Vince McMahon está de volta: Tudo o que há para saber sobre o regresso e os planos para vender a WWE

    AS ACUSAÇÕES

    Em junho, o Wall Street Journal (WSJ) divulgou que a WWE estava a levar a cabo uma investigação interna relacionada com alegações de que Vince teria pago secretamente, um valor de 3 milhões de dólares a uma antiga notária da WWE, para que a ex-funcionária assinasse um acordo de confidencialidade.

    Nesse mês de julho, novas acusações vieram à tona. O WSJ divulgou que a investigação já dizia respeito a 12 milhões de dólares que terão sido pagos por McMahon a quatro mulheres, para que assinassem acordos de confidencialidade sobre “alegações de má conduta sexual e infidelidade”.

    Estas revelações terão sido o que motivou Vince McMahon a sair definitivamente da WWE, abandonando o cargo de “Chief Creative Officer”, que passou a ser ocupado por Paul Levesque (mais conhecido por Triple H). 

    Durante vários anos, colocou-se com frequência a questão acerca do que aconteceria quando Vince McMahon se afastasse da indústria do wrestling e, em particular, da WWE, com muita especulação, não só em torno do conteúdo, mas também do valor das ações e consequente impacto na confiança dos “shareholders” na empresa.

    Os medos acabaram por se dissipar, com as ações a aumentar logo de valor no dia em que Vince anunciou o seu afastamento a título definitivo.  E foi uma tendência que se manteve, com o Fightful Wrestling a avançar ainda que o ambiente no balneário da WWE também tinha melhorado.

    O REGRESSO

    Em dezembro, foi novamente o WSJ a noticiar que Vince McMahon estaria a planear um regresso à direção da WWE. A publicação divulgava que o magnata teria comunicado esta intenção a terceiros, afirmando que havia sido “mal aconselhado” por pessoas que lhe eram próximas e que as acusações se teriam dissipado, caso tivesse permanecido à frente da companhia.

    Depois deste anúncio, o valor das ações da WWE desceu. No mesmo dia, o mesmo órgão revelou que duas antigas funcionárias da WWE haviam exigido a Vince McMahon o pagamento de uma indemnização, com base em alegações de violação e abuso sexual, respetivamente.

    A 5 de janeiro, Vince McMahon emitiu um “press release” no qual divulga a intenção de regressar à direção e tornar a ocupar o cargo de Presidente da WWE. A motivação era simples: facilitar uma futura venda da empresa.

    “A única forma da WWE capitalizar inteiramente nesta oportunidade é o meu regresso como Presidente Executivo e apoiar a equipa em gestão nas negociações dos nossos direitos de transmissão e para combinar isso com uma revisão de estratégias alternativas”, como se pode ler no comunicado.

    A favor desta intenção, Vince tinha 81% de poder de voto em relação a qualquer possível venda ou validação de qualquer acordo de transmissão, circunstância derivada do seu estatuto de acionista maioritário na empresa. Para voltar a ser Presidente Executivo, o magnata precisava de voto maioritário a seu favor no Conselho de Administração. Uma situação improvável perante a composição da Direção naquele momento, visto que em dezembro, o regresso de Vince tinha sido rejeitado de forma unânime perante as notícias relativas à sua intenção de regressar.

    Logo no dia seguinte ao comunicado, Vince utilizou o seu estatuto de acionista maioritário para emitir um consentimento escrito para que três elementos fossem afastados da Direção, para que dessa forma os seus lugares pudessem ser preenchidos por McMahon, bem como por Michelle Wilson e George Barrios, antigos dirigentes da WWE que haviam sido despedidos em 2020 por discordarem na estratégia para a venda de direitos televisivos, delineada por Nick Khan.

    O regresso de Vince McMahon levou a um aumento do valor das ações, algo que pode ser justificado pela referência à intenção de vender a empresa, um fenómeno que aumenta o valor das ações de uma empresa.

    Para além destas mudanças na Direção, Man Jit Singh e Ignace Lahoud apresentaram a sua demissão, sendo que o primeiro dos dois era o líder da investigação interna sobre os pagamentos alegadamente realizados por Vince McMahon. Com estas mudanças, Vince foi eleito de forma unânime pela nova Direção para ocupar o cargo de Presidente, que abandonara em junho. Umas horas depois foi Stephanie McMahon a anunciar a demissão do cargo de Presidente Executiva e de CEO, deixando por completo a empresa. Nick Khan passava agora a ser o único CEO.

    Vince McMahon elogiou o trabalho feito na sua ausência e assegurou que o seu regresso não vai influenciar o trabalho de outros ramos de gestão do produto, onde se inclui o plano criativo, sendo queTriple H continua na posição de Chief Creative Officer (à data de publicação deste artigo). Entretanto, já foram apresentados 3 processos por acionistas da WWE a Vince. O primeiro acusa o Presidente da empresa de utilizar o seu poder de voto para forçar o afastamento de três elementos da direção, bem como de minar a empresa, através da alteração de regulamentos a favor do seu regresso à empresa. O mais recente foi apresentado nesta quinta-feira e tem por base as alegações sobre pagamentos realizados por Vince McMahon com vista a encobrir práticas de assédio sexual.

    Para além dos processos em causa, Vince também chegou a acordo para pagamento de uma indemnização a uma das antigas funcionárias que o acusava de violação. O advogado do magnata salientou que Vince não era culpado e que o acordo foi apenas uma forma de colocar término ao processo.

    O valor de mercado da WWE é estimado na ordem dos 6 mil milhões e meio de dólares. O rumor de que a empresa tinha sido vendida ao Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF), principal investidor do Newcastle United, foi dado como garantido há duas semanas, mas foi quase imediatamente desmentido. De resto, foi já noticiado o interesse de empresas como a Disney, a CBS Universal, a Endeavor (dona da UFC) e até de Shahid Khan, pai de Tony Khan (o CEO da AEW), entre outros nomes.

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    Filipe Pereira
    Filipe Pereira
    Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.