Kraft e Kasai: Uma dupla com lugar reservado na história | Saltos de Esqui

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    Com a Taça do Mundo de Saltos de esqui a continuar o seu périplo fora da Europa, eis que a paragem da caravana neste fim-de-semana era a cidade de Sapporo no Japão. Numa jornada marcada, ainda e sempre, pelas ausências de Granerud e Lanisek às quais se juntaram os nomes de Michael Hayboeck e Pavel Wasek, os destemidos atletas teriam pela frente o trampolim Okurayama uma estrutura de 137m, cujo K-Point está localizado aos 123 e que via um record de 148.5m da autoria de Kamil Stoch vigorar desde 2019. Com as bancadas bem mais despidas do que é norma em solo europeu, mas com as condições atmosféricas a ajudar, bastante, assistiu-se a três dias repletos de marcos importantes.

    Com efeito aqui ficam os cinco momentos mais relevantes da última passagem do campeonato fora do velho continente.

    Sindre Ulven Joergensen: Um nome que promete vir para ficar

    A aproveitar da melhor forma as ausências de nomes grados da modalidade no seio da formação norueguesa, o saltador de Oslo foi aos poucos mostrando serviço e ganhando ritmo e confiança no “lago dos tubarões”. Muito descontraído e nada afetado pela responsabilidade de defender uma herança gloriosa de nomes como: Bardal, Jakobsen ou Granerud,  vai conseguindo afirmar-se e consolidar-se de forma bastante consistente  como uma escolha sempre fiável, acertada e adequada. Sempre dentro dos apurados para a ronda final nas provas mais recentes, seria contudo em Sapporo que alcançaria a melhor marca entre a nata, um 11º posto que o fez ser o segundo melhor da sua nação na etapa de sábado, sendo que no domingo embora não tão impressionante voltaria a marcar pontos importantíssimos para alguém que procura ser presença habitual no selecionado viking. Com muito talento, regularidade e boa capacidade técnica, bem se pode pensar que  será um dos nomes a  brilhar num futuro não muito distante, na Champions dos saltos! Terá ele o estofo para pôr em prática todos esses atributos de forma sólida, sem hiatos de nível e com capacidade a almejar grandes conquistas?

    Um relógio made in Japão que aos poucos vai recuperando o tempo perdido!

    Depois de um tímido e periclitante   começo de temporada, onde parecia não carburar, fruto de uma débil preparação durante o Verão, a verdade é que desde pouco antes do começo do torneio dos Quatro Trampolins, Ryoyu Kobayashi  como que ativou o botão da regularidade e ainda não o desligou!  Apesar de estar ainda longe de Kraft no que a triunfos diz respeito ao longo da temporada, tem impressionado pelo número de pódios conseguidos, sendo que nove dessas subidas foram para o degrau intermédio. Batido por poucas décimas no sábado, seria na sequência de mais uma performance bem regular, que lograria ultrapassar Wellinger na geral global , ascendendo assim ao segundo posto da mesma. Agora que entramos no tramo final de mais uma temporada e esquecendo o “baixinho” que está noutro patamar, a grande questão a responder nos próximos eventos será: conseguirá Ryoyu defender o segundo lugar das investidas de Wellinger na disciplina de voos de esqui, onde o alemão se tem revelado mais à-vontade? Ou o nipónico  mostrará progresso nos trampolins gigantes? Certo é que, não obstante mais um fim-de-semana extremamente bem conseguido, faltou a vitória para  o coroar!

    Velhos são os trapos, que o diga Kasai

    Uma lenda dos saltos de esqui e dos desportos de inverno em geral, todos os apaixonados sabem quem é o grande Noriaki Kasai, vencedor de águias douradas, etapas do Torneio dos Quatro trampolins, globos de voos de esqui e uma das figuras da edição de 2014 do campeonato. Pois bem, poucos pensariam que alguém que se tornou profissional destas lides à quase trinta anos, sim está mesmo a ler bem, pudesse não só ainda estar aí para as curvas, como fosse capaz de estabelecer , mais um, recorde de longevidade! O que é facto é que aos 51 anos e a realizar a prova 570 na Taça do Mundo de Saltos de Esqui, o “avozinho”, foi mesmo capaz de resgatar um ponto, batendo assim o record de atleta mais velho de sempre a pontuar para a competição, marca que já lhe pertencia. Exemplos como este provam que cada vez mais, e adotando um estilo de vida saudável, um desportista pode ver a carreira estender-se bem mais tempo do que o previsto. Uma lenda não só pelos êxitos desportivos , mas sobretudo pela sua longevidade, Kasai jamais será esquecido pela grande família dos saltos, tendo lugar na história da modalidade pelo feito conseguido a atuar diante dos seus!

    Depois das trevas, Domen volta a ver a luz!

    O clã mais bem sucedido da história dos saltos de esqui eslovenos, os Prevc são uns verdadeiros fora-de-série nesta modalidade, visto que os quatro irmãos: Peter, Cene, Domen  e Nika, a menina da família já somaram vários êxitos ao mais alto nível. Com Peter a deter, ainda o máximo de vitórias e pontos num só campeonato, a irmã ainda que adolescente vai fazendo grande furor, ao liderar a geral da Taça do Mundo de Saltos de Esqui feminina. Com Cene a retirar-se no começo da temporada anterior e com Peter a seguir-lhe as pisadas no final da atual, estaríamos longe de pensar que Domen escolheria Sapporo para concretizar a sexta vitória da carreira, a primeira desde 2019! A verdade e apesar de ter bastantes dúvidas no final da ronda inaugural, o que é facto é que o habitualmente pouco regular atleta defenderia na perfeição a vantagem de poucas décimas de ponto trazida do primeiro salto, ao superar Koba por muito escassa margem  isso seria mesmo uma realidade! Bem distante desse patamar no domingo, fica, contudo, a grande capacidade de lidar com a pressão que teve , ainda para mais, em terreno hostil! Poderá ele voltar a estes desempenhos e a triunfos a breve prazo, não sendo necessário que para isso tenha de aguardar mais cinco anos?

    Uma “lenda” sem fim anunciado

    Começam a ser curtas e insuficientes as palavras para descrever a temporada e o percurso de Kraft na Taça do Mundo de Saltos de Esqui ao longo dos anos. Um jovem bastante promissor que começou a aparecer e a crescer na sombra de  grandes saltadores austríacos como: Gregor Schlierenzauer, Thomas Morgenstern, Wolfgang Loitzl, Andreas Kofler ou Martin Koch, a verdade é que o “baixinho” apenas está aquém de Schlierenzauer, atleta que com 53 triunfos lidera o ranking de  praticantes  mais vitoriosos da competição. Após nova vitória Kraft igualou os polacos Kamil Stoch e Adam Malysz com 39 sucessos, sendo que agora tentará chegar ao finlandês Matti Nikanen  que leva mais de 43 subidas ao degrau mais alto do pódio na Champions dos saltos! Caso tenha no futuro temporadas tão frutuosas como esta, na qual soma já dez êxitos, bem pode almejar liderar esta tabela, gravando para a eternidade, se é que já não o conseguiu, o seu nome! Um exemplo de : humildade e desportivismo aos quais alia a excelência- Fazem falta mais Kraft’s no desporto mundial.

    Agora e antes de embarcar-mos para Oberstdorf onde iremos para o trampolim grande, a geral global está assim ordenada: Kraft ainda e sempre  comanda ao somar 1381 pontos. Koba é segundo totalizando 1181, ao passo que Wellinger perde um lugar sendo agora terceiro amealhando 1102 pontos.

    O desporto em geral e os saltos de esqui em particular são alvo de todo o destaque no seu BNR. Nós voltamos a ler-nos em Oberstdorf, até lá fique bem, sempre na melhor companhia. Marcamos encontro?

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    Diogo Rodrigues
    Diogo Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.