A corrida: Russell domina do início ao fim e a McLaren celebra o bicampeonato mundial de construtores
George Russell nunca pareceu disposto a partilhar o protagonismo. Depois de uma volta magistral na qualificação, o britânico da Mercedes deixou claro que a vitória lhe pertencia. Arrancou limpo, impôs o seu ritmo e regressou das boxes com tudo. O triunfo nunca esteve em causa.
Lando Norris também protagonizou um arranque impressionante. Depois de uma qualificação aquém do esperado, o britânico da McLaren ultrapassou logo nas primeiras curvas Kimi Antonelli e o companheiro de equipa, Oscar Piastri.
Houve toque entre os dois carros “papaia”, anotado mas não investigado pela direção de corrida. Piastri pediu a devolução da posição, mas a equipa optou por não interferir. No fim, ambos danificaram ligeiramente a asa dianteira, sem consequências de maior.
Kimi Antonelli foi a nota dissonante no arranque. O jovem italiano perdeu posições e ritmo, incapaz de acompanhar o desempenho dominante de Russell.
Depois da paragem nas boxes, foi atrás do prejuízo e conseguiu ainda um quinto lugar. O rookie continua a demonstrar maturidade e uma adaptação notável aos circuitos urbanos.
As paragens começaram cedo: Gabriel Bortoleto foi o primeiro a visitar as boxes, na volta 14, com direito a troca de asa dianteira.
Entre os líderes, Max Verstappen antecipou-se na volta 20. Descartou os pneus macios, que não surtiram efeito no Red Bull, e montou duros.
O líder, George Russell, respondeu seis voltas depois, trocando também para os compostos duros. O britânico chegou a ponderar ficar em pista na procura do grand slam, mas optou pela prudência.
Lando Norris herdou temporariamente a liderança, mas parou logo na volta seguinte. Desta vez, a McLaren acertou no timing e na execução.
Já Piastri não teve a mesma sorte: na volta 28, voltou a ser vítima de mais uma paragem lenta, um problema que se tem tornado marca registada em Woking.
Na outra ponta da tabela, Lance Stroll e os Williams prolongaram a vida dos pneus até ao limite, com o canadiano a estender o primeiro turno até à volta 38 com o composto macio.
A durabilidade inesperada levantou dúvidas: estarão os compostos da Pirelli a perder distinção entre si?
A corrida quase mudou de rumo na volta 44, quando Nico Hülkenberg perdeu o controlo do Sauber. No entanto, o alemão evitou as barreiras e escapou sem danos, frustrando as esperanças de um safety car que poderia baralhar as contas.
Carlos Sainz, que foi o último a ir às boxes, terminou em 10.º depois de arrancar da última posição da grelha. Podemos considerar um verdadeiro “Smooth Operator” do espanhol da Williams?
Surpreendentemente, foi a Ferrari a protagonizar uma das melhores jogadas estratégicas do dia. Lewis Hamilton, em corrida difícil, foi chamado às boxes pela segunda vez. Calçou pneus macios e lançou-se em perseguição a Kimi Antonelli e Chareles Leclerc.
Chegou mesmo a ultrapassar o monegasco, com ordens de equipa à mistura , mas um problema nos travões travou o ímpeto do britânico.
Perdeu posições, recebeu uma penalização de cinco segundos e caiu para oitavo. De consolo, levou a volta mais rápida da corrida, quebrando o recorde que pertencia a Daniel Ricciardo.
A luta mais intensa surgiu pelo segundo lugar, entre dois velhos conhecidos: Max Verstappen e Lando Norris. O campeão mundial segurou a posição, apesar dos problemas que foi relatando via rádio. O Red Bull mostra sinais claros de recuperação, o que promete mais emoção para os últimos seis Grandes Prémios da temporada.
No final, os fogos de artifício iluminaram George Russell e a Mercedes, mas também a McLaren, que conquistou o bicampeonato mundial de construtores.
A equipa britânica chega agora aos dez títulos e torna-se a segunda mais titulada da história da Fórmula 1.
George Russell venceu pela primeira vez no continente asiático com uma performance irrepreensível. A Mercedes não complicou: estratégia sólida, ritmo consistente e execução perfeita. A qualidade alemã a que já fomos habituados.
Mas fica a dúvida no ar: quando é que virá, afinal, a renovação de contrato com George Russell?
Piloto do Dia

George Russell teria sido o justo vencedor deste título, mas Fernando Alonso roubou-lhe o protagonismo com a sua habitual astúcia.
O espanhol arrancou bem, teve uma paragem problemática e até ameaçou desligar o rádio, mas acabou por brindar-nos com mais um momento de humor e classe. Depois de uma ultrapassagem, comentou ironicamente que teria de entregar o troféu “ao herói da corrida”.
Terminou em sétimo, garantindo pontos preciosos para a Aston Martin e uma exibição que provou, mais uma vez, que a experiência continua a falar alto.
Desilusão

A Ferrari. Mesmo com lampejos estratégicos, a Scuderia continua presa a uma temporada inconsistente. Brilham às sextas, perdem o rumo aos sábados e tentam reencontrar-se aos domingos, mas em Singapura, nem isso conseguiram.
Daqui a quinze dias, o circo da Fórmula 1 ruma a Austin, no Texas. O campeonato de construtores já está decidido, mas ainda há muito por decidir na luta do campeonato de pilotos.