Lake Placid: Um local inesquecível na carreira de Kos | Saltos de Esqui

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    Era e após 33 anos de ausência interrompidos na temporada anterior, que o Mackenzie Intervale Ski em Lake Placid voltava a acolher os “homens pássaro”, ainda que sem grande neve. Salientar ainda que a estrutura possuía 128m e via o K-Point estar localizado aos 115, como um record de 136m rubricado no ano cessante por Ryoyu Kobayashi. Acrescentar ainda que nações como a Ucrânia, a Turquia e o Cazaquistão, devido aos avultados custos de deslocação, prescindiam da passagem pelos EUA, isto numa etapa onde também se verificavam os desfalques de: Halvor Egner Granerud por opção, Petter Prevc e Anze Lanisek  por lesão e Jan Hoerl por doença.

    Num fim-de-semana igualmente marcado pela prova 500 de Simon Ammann entre a elite e numa jornada na qual os polacos pareciam estar a saltar em casa, tantos eram os compatriotas residentes nesta zona  a dar cor ao espetáculo. Aqui ficam os cinco atletas mais em foco nesta viagem a terras do tio Sam.

    5- Philipp Raimund

    Um jovem que vem sido escolha frequente do corpo técnico germânico de á duas temporadas a esta parte, o vocal e temperamental saltador mostrou neste trampolim que quando está em dia sim pode tornar-se numa ameaça para todos os rivais. Após ter estado longe de entusiasmar na primeira de duas competições realizadas neste trampolim, contrariando as indicações deixadas na qualificação, conseguiu puxar dos galões e brindar-nos com marcas de grande nível na segunda prova. Incapaz de esconder toda a felicidade saiu de Lake Placid com a melhor marca da carreira, bem como conquistou o primeiro pódio de sempre a este nível. Presença fundamental no evento de Super Equipas, onde fazendo dupla com Wellinger conseguiu ser mais afirmativo que o ex campeão olímpico. Deu provas de poder  ser um dos grandes talentos alemães nos próximos anos, tendo capacidade para suceder a nomes como: Paschke, Geiger e Leyhe. Após o segundo lugar aqui conseguido, aposto as minhas fichas, em como se estreará a vencer a breve trecho na Taça do Mundo de Saltos de Esqui, tal a garra, motivação e satisfação reveladas a cada salto. Perante um dos atletas mais entusiasmantes do momento, sendo um dos que mais admiro, concretizará ele todos estes vaticínios tornando-se num dos atletas do seu país mais bem sucedidos ao longo dos próximos anos nesta modalidade?

    4- Marius Lindvik

    Num período em que a Noruega vai passando por uma fase de vários problemas quer dentro, mas principalmente fora dos trampolins, com variados conflitos no seio da Federação de Desportos de Inverno do país, a verdade é que os saltos de esqui vão pagando a fatura dessas clivagens. Depois de uma alegria fruto do triunfo de Forfang no fim-de-semana anterior, ao qual se juntou o primeiro pódio de sempre de Kristoffer Sundal, os vikingues parecem ter descoberto a fórmula mágica, pois Lindvik mostrou todos os predicados que fazem dele o melhor desta nação na geral. Com grande mestria, assertividade e serenidade seria terceiro no primeiro evento do fim-de-semana. Bem regular na prova de duplas, seria vítima da habitual, inconsistência do companheiro Forfang sendo apenas bronze quando lideravam à entrada da derradeira manga. Sempre bastante discreto , mas perto dos postos cimeiros falta-lhe apenas aquele extra que o possa catapultar para níveis idênticos aos que já mostrou no passado e que o levaram a discutir  um Torneio dos Quatro Trampolins. Discussão essa interrompida por uma forte dor de dentes que o fez estar privado do restante  certame. Um dos atletas que melhor se adapta e convive com as diferentes especificidades de cada trampolim, Marius é um saltador que pode, e deve dar bastantes alegrias aos nórdicos no futuro, dada a qualidade que sabemos  possuir. Terá ele capacidade para subir, ainda mais, a sua forma e voltar a dias gloriosos no decorrer do presente campeonato?

    3- Ryoyu Kobayashi

    A regularidade em pessoa, com tal epíteto a ganhar forma após vencer mais uma águia dourada, o nipónico continua a dar mostras de  se sentir extremamente confiante em todo o tipo de estruturas, mesmo naquelas que não vão tão de encontro  às suas caraterísticas morfológicas. Sempre focado na regularidade, é dos poucos que não arrisca um salto falhado, optando ao invés disso por adotar uma toada mais conservadora e na qual privilegia a obtenção  de pontos, importantes, para melhorar o pecúlio na geral da Taça do Mundo de Saltos de Esqui. Um dos atletas mais vitoriosos deste desporto, ainda em atividade, vai paulatinamente encetando uma recuperação que abre boas perspetivas para um, eventual , novo globo de cristal. Com uma capacidade de trabalho, concentração e foco fora de série, a verdade é que Ryoyu nunca dá mostras de fraqueza ou debilidade. Acredito que a manter esta  forma e aproveitando uma dupla jornada no seu país natal,  possa aproximar-se ainda mais da concorrência, não ficando espantado se saísse de Sapporo com mais 200 pontos em carteira. Será ele capaz de dar essa alegria aos adeptos nipónicos?

    2- Stephan Kraft

    Vindo do pior fim-de-semana da temporada em Willingen, onde não conseguiu subir ao pódio em nenhum dos dois dias, pensava-se  que o “baixinho” pudesse acusar o toque, isto até porque as queixas na zona lombar pareciam voltar a fazer-se sentir. Este cenário parecia , ligeiramente, menos provável depois da demonstração de força tida na ronda qualificativa, onde esteve entre os melhores e na qual se mostrou perfeitamente em forma. Liderando com um voo acima dos 130m na primeira ronda, ficaria uma vez mais latente que no desporto não existem imbatíveis e que os azares acontecem mesmo aos predestinados. Desta vez seria ele  a vítima, pois não faria valer a vantagem trazida e com um erro técnico conforme admitira instantes mais tarde “cairia” para fora do Top 20 graças a uma horrível marca na casa dos 104m. Com uma fibra invulgar  seria  horas mais tarde na companhia de Hayboeck que  resgataria o triunfo para a Áustria nas Super Equipas, reforçando deste modo a sua hegemonia em eventos coletivos. Líder com uma interessante margem na geral global, creio, que a manter estes níveis de confiança, forma e capacidade de conviver com as adversidades se perfila  para voltar a tocar o grande globo de cristal, com o samurai Koba a parecer ser o único a ter estofo para o impedir.

    1-Lovro Kos

    Várias vezes a ameaçar o primeiro pódio da carreira entre a nata no decurso da presente época, registando já quatro quartos lugares ao longo do campeonato, foi com a mais elementar justiça, mérito e sacrifício que  finalmente alcançaria o objetivo. Sexto concluída a ronda inaugural no sábado, foi e beneficiando do agravamento das condições bem como do abaixamento do portão para os saltos finais, não estando em causa qualquer retirar de mérito ao esloveno, que o jovem atleta de Planica “picaria” pela primeira vez o ponto na Champions dos saltos. Muito concentrado, sempre de rosto compenetrado e imperturbável , estes foram aspetos  fundamentais para um momento que já mais apagará da memória. Menos bem no evento de duplas, foi o mais regular individualmente, dado ter vencido a qualificação e sido ainda segundo no domingo em igualdade pontual com Raimund. Muito emocionado e de sorriso largo no momento em que viu confirmada a vitória tão sonhada, já mais Kos acreditava que a etapa em Lake Placid ficaria para o resto dos seus dias eternizada como o momento mais alto de uma carreira que espera gloriosa, sendo que acredito possa somar êxitos ainda mais relevantes no futuro. Dará ele sequência a este duplo pódio escalando ainda mais na classificação global, voltando quem sabe a vencer ainda no presente campeonato?

    Agora e antes de fazer escala em Sapporo no fantástico Okurayama, a geral da Taça do Mundo de Saltos de Esqui está assim: Kraft mantém-se na frente ao somar 1236 pontos, seguido de Wellinger que leva 1027, enquanto que Kobayashi é terceiro a seis pontos  do rival germânico. Nós voltamos a ler-nos em Sapporo. Até lá já sabe, fique bem , sempre na melhor companhia.

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    Diogo Rodrigues
    Diogo Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.