Tirreno-Adriático | A culpa foi das estrelas!

VAN’S IMPERIAIS SORRIRAM NA SOMBRA DE POGI

Voltando à veia cinematográfica, a película seguinte, por outro lado, parece que foi dirigida por Steven Spielberg, tal o carácter alienígena perfeito para retratar a prestação de Mathieu Van der Poel e Wout Van Aert. Convínhamos, estamos a falar de dois dos ciclistas mais excitantes do panorama atual. Se não concorda ou se não conhece, o Tirreno-Adriático foi como uma autêntica prova de vinhos, só que neste caso, quanto mais novo, melhor. Os rivais do cyclo-cross liquidaram nada mais, nada menos, do que quatro etapas.

Mathieu Van der Poel voltou a surpreender com a sua facilidade em finais propensos a um sprint em grupo compacto e na longevidade dos seus ataques, tendo conquistado uma jornada depois de uma fuga de 50km e outra sobre o eterno rival. Já Wout Van Aert, vencedor da classificação dos pontos, continua a demonstrar a sua estupenda polivalência, vencendo ao sprint, colocando-se entre os tubarões das montanhas e destronando Filippo Ganna (e Stefan Kung) no contrarrelógio final. Começam a faltar adjetivos para estes dois.

Respeitando a ordem cronológica dos acontecimentos, a primeira desta edição do Tirreno-Adriático sorriu a Wout Van Aert, que bateu ao sprint… Caleb Ewan e Fernando Gaviria. No papel ou no teclado, escrever algo como isto atesta bem a capacidade deste corredor belga. Acima disso, só visto. Mais forte do que todos os outros, bateu o colombiano sem problemas e só Caleb Ewan ainda ameaçou a vitória. Deu a ideia que o australiano era o homem mais rápido, mas a questão posicional, mais uma vez, penalizou um dos sprinters de topo mais descuidado neste aspeto importante da corrida.

No segundo dia, a vitória sorriu a outro tubarão, Julian Alaphilippe. A Deceuninck Quick-Step tinha João Almeida (em quebra) na frente. Os metros finais revelaram-se penosos para o português, que viu Alaphilippe a arrancar no momento certo. Potência e acima de tudo inteligência. O campeão do mundo bateu Wout Van Aert e um míssil holandês chamado Mathieu Van der Poel, que vindo de trás, ficou à frente de toda a gente, menos de um Loulou pragmático.

A primeira desse tal míssil, que mais pareceu um foguetão nas rampas da Strade Bianche chegou no dia seguinte, batendo Wout Van Aert ao sprint na etapa três. A par da força em subidas íngremes e curtas, a velocidade de ponta de Mathieu Van der Poel é outro tópico da monstruosidade de ciclista que o holandês é. A diferença para os restantes é gritante e mesmo Van Aert parece ter dificuldade para acompanhar Van der Poel neste tipo de chegadas, se bem que é justo dizer que é um ciclista mais regular e taticamente mais evoluído.

Depois do show de Pogi na etapa rainha da competição, onde só Simon Yates foi capaz de fazer comichão, chegou a quinta etapa e com ela uma vitória inacreditável. Com um perfil acidentado, Mathieu Van der Poel arrancou a 50km da meta para um dos melhores triunfos da sua carreira. Apenas Tadej Pogačar se aproximou do ciclista da Alpecin-Fenix, que não mediu palavras quando se debateu sobre os sacrifícios que teve de perpetuar para vencer.

Mas o espetáculo e os resultados surpreendentes ainda não tinham chegado ao fim. Mads Wurtz foi o mais forte num quinteto de foragidos ao pelotão no dia seguinte. Nélson Oliveira foi quinto nessa mesma etapa, que antecedeu um contrarrelógio final surpreendente.

Vejamos a situação: Filippo Ganna não perdia um contrarrelógio desde a sua vitória no campeonato do mundo na mesma especialidade; Filippo Ganna não perdia um contrarrelógio há mais de um ano; Filippo Ganna vinha de uma série de oito vitórias consecutivas no esforço individual.

Mas tudo o que é bom, acaba. Em pouco mais de 10km, Stefan Kung superiorizou-se por cinco segundos a Top Ganna. Porém, esta derrota ganhou ainda mais destaque com os onze segundos que Wout Van Aert conseguiu meter ao italiano.

O que é que este ciclista belga é incapaz de fazer? Serão repetíveis estas exibições por parte de nomes como Van der Poel, Alaphilippe, Pogačar, Van Aert, entre outros? Como já havia dito, estamos perante um verdadeiro filme, de um romance, talvez de extraterrestres ou super-heróis, onde a competição entre eles é tanta que o nível parece ter estagnado num ponto altíssimo. São muitas as perguntas, mas talvez o melhor mesmo seja desfrutar. Venham daí esses loucos anos 20!

Foto de Capa: Tirreno-Adriático

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O Ricardo é licenciado em Comunicação Social. Natural de Amarante, percorreu praticamente todos os pelados do distrito do Porto enquanto futebolista de formação, mas o sonho de seguir esse caminho deu lugar ao objetivo de se tornar jornalista. Encara a escrita e o desporto como dois dos maiores prazeres da vida, sendo um adepto incondicional de ciclismo desde 2011.

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