UFC Fight Night Japan: Barnett vs Nelson – O Regresso do “Warmaster”

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Foram precisos 21 meses para voltar a ver Josh Barnett entre as “paredes” do octógono, para o ver fazer aquilo que faz melhor: lutar. Fê-lo este fim-de-semana, e foi muito, muito, bom. Um regresso à UFC e ao Japão, onde passou a maior parte da carreira, para não esquecer.

O combate contra Roy Nelson (um autêntico gatekeeper da divisão) não foi dos mais bonitos, isso é certo. No entanto, as estratégias e alguns pormenores de ambos os veteranos, o desenrolar da luta e o ambiente criado pelo público japonês (que continua a ser o melhor e mais conhecedor de todos) tornaram esta luta de ritmo baixo num espetáculo bastante interessante. A vitória daquele que era anteriormente conhecido como o “The Babyfaced Assassin” concluiu a noite da melhor forma.

“Big Country” começou melhor o combate, mostrando-se bastante confortável na área do grappling. Derrubou Barnett por duas vezes na primeira ronda, algo que é impressionante tendo em conta o historial do seu adversário: Barnett é uma referência do Catch Wrestling e actual campeão na Metamoris, uma organização de combates de Jiu-Jitsu. Apesar de ter sido derrubado, o antigo campeão de Peso Pesado da UFC conseguiu sempre recuperar a postura, dominando Nelson no clinch e demonstrando bom striking a partir desta posição. Foi aqui que, a meu ver, Barnett destruiu Nelson.

Nelson não é conhecido pela sua condição física, e Barnett soube explorar bem essa lacuna com um conjunto de joelhadas e pontapés à zona abdominal do seu adversário que acabaram por lhe retirar a energia. No final da terceira ronda, Nelson já se agarrava aos joelhos e se arrastava pelo octógono. A sua incrível capacidade de deixar os seus adversários inconscientes com apenas um soco torna-o num perigo perpétuo para qualquer adversário, e Barnett não se deixou levar pela fadiga que Nelson demonstrava. Talvez tenha sido por isso que optou sempre pelo combate junto à rede, no clinch. Aí anulava o perigo de KO e aumentava a fadiga de Nelson.

O combate acabou por ir para decisão muito por culpa do derrotado: Nelson mostrou mais uma vez ter um queixo esculpido de ferro ao absorver todos os golpes que Barnett desferia através do clinch. O “Warmaster” venceu por decisão e voltou a fazer história na UFC, ao quebrar dois recordes neste combate: os 146 golpes significativos num combate (ou seja, que realmente fazem dano) são um novo recorde da divisão e os 95 golpes significativos no clinch num combate são um novo recorde da UFC.

As intenções de Barnett na UFC não são claras. O americano não parece estar interessado em competir pelo título, mas também não expressou o desejo de participar apenas em “super-lutas”. Quem sabe se veio só “picar o ponto”, para agora se ausentar novamente?

Barnett (à dir.) foi superior a Roy Nelson (à esq.) em todas as rondas do combate Fonte: Ufc.com
Barnett (à dir.) foi superior a Roy Nelson (à esq.) em todas as rondas do combate
Fonte: UFC

No combate que antecedeu o evento principal tivemos um dos candidatos a reviravolta do ano. Uriah Hall venceu Gegard Mousasi, número seis do ranking e antigo campeão de Peso Médio da Strikeforce. E de que forma o fez!

Hall, antigo finalista do TUF 17 e responsável por um dos KOs mais brutais da história do MMA, nem era suposto ter participado neste combate – substituiu Roan Carneiro, que se lesionou – mas acabou por deixar uma grande marca e mostrar que o melhor de si é do melhor que há.

Uriah Hall tem vivido uma carreira de altos e baixos. Depois do tal KO no TUF ficou a impressão de que o jamaicano se continha nos combates, tinha medo de magoar o adversário e, por isso, nunca dava tudo de si. Muitos acusaram-no de simplesmente não ter estofo, incluindo o próprio Dana White. As vitórias que teve nunca foram convincentes e as derrotas foram sempre desapontantes.

No entanto, parece que o tempo curou as feridas. Gegard Mousasi parecia ser demasiado para Uriah, e estava a ser: a primeira ronda foi uma exposição de grappling por parte do Holandês, derrubando Hall cedo e nunca mais concedendo qualquer tipo de espaço. Mousasi tentou por várias vezes fechar um Mata-leão, mas Hall conseguiu defender-se até ao final da ronda.

Foi quando começou a segunda ronda que aconteceu o tal momento especial. Hall avaliou o timing de Mousasi e, no primeiro golpe da ronda, soltou um rotativo de calcanhar que abalou o antigo campeão. Perseguiu o seu adversário, que cambaleava para trás, e desferiu um joelho à cabeça, que sentenciou o combate. Mousasi tentou, com a consciência que lhe restava, defender-se da torrente de socos que Hall desferiu enquanto o árbitro não terminava o combate, mas acabou por ser em vão.

Eis o pontapé que quebrou Mousasi (à dir.) e deu a vitória a Uriah Hall (à esq.) Fonte: Ufc.com
Eis o pontapé que quebrou Mousasi (à dir.) e deu a vitória a Uriah Hall (à esq.)
Fonte: UFC

Hall volta assim às bocas do mundo. Será que é desta que confirma todo o seu talento, que finalmente corresponde às expectativas que tantos depositaram nele? É difícil de dizer. Acredito que em pé e no seu melhor dia Hall pode até rivalizar com Chris Weidman. O problema é a sua consistência. Se o combate contra Mousasi o volta a colocar no mapa, será precisa mais uma mão cheia deles para o deixar lá. A sua carreira tem sido de momentos, não pode continuar a viver apenas disso. Com esta vitória Hall tem tudo para continuar determinado. Os fãs de MMA agradecem que o faça.

Nos restantes combates do evento, Kyoji Horiguchi venceu Chico Camus através de decisão unânime, respondendo assim da melhor forma à derrota contra Demetrious Johnson; Takeya Mizugaki venceu George Roop também via decisão unânime; Diego Brandão finalizou Katsunori Kikuno via KO nos primeiros 30 segundos da primeira ronda; Mizuto Hirota e Teruto Ishihara, os finalistas do “Road to UFC: Japan” empataram via decisão do júri, ganhando ambos a competição e um contrato com a UFC.

Foto de capa: UFC

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Entusiasta de MMA e futebol, o Gonçalo apoia fervorosamente o Benfica e a ideia de que desportos de combate não são apenas socos e pontapés.                                                                                                                                                 O Gonçalo não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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