Volta ao Algarve volta a ser portuguesa… 15 anos depois

    1977, 1981 E 2021: A “ALGARVIA” VOLTOU A CAIR PARA OS AZUIS

    Depois de Belmiro Silva ter conquistado duas edições da competição algarvia para a estrutura do FC Porto e João Cabreira, ao serviço da Maia Milanesa, em 2006, ter sido o último luso a fazer o gosto à bicicleta, o jejum português finalmente terminou com a consagração de João Rodrigues, um dos melhores ciclistas portugueses da atualidade e já detentor da Volta ao Alentejo e da própria Volta a Portugal.

    Sem grandes demoras, referir que a cara desta vitória tem de ser a excelente harmonização de esforços da equipa de Nuno Ribeiro para levar a cabo o objetivo de vencer a competição perante algumas das melhores equipas do mundo. Talvez dois momentos marquem esta conquista: o azar de Ethan Hayter durante o contrarrelógio e a grande etapa da W52 / FC Porto na chegada ao alto do Malhão, na última jornada.

    Mas já lá vamos. Antes disso, a “algarvia” deu o tiro de partida numa etapa destinada aos velocistas do pelotão, na ligação entre Lagos e Portimão. Com Sam Bennet dentro das suas fileiras, a formação belga da Deceuninck Quick-Step assumiu as despesas à medida que se aproximava o risco de meta. Num final caótico, o sprinter irlandês mostrou-se confiante e foi o primeiro a lançar-se ao ataque, batendo Danny Van Poppel num final ligeiramente inclinado.

    No segundo dia de competição os protagonistas teriam que ser outros. A clássica chegada ao alto da Fóia traduzia-se como a dificuldade destinada a fazer a primeira seleção dos melhores em terrenos mais acidentados. A 18 quilómetros do fim da jornada, os primeiros homens começaram a mexer seriamente da corrida, destacando-se João Rodrigues e Élie Gesbert pela mentalidade ofensiva que imprimiram na sua forma de correr.

    Para além destes dois, uma tripla de grande nível dentro da famosa Ineos Grenadiers: Ethan Hayter, Sebastián Henao e Iván Sosa. Os miúdos, Sosa e Hayter, completaram um trabalho de grande nível – auxiliado pelo colombiano de 27 anos – com uma excelente vitória. Depois do ataque em conjunto, Iván Sosa assumiu a dianteira do pequeno grupo que se formou e levou o jovem de 22 anos a uma vitória que só foi ameaçada por João Rodrigues e Jonathan Lastra.

    Com a seleção feita, apenas um conjunto de 16 ciclistas conseguiu terminar a menos de um minuto do novo líder da classificação geral. Seguiu-se a segunda e última oportunidade para os sprinters e para Sam Bennet voltar a fazer das suas… e assim se sucedeu. A chegada a Tavira prometia novamente um sprint emocionante. O que é certo é que Sam Bennet venceu sem grandes dificuldades.

    O final de etapa, novamente marcado por quedas, viu a equipa belga a colocar Sam Bennet na posição perfeita para disferir o ataque final à etapa. Apenas Danny Van Poppel fez comichão, mas não restaram grandes dúvidas quanto ao homem forte na questão do sprint.

    Depois dos dias destinados aos velocistas e treparadores, chegava a vez dos contrarrelogistas evidenciarem o seu valor na penúltima etapa desta edição da “algarvia”. De olhos postos nos homens da geral e em alguns bons valores do esforço individual, os sensivelmente 20 quilómetros de etapa em Lagoa viram Kasper Asgreen, recente vencedor do Tour de Flandres, vencer Rafael Reis por apenas três segundos.

    Uma diferença mínima chegou para o dinamarquês bater o ciclista da Efapel, num dia onde outro pormenor fez a “diferença” no que toca à classificação geral. Um descuido ou talvez puro azar levou com que Ethan Hayter fosse ao chão e ficasse completamente arredado da luta pela etapa. O esforço do inglês até estava a ser condigno com a excelente forma física, mas a queda acabou por debilitá-lo. Ainda assim, terminou à frente de João Rodrigues com uma diferença de 12 segundos.

    No cômputo geral da etapa, as aproximações de Kasper Asgreen e Thibault Guarnalec na classificação geral saltaram imediatamente à vista. Ivo Oliveira, Nils Pollit e Benjamim Thomas foram outros homens de destaque no dia quatro de competição. Faltava apenas a ligação entre Albufeira e o alto do Malhão para decidir praticamente tudo. No cardápio,  João Rodrigues tinha confronto marcado com Ethan Hayter, Sean Quinn procurava resistir ao último teste para levar a camisola branca, a camisola da montanha estava à mercê de vários atletas dado o perfil montanhoso da quinta etapa.

    O restaurante de talento abriu com a promessa de grande luta entre a Ineos Grenadiers e a W52 / FC Porto. Não há melhor forma de resumir o que se passou dando todo o mérito à etapa que a formação de Nuno Ribeiro realizou, emancipando o nome de Amaro Antunes como um autêntico portento no trabalho efetuado em prol de João Rodrigues.

    Mas olhando para o trabalho da equipa, o mesmo foi responsável por selecionar o grupo de forma precoce, levando mesmo Ethan Hayter a descolar a cerca de dois quilómetros para a meta. As mazelas, obviamente, tiveram um papel importante neste “desfalecimento”, contudo, apenas Élie Gesbert conseguiu acompanhar João Rodrigues até ao risco de meta, batendo-o e garantindo a quinta posição da geral.

    Ethan Hayter e Kasper Asgreen chegaram a cerca de 20 segundos, completando o pódio. Luís Fernandes garantiu a camisola da montanha depois de uma grande etapa. Quanto aos pontos e à juventude, Sam Bennet e Sean Quinn terminaram calmamente na primeira posição, respetivamente. Sobre João Rodrigues, o homem do momento, dizer que com esta vitória, entra para um lote restrito de vencedores da “tripla portuguesa”, digamos assim. Já a W52 / FC Porto, que viu Amaro Antunes e Joni Brandão a terminar top5 na etapa, afirmou mais uma vez a sua supremacia nacional em termos de coletivo, sendo o alvo a abater para o que resta de temporada, nomeadamente, na Volta a Portugal.

    Foto de Capa: Volta ao Algarve

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    Ricardo Rebelo
    Ricardo Rebelohttp://www.bolanarede.pt
    O Ricardo é licenciado em Comunicação Social. Natural de Amarante, percorreu praticamente todos os pelados do distrito do Porto enquanto futebolista de formação, mas o sonho de seguir esse caminho deu lugar ao objetivo de se tornar jornalista. Encara a escrita e o desporto como dois dos maiores prazeres da vida, sendo um adepto incondicional de ciclismo desde 2011.