“Obrigado, Miguel, pela coragem de voltares à mota apesar das dores”. Começo este rescaldo com o agradecimento de Poncharal ao português Miguel Oliveira. Apenas e só para nos lembrarmos de que este desporto é feito de pessoas, de sentimentos e de justiça.
Mas vamos falar de ação. É para isso que aqui estamos.
O mundial de motociclismo viajou até ao circuito de Misano, lugar onde Valentino Rossi é rei, mesmo sem ganhar corridas.
Marc Márquez voltou a fazer das suas, numa pista que não é muito favorável para o piloto espanhol da Honda. Mas foi Viñales a ocupar a primeira posição logo nos primeiros segundos da prova, seguido de Quartararo e Morbidelli, que acabou por ser ultrapassado em pouco tempo por Marc Márquez.
Já Viñales tinha uma estratégia simples: aumentar o ritmo nas primeiras voltas, cavar um fosso para os restantes rivais e parecia que só Quartararo o conseguia acompanhar. Volto a repetir: parecia.
Enquanto Quartararo assumia a liderança da prova, por lá vinha Marc Márquez a correr atrás do prejuízo e a mostrar que teria uma palavra a dizer nesta corrida. Já Viñales foi perdendo gás e acabou por ser ultrapassado pelo espanhol da Honda.
Valentino Rossi procurava brilhar em casa, mas nem aqui a sua Yamaha estava a responder à vontade e ao desejo do italiano. Miguel Oliveira era 15º, depois de ter partido da 19ª posição, mas acabou por cair. Não se dando por vencido, voltou à pista para tentar pontuar e acabou em 16º. Atitude que lhe valeu um elogio público de Poncharal (já mencionado logo no início deste texto).
Se a meio da tabela, as coisas eram normas, lá na frente assistíamos a mais uma daquelas corridas de loucos que nos fazem saltar do sofá. Marc Márquez e Quartararo estavam separados por três décimas e o piloto da Yamaha mostrava-se bastante sólido na liderança e sem cometer erros, mesmo que estivesse a ser pressionado pelo líder do mundial.
Mas Márquez voltou a fazer o que de melhor tem feito nos últimos anos: estudar, estudar muito o adversário da frente, mesmo que tenha mais ritmo e meios para assumir a liderança da prova. Foi o que fez hoje, mais uma vez.
O piloto espanhol da Honda esperou até à última volta para atacar Quartararo e para nos dar mais um final de prova emocionante e frenético. Ultrapassou o gaulês da Petronas, que não baixou os braços e ripostou a ultrapassagem na curva quatro.
Mas Márquez estava decidido a ser Rei na casa de Valentino Rossi, e voltou a atacar Quatararo na curva oito. Os dois pilotos quase que se tocaram e o gaulês não conseguiu recuperar, deixando Márquez isolado no primeiro lugar. Viñales acabou por fechar o pódio.