Volta Ao País Basco: Primoz Roglic um, Tadej Pogacar, zero

    Jumbo-Visma de luxo arrebata todas as classificações

    Pleno. Exatamente, na ótica da Jumbo-Visma, então, a “Itzulia” de 2021 ganha outra dimensão de muito bem disputada, já que, através de Roglic e do jovem dinamarquês Jonas Vingegaard, a equipa holandesa fez o pleno e levou para casa a classificação geral, da juventude, da montanha, dos pontos e ainda a classificação por equipas.

    Logo na primeira etapa, apenas Brandon Mcnulty ameaçou a vitória de Roglic (atraso de dois segundos). O perfil do contrarrelógio em Bilbao, com uma extensão de aproximadamente 14 quilómetros, traduzia-se num grosso de jornada rápido, com um “muro” a marcar o final de etapa. O líder da Jumbo-Visma foi melhor que o talento norte-americano da UAE-Team Emirates e muito melhor que os restantes. Tadej Pogacar perdeu 28 segundos, os mesmos que Adam Yates; Schachmann, Kelderman, Bilbao, Fulgsang, Valverde e Carapaz situaram-se entre os 30 e os 45 segundos perdidos. Buchmann, Landa, Higuita, Carty e Ion Izaguirre foram os maiores derrotados do dia.

    Na etapa seguinte, a montanha de segunda categoria que antecedia a chegada a Sestao convidava a mexidas. Elas aconteceram. Alex Aranburu, exatamente, aquele espanhol com uma ponta final interessante fez a diferença com um ataque na descida, já a 10 quilómetros da linha de chegada. Antes disso, já Pogacar tinha tentado a sua sorte com David Gaudu. Roglic mantinha-se interventivo na defesa da sua camisola e a Astana-Premier Tech revelava intenções ambiciosas para a etapa, com ataques de Omar Fraile e do basco que acabaria por vencer. No final do dia, primeiro e segundo lugar para a equipa cazaque; Pogacar recuperou quatro segundos com o terceiro lugar na jornada e Mcnulty perdeu terreno para Roglic.

    A primeira luta de galos estava marcada para o terceiro dia de competição. Teria que acontecer, não é verdade? Mais do que isso, quem conseguiria acompanhar os dois eslovenos? Antes da ligeira descida até Ermualde, os ciclistas tinham pela frente uma curta subida com pendentes bastante ingremes, chegando por vezes aos 20%. A cerca de 2 quilómetros para o fim, Pogacar arrancou a ritmo do grupo dos favoritos e apenas Roglic foi capaz de segui-lo.

    Abriram alguma vantagem, mas nunca criaram uma margem assinalável. Gaudu, Yates, Landa e Valverde continuaram a morder os calcanhares aos dois da frente, chegando mesmo a reagrupar. Já dentro dos últimos 1000 metros, Roglic aproveitou um pequeno topo para fazer diferenças, apenas Pogacar conseguiu seguir na roda. A vitória estava entre os dois eslovenos e acabou por sorrir ao campeão da Volta a França, àquele que ainda tinha alguma explosividade nas pernas e que se sobrepôs ao rival da Jumbo-Visma, conquistando mais quatro segundos na luta pela geral.

    Em tudo semelhante à etapa dois, a jornada número quatro tinha no papel quatro contagens de montanha, sendo a última (Erlaitz) de primeira categoria e com uma distância de 23 quilómetros para o final do dia em Hondarribia. Com uma maior escala de dificuldade, era um momento fulcral da corrida para Pogacar se aproximar de Roglic; Yates se intrometer na luta dos dois eslovenos; Mcnulty, a trinta segundos da liderança, jogar uma cartada importante a favor da UAE-Team Emirates; Valverde, Landa e Vingegaard afirmarem o seu posto no top10; Gaudu, Buchmann e Higuita procurarem o seu lugar dentro dos dez primeiros.

    Contudo, a escalada a Erlaitz não se traduziu em grandes (até nenhumas) diferenças. Isso não quer necessariamente dizer que elas não existiram. O equilíbrio de forças em subida, causado pelo controlo eficaz da Jumbo-Visma, hipotecou as expectativas atacantes de Mikel Landa, Esteban Chaves e do próprio Brandon Mcnulty. O que se seguiu, porém, não deixa de ser interessante. Um grupo de 15 a 20 ciclistas cruzou a passagem pela contagem de montanha em grupo, tornando a etapa bastante suscetível a ataques. Esteban Chaves não perdeu tempo e apenas Pello Bilbao seguiu na roda. Seguiram-se as movimentações de Ion Izaguirre, Emanuel Buchmann e os dois “planos B” de Jumbo-Visma e UAE Team-Emirates: Jonas Vingegaard e Brandon Mcnulty.

    No grupo dos favoritos, faltaram homens e motivos para trabalhar. A responsabilidade estava toda na Jumbo-Visma que, intencionalmente, deixou Brandon Mcnulty escapar com a companhia de Jonas Vingegaard. Presa por 30 segundos, perder a camisola amarela era uma possibilidade real para Roglic. Foi justamente o que acabou por acontecer, até porque ninguém se mexeu verdadeiramente no grupo dos maiores tubarões para alcançar os seis corredores que atacaram a corrida.

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    Ricardo Rebelo
    Ricardo Rebelohttp://www.bolanarede.pt
    O Ricardo é licenciado em Comunicação Social. Natural de Amarante, percorreu praticamente todos os pelados do distrito do Porto enquanto futebolista de formação, mas o sonho de seguir esse caminho deu lugar ao objetivo de se tornar jornalista. Encara a escrita e o desporto como dois dos maiores prazeres da vida, sendo um adepto incondicional de ciclismo desde 2011.