O INÍCIO NO “MONSTRO DO DESERTO”
Em 98 participa pela primeira vez no Rali Paris-Dakar, não terminando o exigente percurso pois é forçada ao abandono fruto de um problema mecânico quando levava sete etapas percorridas. A mesma admitiria anos mais tarde que tal se devera à sua inexperiência .
No ano seguinte com uma KTM Rali, tenta novamente, mas desta feita foi o deserto a castigá-la quando à 8ª tirada viu um “erg” de areia fina calar o motor da moto do construtor austríaco.
Com a persistência que todos lhe reconhecem a atleta volta a tentar aventurar-se nas dunas da Mauritânia em 2000 e em parceria com Mário Brás escrevem uma bonita história para o desporto Português, concluem entre os 50 primeiros à geral, com a piloto a terminar em 13º lugar na Taça do Mundo absoluta, arrecadando o triunfo nas senhoras.
O ano veio ainda com uma novidade! Elisabete estreia-se ao volante de um automóvel, ao mais alto nível em Optiroc, com a jornalista Cecília Carmo no papel de co-piloto terminam a prova, mesmo que longe dos lugares da dianteira.
A portuguesa faz ainda algumas participações entre 2005/07 no Lisboa Dakar na categoria de camiões, mas a prova anulada em 2008 veio fazer com que este mítico rali sai-se do seu calendário.
O ÁFRICA ECO RACE: UM CAPÍTULO DE SUCESSO
O África Eco Race 2019, nos Camiões, tem uma mulher portuguesa vencedora! São 16 anos de perseverança e ambição. Como Elisabete Jacinto diz: ‘que este feito desportivo sirva de inspiração para outras mulheres, que tenham os seus sonhos, e queiram lutar por eles!’ pic.twitter.com/ntxYnWgHZQ
— João Paulo Rebelo (@jprebelo_sejd) January 13, 2019
Desde então a piloto opta por concentrar as suas atenções na preparação anual para competir na recém criada prova: o África Eco Race. Num percurso que compreendeu 11 participações com oito pódios. O ponto máximo chegaria em 2018 com a conquista da geral, englobando carros e camiões, feito já mais esquecido pelos aficionados!
ELISABETE E O MUNDO DA ESCRITA
A piloto de 58 anos conta com três livros editados: “Irina no Masters Rali” em parceria com a Plátano Editora, onde conta as aventuras vividas ao longo da carreira. Segundo a mesma a obra premiada como melhor Cartoon em 2007, na cidade do Porto, é uma BD que tem como objetivo mostrar aos jovens que é possível viver emoções muito para além de um ecrã de computador. Fazem ainda parte do seu currículo o livro: “Os tugas no Dakar”, uma BD que conta as histórias da natural do Montijo, bem como dos primeiros pilotos lusos a pisar as areias mais temidas do mundo. O último em parceria com o fotojornalista Mário Cunha conta em imagens as principais conquistas e desilusões desportivas da sua carreira.
Audaz, batalhadora e inspiradora, assim é uma mulher com M grande, que não se atemorizou com a presença em alguns dos mais duros ralis do mundo e que desafiou um meio ainda dominado pelo sexo masculino. Uma referência intemporal do desporto nacional.