GP Áustria: Assim valeu a pena esperar

    Depois de 217 dias sem os carros de Fórmula 1 se alinharem na grelha de partida; depois de quatro meses em que dúvida da existência de uma temporada e um regresso continuava no ar; e depois de a COVID-19 ter virado o mundo de pantanas e os fãs do desporto ressacarem pelo cheiro a gasolina e borracha queimada, hoje, em pleno Red Bull Ring na Áustria, o mundo voltou a ser um pouco mais normal. E, meus amigos, que corrida que tivemos como recompensa pela demora.

    A CORRIDA: UMA AVARIA PARA TI, OUTRA AVARIA PARA TI E TOMA LÁ MAIS UMA TAMBÉM PARA TI

    Vamos cortar gordura nesta primeira parte: Valtteri Bottas (Mercedes-AMG) venceu, após sair de pole position, e nem com um Lewis Hamilton (Mercedes-AMG) esfomeado em perseguição cometeu um único erro, com um fantástico controlo e gestão da liderança. A partir do segundo lugar, foi uma autêntica selva de peças partidas, motores fumegantes, penalizações discutíveis e ultrapassagens fantásticas. Charles Leclerc (Ferrari) foi surpreendentemente o segundo classificado, e, para quem não percebe o porquê de ser surpresa, digamos que os cavalinhos italianos em performance parecem ser a quinta equipa mais rápida.

    Apesar dos óbvios defeitos do carro, Leclerc fez uma excelente corrida, aproveitando os erros e problemas dos adversários e executando duas ultrapassagens essenciais a Lando Norris (McLaren) e Sergio Perez (Racing Point), que o colocaram no pódio. O pequeno Lando foi a estrela do dia, com uma corrida extremamente madura que lhe permitiu obter o seu primeiro pódio da carreira e o segundo da McLaren em seis anos.

    Lewis Hamilton, a certo ponto, parecia ter a corrida prestes a entrar no bolso, mas os Mercedes estavam a lidar mal com os agrestes limites da pista austríaca, e a equipa pediu para tanto ele e Bottas se acalmarem e manter posições. Mas o que o britânico da Mercedes não esperava era que Alexander Albon (Red Bull) aproveitasse a vantagem dos seus pneus macios para também ir à luta.

    Como se de um Déja Vu para a corrida do Brasil 2019 se tratasse, Albon tentou ultrapassar Hamilton – houve um toque que forçou o despiste do Red Bull. Instalou-se a polémica, porque Hamilton recebeu uma penalização de cinco segundos por causar uma colisão. Esta é uma situação difícil de analisar. Albon está de tal forma à frente que a roda dianteira do piloto da Mercedes embate na roda traseira do piloto da Red Bull. Contudo, Hamilton não tem muito para onde ir porque já está com o volante totalmente virado, sendo a única opção travar. Vendo que o único que naquele preciso momento tinha uma opção era Hamilton, acredito que a penalização é justa, mas não ficaria revoltado se fosse considerado um incidente de corrida.

    Outro alguém que cheirou o prometido pódio toda a corrida e acabou desiludido foi Sergio Perez (Racing Point). O mexicano esteve no sítio certo e no momento certo em toda a corrida, tirando nas últimas voltas, onde algumas decisões estratégicas duvidosas e uma penalização por excesso de velocidade na pit lane o atiraram para fora do top 5. Apesar de tudo, e mesmo vendo o carro de Lance Stroll a ser um dos que não aguentaram a dureza do circuito, os sinais são positivos para a Racing Point, que, em velocidade pura, mostra ser a terceira melhor equipa neste momento.

    A nova Alpha Tauri (antiga Toro Rosso) faz parte do leque de equipas em que apenas um homem terminou a corrida. Pierre Gasly, com uma corrida silenciosa, mas certinha, conseguiu um sétimo lugar bem útil para a equipa. Danill Kvyat viu a sua suspensão traseira desintegrar-se devido às lombas exteriores da pista.

    Para os lados da Renault, também só um homem passou a bandeira axadrezada, e foi Esteban Ocon, que se pode dar por feliz pelo oitavo lugar conseguido. Isto tendo em conta que tinha estado bem abaixo das expectativas e do ritmo demonstrado pelo seu colega de equipa (Daniel Ricciardo) durante todas as sessões, que deixou a corrida ainda nas primeiras voltas, com falhas no motor Renault.

    No que diz respeito à Alfa Romeo, os dois pontos de Antonio Giovinazzi foram um consolo pelo desastre que foi a falha das rodas de Kimi Raikkonen, sendo que o italiano ainda batalhou com Sebastian Vettel pelo nono lugar, saindo por cima!

    Para a Haas e para a Williams, foi uma corrida praticamente invisível, sendo apenas a imagem colocada neles quando decidiam experimentar rally (Romain Grosjean) ou o carro falhava como tantos outros (George Russel e Kevin Magnussen).

    Foi uma excelente corrida para os fãs, uma merecida compensação pela espera a que a COVID-19 nos sujeitou. Parece ser mais um ano de domínio da Mercedes, mas a batalha do segundo pelotão está tão interessante que nem importa. Para a semana estamos de volta ao mesmo circuito. Que seja tão bom, ou melhor, e as equipas que tragam mais peças.

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    Luís Manuel Barros
    Luís Manuel Barros
    O Luís tem 21 anos e é de Marco de Canavezes, tem em si uma paixão por automobilismo desde muito novo quando via o Schumacher num carro vermelho a dominar todas as pistas por esse mundo fora. Esse amor pelas 4 rodas é partilhado com o gosto por Wrestling que voltou a acompanhar religiosamente desde 2016.                                                                                                                                                 O Luís escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.