Um novo chefe para o ciclismo português?

    Pelo meio da incrível luta entre João Rodrigues e Joni Brandão pelo triunfo na Volta a Portugal, uma outra notícia, quiçá mais importante, passou algo despercebida: o ex-ciclista Rui Sousa anunciou que se candidatará à Presidência da Federação Portuguesa de Ciclismo em 2020.

    Este será certamente um assunto ao qual voltaremos no futuro, mas podemos fazer desde já uma primeira reflexão.

    Na sua declaração pública, Rui Sousa criticou abertamente a atual direção referindo que há situações de precariedade e de desrespeito pelos ciclistas. Temos, então de analisar dois pontos: se as críticas são justas e se Rui Sousa é o homem certo para melhorar a situação.

    Quanto ao primeiro ponto, é verdade que nem tudo tem sido perfeito no trabalho da equipa de Delmino Pereira e há muito a criticar. No entanto, não há como negar que o ciclismo nacional tem crescido sustentavelmente nos últimos anos, tanto na Estrada como nas restantes vertentes.

    Em especial, soube criar ao seu lado uma equipa mais capaz, sobrando apenas José Poeira da geração que tanto falhou à modalidade. Nomes como Gabriel Mendes e Sérgio Sousa são apostas acertadas e que têm apresentado resultados.

    E no ponto em que Rui Sousa mais se fixa, a precariedade, este mandato também tem visto avanços positivos, com uma abertura a mais equipas continentais e ao estrangeiro que permitirá no médio e longo prazo termos um ciclismo mais sólido financeiramente para os atletas.
    Rui Sousa na sua última época como profissional
    Fonte: José Baptista/Bola na Rede
    Quanto a Rui Sousa, há várias dúvidas que se levantam. Desde logo, é alguém bastante politicamente envolvido – o próprio usou esse “trunfo” durante o anúncio – e isso tem muitas vezes efeitos secundários adversos. Basta ver como as recentes influências políticas de PS e PSD na ADOP têm deixado a Agência num estado lastimável e com lideranças incapazes de lhe dar rumo e corresponder às necessidades do Desporto português.

    Uma outra situação é a liderança da Associação de Ciclistas Profissionais. Apesar de grande parte do trabalho não ser público, a verdade é que a forma como entregou os votos portugueses para a CPA ao cacique de Bugno, depois deste se ter mostrado repetidamente incompetente para a posição e quando tinha, finalmente, em David Millar uma oposição com uma capacidade intelectual rara no ciclismo, não é um bom sinal.

    Veremos com que equipa e ideias Rui Sousa se apresentará. Ainda falta bastante tempo e o entretanto permitirá ir percebendo de que modo o xadrez se organizará.

    Foto de Capa: José Baptista/Bola na Rede

    Revisto por: Jorge Neves

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