O panorama feminino no mês de dezembro | Esqui Alpino

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    Após um novembro com menos dias de competição, fruto das inúmeras provas que tiveram de ser canceladas, dezembro trouxe mais ação, para o contentamento dos fãs de modalidade.

    No derradeiro mês do ano de 2023, ao contrário do que havia acontecido no mês anterior, os homens e as mulheres tiveram a oportunidade de competir nas quatro disciplinas da Taça do Mundo e houve alterações nas classificações em todos os “campos de batalha”. Por um lado, no que toca ao calendário feminino, as senhoras, após um fim de semana de disciplinas técnicas em Killington, nos Estados Unidos da América (nos dias 25 e 26 de novembro), prolongaram a sua estadia na América do Norte para a realização de duas provas de Slalom Gigante no Canadá, em Tremblant (no fim de semana de 2 e 3 de dezembro); retornaram depois para a Europa, para se dedicarem à velocidade na Suíça, em St. Moritz (nos dias 8 e 9 de dezembro); atravessaram, de seguida, a fronteira franco-suíça para mais duas provas de velocidade em Val d’Isère (no fim de semana de 16 e 17 de dezembro); permaneceram mais um dias em França para a disputa de uma prova de Slalom em Courchevel (no dia 21 de dezembro); e competiram pela última vez em 2023 na Áustria, onde se realizaram uma prova de Slalom e outra de Slalom Gigante (nos dias 28 e 29 de dezembro, respetivamente).

    Serve, portanto, este artigo para apresentar um resumo das provas, das classificações e das exibições do mês de dezembro, no setor feminino.

    A EXPERIÊNCIA É UM POSTO

    Neste mês de dezembro, os admiradores da modalidade puderam assistir a mais uma demonstração de qualidade de algumas das atletas mais experientes do circuito mundial de Esqui Alpino: Federica Brignone no lugar mais alto do pódio por três vezes distintas; Mikaela Shiffrin outras três; Sofia Goggia uma; Petra Vlhova outra; e Jasmine Flury uma também. Destas cinco atletas, todas elas já competem na Taça do Mundo há dez ou mais anos, mas continuam a disputar com mais ou menos regularidade os lugares cimeiros das classificações e esperam permanecer neste registo pelo menos até ao final desta época já em andamento.

    Slalom Gigante

    Após as provas de Slalom Gigante de Soelden e Killington, Lara Gut-Behrami liderava as contas da disciplina, com Brignone e Alice Robinson no seu encalço. No Canadá, a vice-líder não deixou margem para dúvidas: o colete vermelho da disciplina deveria ser ostentado por ela e não pela suíça Gut-Behrami. Duas provas foram disputadas no Canadá e as duas foram vencidas pela italiana Brignone. A italiana dominou Mont-Tremblant, tendo assegurado os seus triunfos com a liderança na primeira manga na primeira prova e uma segunda manga canhão na segunda prova. No dia 2 de dezembro foi acompanhada no pódio por Vlhova e Shiffrin, respetivamente; e no dia 3 de dezembro juntaram-se a ela nos lugares mais baixos do pódio Gut-Behrami e Shiffrin, respetivamente.

    Após as quatro mangas de Slalom Gigante no Canadá, realizou-se ainda uma prova antes do final do ano em Lienz, na Áustria. Aí, Shiffrin dominou a primeira manga, deixando a mais de meio segundo a mais direta perseguidora, Sara Hector, e na segunda manga só teve de completar o traçado de forma tranquila, sem percalços. No final, pôde erguer os braços na cerimónia de meta, terminando com Brignone e Hector mais próximas de si, respetivamente.

    Na passagem de 2023 para 2024, a liderança das contas da disciplina é de Federica Brignone, que, com 400 pontos, encontra-se à frente de Lara Gut-Behrami e Mikaela Shiffrin, com 365 e 320 pontos, respetivamente. A completar o top 5 da disciplina estão Petra Vlhova e Sara Hector, por esta ordem.

    A melhor foi…

    Federica Brignone. Ao vencer duas provas e ao terminar no segundo lugar na outra, adquiriu naturalmente este estatuto da melhor do mês no Slalom Gigante. Há que destacar que nas três provas fez sempre melhor tempo numa das três mangas e que na segunda prova no Canadá conseguiu o feito inacreditável de recuperar cinco posições da primeira manga para a segunda e uma liderança de quase um segundo. Brignone é a líder da disciplina, porque em dezembro foi simplesmente a melhor e a mais consistente.

    Esperava-se mais de…

    Ragnhild Mowinckel. A norueguesa, medalha de bronze de Slalom Gigante nos Campeonatos do Mundo de Esqui Alpino de 2023 e top 10 das contas finais da disciplina nos últimos dois anos ainda não se encontrou nesta temporada. A qualidade da já experiente norueguesa é inegável, mas este ano os resultados não têm transparecido essa qualidade, já que soma apenas 51 pontos em Slalom Gigante e ocupa a 21.ª posição na classificação da disciplina.

    A melhor sub-25 foi…

    Zrinka Ljutic. A jovem croata, vice-campeã mundial de Slalom Gigante em 2022, tem-se vindo a estabelecer no panorama internacional da modalidade com várias boas exibições. Após um mês de novembro sempre a pontuar nas provas, continuou a acumular pontos em dezembro, melhorando ainda mais as suas classificações. Após um 14.º lugar, um 7.º lugar e um 10.º lugar nas provas de dezembro, conseguiu melhorar a sua classificação na disciplina e é, neste momento, a nona melhor colocada.

    Slalom

    No final de novembro, depois de três provas de Slalom realizadas, Shiffrin liderava, seguida de Lena Duerr e Vlhova. Este mês realizaram-se mais duas provas e as duas de costume voltaram a “picar o ponto”. Em Courchevel, a eslovaca Vlhova, com uma segunda manga superior, bateu a norte-americana Shiffrin, tal como Katharina Truppe, no terceiro lugar. Já na pista de Schlossberg (em Lienz), oito dias depois, foi Shiffrin a sair vitoriosa, com o melhor tempo em ambas as mangas, de forma a não deixar quaisquer dúvidas acerca de quem tinha sido a melhor naquela pista de esqui. A completar o pódio ficaram Duerr e Michelle Gisin, ambas a mais de dois segundos de Shiffrin, com Vlhova a terminar em quinta. Quanto às contas da disciplina, a liderança é de Shiffrin que, com 430 pontos, tem no seu encalço Vlhova, com 325, e Duerr, com 270. Às portas do pódio estão Gisin e Hector.

    A melhor foi…

    Mikaela Shiffrin. A maior vencedora de sempre de etapas da Taça do Mundo dividiu os triunfos do mês na disciplina com Vlhova, mas foi mais regular que esta. Aumentando a sua liderança na classificação do Slalom e oferecendo aos admiradores da modalidade uma autêntica exibição em Lienz, o título de melhor do mês do Slalom é dela por direito.

    Esperava-se mais de…

    Ana Bucik. A eslovena, top 10 da disciplina nas últimas duas épocas, não encontrou ainda o seu melhor nível a esquiar e tem como melhores resultados esta época dois 18.º lugares. A esquiadora, natural de Nova Gorica, está no 27.º lugar da tabela classificativa e tem ainda meia dúzia de provas de Slalom até ao final da temporada para mostrar que vale muito mais do que aquilo que fez até agora.

    A melhor sub-25 foi…

    Ali Nullmeyer. A canadiana tem sido uma das mais regulares do circuito esta época, tendo pontuado em todas em provas e nunca menos de 20 pontos em cada uma delas. Neste momento, é a sexta melhor classificada da disciplina e é a melhor sub-25 no Slalom até ao momento.

    Super-G

    A disputa pelo título do Super-G feminino iniciou-se no dia 8 de dezembro, em St. Moritz, e teve dois capítulos em dezembro, o primeiro em St. Moritz e o segundo em Val d’Isère, ambos escritos por italianas. Na histórica pista Corviglia, foi Goggia a entrar com o pé direito, tendo superado o tempo da segunda melhor, a austríaca Cornelia Huetter, por quase um segundo e a terceira classificada, Gut-Behrami, por mais de um segundo. Já em Val d’Isère, foi a líder do Slalom Gigante, Brignone a estabelecer o melhor tempo, à frente de Kajsa Vickhoff Lie e de Goggia.

    À partida para as provas de janeiro, a liderança do Super-G é de Goggia, com 160 pontos, mais 15 que Brignone e mais 30 que Huetter. A fechar o top 5 estão Vickhoff Lie e Gut-Behrami e Haehlen (ambas empatadas com 60 pontos).

    A melhor foi…

    Sofia Goggia. A italiana iniciou a sua temporada de Super-G com uma demonstração de superioridade em St. Moritz e complementou esta vitória com um terceiro lugar em Val d’Isère. Sendo a única a conseguir estar no pódio nas duas provas e sendo a atual líder da disciplina, tem de ser considerada a melhor do Super-G em dezembro.

    Esperava-se mais de…

    Marta Bassino. A italiana, campeã do mundo em título de Super-G, tem estado aquém das expectativas e, até ao momento, ainda não conseguiu demonstrar a sua qualidade nesta disciplina. Das duas provas em que esteve à partida, uma delas não a completou e a outra terminou no sétimo lugar. Com isto, é neste momento, 15.ª classificada da disciplina e espera-se que, com o decorrer da época, venha a subir na classificação.

    A melhor sub-25 foi…

    Kajsa Vickhoff Lie. A norueguesa está cada vez mais consolidada no elenco de luxo de velocidade da Taça do Mundo feminina. Esta época tem um segundo lugar a atestar a sua qualidade, que a eleva até à quarta posição da classificação geral de Super-G e espera-se dela outros ótimos resultados até ao final da época.

    Downhill

    Duas etapas de downhill foram disputadas até ao momento, uma em St. Moritz e outra em Val d’Isère, ambas em dezembro. Na Corviglia, em St. Moritz, a super polivalente Shiffrin inaugurou a época de Downhill de 2023/2024 com um triunfo surpreendente, prevalecendo sobre a dupla italiana Goggia-Brignone. Já em Val d’Isère, foi Jasmine Flury a estabelecer o melhor tempo na pista francesa, superando Haehlen e Huetter.

    Com duas provas realizadas, a líder, Goggia, acumula 130 pontos, 17 mais do que aqueles que foram obtidos por Flury e 20 mais do que Huetter. A completar o top 5 estão Shiffrin e Brignone.

    A melhor foi…

    Jasmine Flury. Das duas esquiadoras que venceram provas de Downhill, a suíça é aquela que tem mais pontos, devendo, portanto, ser distinguida, entre as vitórias, pela sua maior regularidade até ao momento.

    Esperava-se mais de…

    Corinne Suter. A suíça, atual campeã olímpica de Downhill, encontra-se ainda distante do nível requerido para vencer provas, esperando-se que, nos próximos meses, possamos ver a verdadeira velocista que habituou os aficionados a vitórias e pódios regulares. Ocupa, neste momento, a décima posição da tabela classificativa, que não é, garantidamente, condizente com a sua qualidade.

    A melhor sub-25 foi…

    Emma Aicher. A jovem alemã, uma das mais polivalentes esquiadoras da nova geração, está a fazer uma excelente temporada em Downhill e é a 13.ª classificada das contas da disciplina, imediatamente atrás da sua chefe de fila, Kira Weidle.

    Classificação geral

    A disputa pelo Globo de Cristal mais desejado, o da Classificação Geral da totalidade das quatro disciplinas, parece estar, para já, controlada pela maior dominadora dos últimos anos, Shiffrin, mas “ainda a procissão vai no adro”.  Shiffrin soma 900 pontos, sendo perseguida por Brignone, com 637; por Vlhova, com 572; por Gut-Behrami, com 469; e por Goggia, com 428.

    A mais consistente do mês foi…

    Mikaela Shiffrin. Com três vitórias em três disciplinas distintas e com a liderança na classificação do Slalom e na Classificação Geral, a norte-americana é a atleta em evidência no final do ano de 2023.

    A surpresa do mês foi…

    A vitória de Jasmine Flury em Val d’Isère. Apesar de ser a atual campeã do mundo em título de Downhill, já não vencia na Taça do Mundo desde 2018 e nunca terminou no top 10 da disciplina na Taça do Mundo. Apesar da medalha de ouro conquistada nos Campeonatos do Mundo de 2023 em Downhill, não deixa de ser uma semi-surpresa o seu triunfo nos Alpes Franceses.

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    Miguel Monteiro
    Miguel Monteirohttp://www.bolanarede.pt
    O Miguel é um estudante universitário natural do Porto, cuja paixão pelo desporto, fomentada na infância pelos cromos de Futebol que recebia e colava nas cadernetas, considera ser algo indescritível. Espetador assíduo de uma multiplicidade de desportos, tentou também a sua sorte em algumas modalidades, sem grande sucesso, tendo encontrado agora na análise desportiva uma oportunidade para cultivar o seu amor pelo desporto e para partilhar com os demais as suas opiniões, nomeadamente de Ciclismo, modalidade pela qual nutre um carinho especial.