Procura-se emoção na Fórmula 1 em 2023

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    A Fórmula 1 em 2023 já vai com 11 Grandes Prémios disputados, o que equivale a dizer que já percorremos metade da temporada (vão ser disputadas 22 provas no total). O balanço desta primeira metade de temporada é muitíssimo positivo para a Red Bull, positivo para outras equipas, negativo para outras. E para o fã da Fórmula 1, qual o balanço que se pode fazer?

    A resposta dependerá sempre do tipo de fã, mas este que escreve este texto está algo frustrado com o rumo da temporada. Nem sou o tipo de pessoa que se importa muito em ter uma mão-cheia de corridas mais aborrecidas durante uma temporada inteira, mas, olhando para as provas realizadas até agora, teria dificuldade em encontrar uma mão-cheia de corridas realmente entretidas. As pessoas poderão dizer-me que tenho de aprender a ver as corridas para além da luta pela vitória, mas, quando apanho 11 corridas consecutivas em que essa luta pela vitória não existe (com exceção de duas lutas à distância entre colegas de equipa), e, entre essas 11 provas, há bastantes em que pouco mais acontece, acredito que a razão para o fã de Fórmula 1 estar frustrado tem razão de existir.

    Já sei (e quem não sabe, é melhor que fique a saber) que temporadas como a de 2021 são a exceção e não a regra. Épocas como essa, em que quase todas as provas dão excelentes corridas e em que o título é discutido até à última volta da última ronda, são bastante raras, mas seria difícil imaginar que, apenas dois anos depois, estaríamos numa situação destas. Com a entrada dos novos regulamentos, tivemos um início de campeonato de 2022 animado, com a Ferrari e a Red Bull a protagonizarem uma animada luta lá na frente, até que a Ferrari se foi autodestruindo. Ainda assim, a época passada teve várias corridas interessantes, mesmo tendo chegado a um ponto em que o vencedor fosse quase sempre o mesmo.

    O pior desta temporada é que, mantendo-se a constância desse vencedor, a emoção das corridas desapareceu. George Russell previu no início do ano que a Red Bull iria vencer todas as corridas este ano, e, mesmo que ainda possa haver alguma prova em que o melhor carro seja afetado por algum problema que lhes tire a vitória, a verdade é que desde cedo percebemos que são favoritíssimos a vencer todas as corridas. E atrás deles, muitas mudanças, mas pouco entusiasmo. A Aston Martin começou bem, mas está a perder rendimento, a McLaren vem em sentido contrário, a Mercedes melhorou desde o início do ano, mas ainda está num registo de muitos altos e baixos, e a Ferrari está igual a si própria, no sentido em que falha mais do que acerta.

    Antes que me interpretem mal, é importante esclarecer que Max Verstappen e a Red Bull não podem de maneira nenhuma ser criticados por esta falta de emoção. Se há quem esteja a fazer bem o seu trabalho, são eles, com Verstappen a fazer questão de, mesmo não tendo rival à altura, ser perfecionista ao ponto de querer fazer tudo bem (e faz sempre). Mas, a partir do momento em que Sergio Pérez entrou numa espiral de péssimas qualificações, e face à enorme distância para os outros carros, perdemos o único piloto que poderia de vez em quando incomodar o atual e futuro campeão na frente das corridas. E, se já é difícil para um devoto seguidor da Fórmula 1 manter-se interessado numa temporada em que o conceito ‘luta pela vitória’ não existe, imagino as pessoas que se ligaram à Fórmula 1 depois da magnífica época de 2021.

    Também é verdade que a Fórmula 1 foi quase sempre feita de domínios, sendo que este está longe de ser o único ano em que toda a gente já sabe quem vai ser o campeão antes de chegarmos a metade da temporada. Mas, mesmo nessas temporadas (2020, por exemplo), houve sempre mais do que um ‘corridão’ para as pessoas se entreterem. Este ano, isso não existiu, e as indicações apontam no sentido de que não vai acontecer. Esperemos que esteja enganado.

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    Bernardo Figueiredo
    Bernardo Figueiredohttp://www.bolanarede.pt
    O Bernardo é licenciado em Comunicação Social (jornalismo) na Universidade Católica de Lisboa e está a terminar uma pós-graduação em Comunicação no Futebol Profissional, no Porto. Acompanha futebol atentamente desde 2010, Fórmula 1 desde 2018 e também gosta de seguir ténis de vez em quando. Pretende seguir jornalismo desportivo e considera o Bola na Rede um bom projeto para aliar a escrita ao acompanhamento dos desportos que mais gosta.