Da glória ao fracasso. A queda da Honda na MotoGP

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    Desde a temporada de 2020 as coisas não parecem estar fáceis para a Honda nas competições de MotoGP. Mal conseguem terminar uma corrida longa e ocupam, neste momento, o último lugar do campeonato de construtores.   

    Mas nem sempre foi assim. 

    Desde 2000 a Honda conseguiu ganhar um total de 22 títulos na categoria rainha de motos, ou seja, mais do que qualquer outro fabricante. Dos 22, dez são do mundial de pilotos, dos quais seis foram conseguidos pelo espanhol Marc Márquez e 12 no mundial de construtores. E mesmo não vencendo em anos como 2008, 2009, 2010, 2012 e até 2015, foram sempre oponentes notáveis, tendo mesmo conseguido feitos marcantes no início dos anos 2000. 

    Antes de se intitular MotoGP, a Fórmula 1 das motos era conhecida como 500cc. E curiosamente foi Valentino Rossi, na altura piloto da Honda, que marcou o fim mas também o início da nova era da competição. Mais curioso ainda, é o facto de ter sido também Rossi a assinalar o começo de uma fase de glória para a Honda, ou pelo menos, isso parecia. 

    Rossi trouxe à marca japonesa esperança ao vencer três anos consecutivos a pilotar Honda. A primeira vitória marcante foi o último campeonato da 500cc em 2001 com uma Honda NSR 500, no ano seguinte tornou-se o primeiro campeão da, agora intitulada, MotoGP com uma Honda RC 211V. E em 2003, com a mesma mota, conseguiu renovar o título de campeão. 

    Porém os anos de glória da Honda com Valentino Rossi duraram pouco devido a uma proposta por parte da concorrente, também japonesa, Yamaha. E ao contrário do que se possa pensar, não foram as vitórias e performance da Yamaha que levaram o italiano a trocar de equipa, sobretudo que a Yamaha não estava a passar por um bom período. Mas a sensação de desvalorização que o piloto sentia por parte da Honda que, pelo que consta, tinha mais orgulho na sua RC 211V do que no sucesso e talento do piloto, levaram o italiano a arriscar. Esta decisão foi a sorte grande da Yamaha e de Rossi, que continuou a revalidar os seus títulos, e, de uma certa forma, a desgraça da Honda. 

    Os anos que se seguiram não foram péssimos para a Honda, mas também não foram incríveis; até chegar Marquez.

    Da conquista de Rossi ao domínio de Marc Marquez passaram-se 18 temporadas. E se Rossi trouxe esperança, Márquez fez muito mais que isso. Pode-se mesmo dizer que o piloto espanhol trouxe certeza. A certeza de que o domínio da Honda iria durar. E durou, o piloto espanhol conseguiu vencer corridas de forma consecutiva e tornou-se 6 vezes campeão de MotoGP entre 2013, ano que entrou para a competição, até 2019. 

    Marc Márquez tomou o campeonato de assalto, elevando a Honda a níveis difíceis de acompanhar e ultrapassar, até a Covid -19 chegar e 2020 se ter tornado no pior ano para a gigante japonesa. 

    A Honda sofreu não só com o encerramento forçado das fábricas devido à pandemia, mas também com a ausência forçada do seu piloto estrela. Desde o acidente em Jerez no início de 2020, Marc Márquez tem acumulado lesões e cirurgias, fazendo com que o piloto esteja mais ausente. E apesar de ter voltado em diversas ocasiões, a verdade é que as lesões teimam em ficar e não têm facilitado o regresso do piloto à luta pelos títulos. 

    Ainda assim, o maior problema que se coloca, atualmente, parece ser de cariz cultural. Como foi já referido durante a pandemia, as fábricas da equipa japonesa foram condicionadas pelo encerramento forçado e muito mais longo do que os fabricantes europeus. Isto para as equipas de MotoGP significa que enquanto fabricantes como a Ducati ou a KTM continuaram a trabalhar nas suas motos e a aperfeiçoá-las a equipa japonesa não conseguiu fazer igual. Isto faz com que os engenheiros europeus aparentam estar um passo à frente dos japoneses, algo difícil de reconhecer por parte dos homólogos asiáticos. Assim, a solução mais evidente para este problema seria a aplicação da filosofia europeia e a incorporação dos engenheiros europeus, algo que a HRC (Honda Racing Corporation) se recusa a aplicar. 

    Atualmente com quase todos os seus pilotos lesionados e desiludidos com a posição no campeonato e com a mota a não corresponder às expectativas é quase milagre ver a Honda estar numa corrida. Sim, porque terminar parece que só nos melhores sonhos da equipa e dos fãs. 

    E quando se acha que o que está mau não pode ficar pior, eis que surgem rumores de uma potencial saída de Marc Márquez da Honda no final do seu contrato em 2024 caso a equipa não consiga oferecer mais. 

    O futuro da Honda é incerto e não há garantias de quando irá recuperar o seu estatuto de melhor construtor na MotoGP. Porém os enormes recursos que dispõe parecem trazer algum ânimo e positividade para o futuro. 

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    Cindy Tomé
    Cindy Tomé
    Nasceu em França, onde viveu grande parte da sua vida. Mas as suas raízes levaram-na a regressar a Portugal aos 18 anos. Formou-se no Porto, onde prosseguiu estudos em jornalismo. Eterna fascinada com a "caixa mágica", cresceu a querer ser apresentadora. Foi justamente esse amor pela televisão que a levou a prosseguir os estudos e, atualmente, é mestre em TV e Entretenimento. O pai foi quem lhe passou a paixão pelo Futebol e sendo também ele e a sua melhor amiga os grandes culpados por se interessar pela F1. Atualmente, caminha para se tornar repórter de TV nestes dois mundos desportivos.