Violência policial coloca sonho olímpico de Dlamini em risco

O ciclista sul-africano Nic Dlamini, que representa a Team NTT no World Tour e venceu a classificação da Montanha no Tour Down Under em 2018, vai ficar arredado das estradas devido a um braço partido num episódio de violência policial no Parque Nacional de Table Mountain, no seu país natal.

Dlamini treinava no Parque Nacional quando, para conferir se tinha a licença necessária para usar o Parque, foi parado bruscamente por um Guarda, o que o fez cair. Perante os protestos do ciclista, o polícia amarrou-o violentamente, torcendo-lhe o braço, o que resultou numa fratura no úmero. Para Dlamini, que participou em setembro na sua primeira Grande Volta, a lesão, cujo tempo de recuperação ainda não foi confirmado, implica desde já falhar o seu início de temporada previsto para o Tour Down Under e poderá custar-lhe a estreia nos Jogos Olímpicos, para os quais sonhava ser escolhido.

O caso veio a público pouco depois de Dlamini ser atacado, quando foi publicado na rede social Twitter por um membro da comunidade ciclística sul-africana, já que um outro ciclista que também treinava na zona filmou o incidente. Este, Donovan Le Cok, foi também ameaçado por estar a gravar a cena e contou ainda como os oficiais não queriam sequer levar Dlamini ao hospital.

As reações não se fizeram tardar, tanto do público em geral como institucionais. Nas redes sociais, vários ciclistas partilharam histórias semelhantes passadas com os Guardas do Parque Nacional. Matthew Beers, especialista do MTB que passou este ano pelo escalão World Tour como estagiário da UAE Team Emirates no final da temporada, foi um deles, revelando um episódio em que foi empurrado para fora da estrada enquanto pedalava.

O Parque Nacional tentou desculpabilizar-se, emitindo um comunicado em que alegava que o ciclista tinha tentado resistir à detenção e que se aleijara a si próprio ao fazê-lo, o que é, pelo menos em parte, desmentido pelo vídeo tornado público.

A equipa de Dlamini, a Team NTT, não hesitou em reagir, proclamando que “não há justificação possível para o nível de violência usado” e exigindo um pedido de desculpas público e a implementação de procedimentos disciplinares imediatos.

Dlamini na sua estreia na Vuelta
Fonte: José Baptista / Bola na Rede

A indignação coletiva deste caso obrigou mesmo Barbara Creecy, Ministra sul-africana do Ambiente, Floresta e Pesca a intervir, visitando Dlamini no hospital e ordenando a suspensão provisória dos Guardas envolvidos enquanto decorrer uma investigação independente à ocorrência.

A violência policial é uma herança pesada da ditadura sul-africana e, mais de duas décadas depois, as instituições democráticas ainda não conseguiram conter este fenómeno, com mais de 5.000 queixas a surgirem anualmente. Em novembro, um denunciante retratou a forma como o Independent Police Investigative Directorate, o órgão responsável por investigar estas alegações, é conivente com as mesmas e arquiva os casos sem os escrutinar de forma a falsear os seus números de produtividade.

Foto de Capa: Team NTT

Artigo revisto por Diogo Teixeira

José Baptista
José Baptista
O José tem um amor eclético pelo desporto, em que o Ciclismo e o Futebol Americano são os amores maiores. É licenciado em Direito (U. Minho) e em Psicologia (U. Porto).

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