Volta a Portugal’15: Não há quem tire Gustavo Veloso do 1.º lugar

    Cabec¦ºalho ciclismo

    Falta a última etapa (que terminará na capital do nosso país) mas, como essa é de consagração, é possível afirmar que o espanhol Gustavo Veloso é novamente o vencedor da Volta a Portugal! Depois de alguns problemas na Torre, no ano passado, este ano dominou completamente a corrida e conseguiu chegar ao contrarrelógio em posição mais do que segura para ficar no 1.º lugar. A verdade é que, não só segurou da melhor forma a camisola amarela, como ainda acabou por aumentar a vantagem, visto que venceu o próprio CR – mais à frente falarei melhor dessa etapa em específico. Uma Volta inesquecível para o espanhol da W52-Quinta da Lixa (os virtuais vencedores da classificação por equipas).

    Na minha última “atualização”, tinha ficado pela quinta etapa. Portanto, avançando, a sexta etapa foi decidida ao sprint e com a vitória a sorrir, oficiosamente, a José Gonçalves. Digo oficiosamente porque o ciclista português foi desclassificado por uma irregularidade, e a vitória, oficialmente, foi para o 2.º classificado da etapa… pois claro, Gustavo Veloso. Grande ataque de José e, nos metros finais, houve uma aproximação entre ele e o líder da Volta, sendo que houve um desvio na trajetória do português e foi um pouco para cima do espanhol (de qualquer das formas, Gustavo nem protestou ao passar a meta). Não sei se terá sido a decisão mais correta, porque deveriam ter analisado todas as circunstâncias melhor. Mas a decisão foi tomada e não foi alterada. Mais bonificações nessa etapa para Délio (com o 3.º lugar), sendo que Ricardo Vilela e António Carvalho foram alguns dos homens que caíram nessa etapa mas, como a queda se deu dentro dos três quilómetros, não sofreram alterações no seu tempo na classificação geral.

    Veio o dia de pausa e com isso uma boa oportunidade para descansarem do que se passou nalgumas etapas mais exigentes (como a da Senhora da Graça) e recuperarem para a etapa do dia seguinte, que seria a mítica subida à Torre na Serra.

    Chegada a sétima etapa e o dia pelo qual muitos portugueses e todos os ciclistas ansiavam, era normal a tentativa de vários ciclistas serem protagonistas da jornada, mas foram os “dois do costume” a sair por cima no final da subida, sendo que Délio Fernandez voltou a vencer uma etapa e Gustavo Veloso conseguiu novamente segundos de bonificação importantes. Um dos destaques do dia foi mesmo o domínio da equipa W52-Quinta da Lixa. Chegaram a ter seis homens na subida final e conseguiram ter cinco no top12 final da etapa, incrível. Depois dos dois homens mais fortes da W52, chegaram os dois mais fortes da EfapelJoni Brandão e Alejandro Marque (pelo meio, também chegou Marcos Garcia, da equipa Louletano). O português Rui Sousa foi dos que mais tentaram vencer esta etapa – ele gosta imenso desta subida – mas desta vez não a conseguiu ganhar. As desilusões do dia (e da própria Volta a Portugal) foram os dois Ricardos: Mestre e Vilela. Perderam cedo o contacto com o pelotão e levaram da etapa cerca de nove e oito minutos, respetivamente, de perda para a frente da corrida. Acrescento que a subida é realmente desgastante, como se podia comprovar pelos ciclistas no final do dia – a maioria chegou completamente exausta. Para terminar, acho que poderia ter sido um dia mais espetacular do que o que foi. Apesar de não ter sido uma má etapa, não tenho quaisquer dúvidas em considerar que a etapa da Senhora da Graça foi a melhor desta Volta a Portugal 2015.

     

    Délio Fernandez celebra com o seu colega Gustavo Veloso a vitória na Torre e a “dobradinha” da equipa nessa jornada Fonte: Facebook da Volta a Portugal
    Délio Fernandez celebra com o seu colega Gustavo Veloso a vitória na Torre e a “dobradinha” da equipa nessa jornada. Fonte: Facebook da Volta a Portugal

    Na oitava etapa tivemos o já mencionado contrarrelógio. Mais uma vitória para o espanhol Gustavo Veloso, virtual vencedor deste ano da Volta a Portugal! Não venceu o prólogo (esteve bem perto), mas venceu este CR mais longo de forma justa e “dizimou” a concorrência nesta penúltima etapa. A maior surpresa do dia foi mesmo o facto de Joni Brandão, não só ter-se mantido no pódio, como também ter conseguido chegar ao 2.º lugar, algo inesperado mas expectável depois do que se sucedeu com Délio Fernandez a meio do CR – avaria na bicicleta, sendo que perdeu uns 20 segundos só devido a esse momento (o resto dos segundos foram acrescentados pela possível desmotivação depois desse acontecimento). Enorme azar para o espanhol, que não merecia isto – foi responsável pela maior ajuda a Veloso e teve realmente uma grande prestação em toda esta Volta a Portugal. Beneficiou o português, que acabou por conseguir chegar, de forma imprevisível, à vice-liderança. Alejandro Marque, apesar de um CR aquém do que pode e deve fazer, também aproveitou isso e subiu ao pódio.

    Destaco o enorme contrarrelógio por parte de José Gonçalves (2.º classificado na etapa), que, depois disto, acredito que tenha selado completamente a sua inscrição na Vuelta – será justíssimo que assim aconteça, já que foi o ciclista mais ativo de toda a Volta a Portugal. Rafael Reis, o 4.º classificado nos Mundiais de CR (sub23) do ano passado, foi 3.º classificado e redimiu-se do que lhe aconteceu no prólogo. Ricardo Mestre foi 4.º na etapa mas, apesar da boa imagem deixada neste CR, não consegue apagar a desilusão que foi o resto da sua Volta a Portugal. Rui Sousa, no alto dos seus 39 anos, conseguiu um muito bom 5.º lugar na etapa e, também, na classificação geral individual final. Mais uma boa Volta a Portugal para o ciclista da Rádio Popular Onda Boavista (poderá ter sido a sua última participação nesta prova).

    Este domingo temos a última etapa desta nossa Volta a Portugal 2015 e a última oportunidade para os sprinters brilharem. A chegada a Lisboa proporcionará, em princípio, a luta final entre os mais rápidos deste pelotão. Resta saber quem sairá vencedor da etapa, porque a classificação geral está fechada e iremos ter Gustavo Veloso a subir ao pódio para vestir, por uma última vez, a camisola amarela – a camisola do grande vencedor da Grandíssima!

    Foto de capa: Facebook da Volta a Portugal

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    Nuno Raimundo
    Nuno Raimundohttp://www.bolanarede.pt
    O Nuno Raimundo é um grande fã de futebol (é adepto do Sporting) e aprecia quase todas as modalidades. No ciclismo, dificilmente perde uma prova do World Tour e o seu ciclista favorito, para além do Rui Costa, é Chris Froome.                                                                                                                                                 O Nuno escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.