidis que mais ambição demonstrou com um ataque de Rémy Rochas, apenas com resposta de Mauri Vansevenant (Quick-Step Alpha Vinyl Team). Nesta tentativa de surpreender, seguiu-se Soren Kragh Andersen (Team DSM), que rapidamente consolidou a vantagem – com Vansevenant sempre na roda – para quase 20 segundos de diferença, isto para o grupo dos favoritos, que apostavam tudo na melhor colocação possível.
They have started Mur de Huy!
Check out the gradients of this iconic #FlecheWallonne climb! pic.twitter.com/sD61KMrjTr
— Quick-Step Alpha Vinyl Team (@qst_alphavinyl) April 20, 2022
Bastaram as primeiras rampas em Huy para a margem rapidamente se abater, e foi Enric Mas e a Movistar a comandar o pelotão, numa tentativa de lançar Alejandro Valverde para a sua sexta vitória nesta clássica das Ardenas. Nos últimos 250 metros, quando o lote que ia lutar pela vitória estava decidido, foi um homem da casa a dar o clique, ao qual apenas o murciano da Movistar conseguiu seguir, ameaçando a vitória, porém, sem sucesso.
#FlecheWallonne — MUR DE HUY (last 1.00 km), 1993-2022 pic.twitter.com/cCSVp7iQJ8
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Teuns foi o mais forte nas pernas e na colocação, obtendo um dos melhores resultados de sempre no último quilómetro desta íngreme dificuldade. A questão posicional voltou a ser muito relevante no desfecho final, explicando não só o resultado do belga, mas também do grande favorito à partida: Julian Alaphilippe. O campeão do mundo ainda apresentou uma ponta final interessante, mas nunca esteve na luta pela vitória, dado o esforço complementar que teve de fazer para subir lugares já quando as pendentes máximas se faziam sentir.
Se a colocação prejudicou a prestação do francês, a falta de forças foi o grande motivo para o 13º posto de Tadej Pogacar, de quem se espera sempre o impossível. No momento em que estava no sítio certo, quebrou completamente, ficando fora da corrida. Não deixa de ser uma supresa dadas as prestações monstruosas a que nos tem habituado, no entanto, o primeiro pico de forma desta temporada pode ter passado, numa altura em que ainda falta correr a Liège-Bastogne-Liège.
No sentido inverso, a ponta explosiva de Aleksandr Vlasov surpreendeu, garantindo-lhe um lugar no pódio. Rúben Guerreiro foi talvez a maior surpresa dentro dos dez melhores da jornada, fazendo jus à sua capacidade de “puncher” depois de efetuar uma subida sólida e sem grandes oscilações. Nota ainda para mais três franceses no quadro dos dez mais, principalmente Warren Barguil (Team Arkéa Samsic) e Alexis Vuillermoz (TotalEnergies), que liquidaram pontos importantes na luta pela permanência/subida ao principal escalão do ciclismo mundial: A Israel Premier-Tech também pontuou com o sexto lugar de Michael Woods.
🚩@VilledeLiege – @VilledeLiege🏁
📏 254,7 Km
📣 Une réelle boucle, avec le départ et l’arrivée sur le Quai des Ardennes, à Liège.📣 A real loop with a start and finish on the Quai des Ardennes in Liège.#LBL pic.twitter.com/WDcoGQnNcd
— Liège-Bastogne-Liège (@LiegeBastogneL) January 18, 2022
Segue-se agora o último monumento belga do ano, a Liège-Bastogne-Liège, que contará com Tadej Pogacar, Julian Alaphilippe, Wout van Aert e companhia.
Foto de Capa: Flèche Wallonne