O Football Manager (FM) é o jogo que move multidões junto daqueles que além do jogo, gostam da tática e descobrir novos talentos por esse mundo fora. Com uma verdadeira comunidade de fãs aguardando o seu lançamento, a versão de 2024 do “Football Manager” vai estar disponível a partir do dia seis de novembro, naquela que promete ser a versão mais completa deste simulador
Ligado a este fenómeno está a busca por novos e desconhecidos talentos. Todos os que jogam gostam de enaltecer juntos dos seus amigos de terem sido eles a descobrir determinado “wonderkid”. Ao longo dos anos, foram surgindo vários jogadores que, quer pela sua qualidade quer pelo seu potencial, acabaram por ser alvos de culto por quem joga Football Manager ou Championship Manager, tais como Maxim Tsigalko ou o goleador luso Tó Madeira.
No entanto, por mais realista que este simulador pretenda ser, nem sempre determinado atleta consegue potencializar tudo o que se aspira para ele acabando, em muitos casos, por fazer nome apenas no virtual, longe de ser serem galvanizados pelos marcos alcançados ao longo da carreira. Icónicos ficaram nomes como Kerlon, Macheda, Obertan, Cherno Samba ou o fenómeno Fredy Adu, extremo estadunidense bem conhecido do futebol português.
O presente artigo centra-se na hercúlea missão de tentar fazer um 11 dos maiores flops do Football Manager, sendo esta uma equipa de galácticos que jogará num 4-3-3 e que se centrará nos jogadores que ficaram aquém do seu potencial nos últimos anos. Para os amantes deste jogo de futebol, alerto que se trata da minha opinião pessoal, podendo esta ser diferente de quem irá ler este artigo.
É igualmente importante frisar que nem todos os visados passaram ao lado de uma carreira, podendo existir nomes que jogam ao mais alto nível, mas que não atingiram tudo o que se ambicionava para eles.
1.
Matej Delac (GR- atualmente AC Horsens) – Confesso que a minha escolha para o guarda-redes ficou dividida entre dois nomes: Vid Belec e Matej Delac. Estes nomes soam-vos familiar? Pois bem, trata-se de dois trintões que, no início da década de 2010, eram vistos como o futuro de duas das maiores equipas do futebol europeu, o Internazionale Milano FC e o Chelsea FC. Contudo, os anos passaram e ficou sempre a sensação ambos os atletas nunca chegaram a começar uma carreira que agora se aproxima do seu último terço.
A escolha de Delac deve-se ao facto de o croata ter acabado por ser mais uma vítima do carrossel de jovens futebolistas do Chelsea. Atualmente no Ac Horsens, da Dinamarca, este guarda-redes chegou ao Chelsea na época de 2010/ 2011 e, durante a sua passagem pelos “blues”, foi emprestado a oito clubes. Entre estes está o Vitória SC, o Vitesse, o Ceské Budéjovice, FK Vojvodina e o Royal Mouscron.
Ao longo de oito anos de vínculo contratual ao Chelsea, Delac não realizou qualquer jogo oficial tendo-se transferido, a custo zero, para o AC Horsens na época 2018/2019. Atualmente, o Horsens disputa do segundo escalão do futebol dinamarquês.
Aos 31 anos, Matej Delac já jogou em 10 países europeus diferentes e o seu palmarés conta com uma Liga da Bósnia, um campeonato da segunda divisão da Dinamarca e uma Taça de Portugal pelo Vitória, sendo guarda-redes não utilizado na vitória sobre o Benfica (2-1).
2.
Jetro Willems (Defesa Esquerdo atualmente no Heracles Almelo) – Para os apaixonados dos vários simuladores de futebol no mercado, quem é que não conhece Jetro Willems?
Estando sempre no topo da lista das aquisições de qualquer modo de carreira, Jetro Willems surgiu no PSV, na época de 2011/2012, aos 18 anos de idade e desde então foi sempre visto como um dos futuros melhores laterais esquerdos do mundo. Todavia, parece que o peso da responsabilidade caiu sobre os ombros do neerlandês e aos 29 anos- normalmente o pico da carreira de um jogador- atua pelo modesto Heralces Almelo, onde já realizou 8 jogos oficiais.
Willems chegou a ser o lateral esquerdo titular pela seleção dos Países Baixos no Euro 2012 e foi campeão europeu na seleção de sub-17. Na seleção principal, Willems conta com 22 internacionalizações.
Ao longo da sua carreira representou o PSV, Eintracht de Frakfurt, Newcastle United, Greuther Furth, FC Groningen e Heracles Almelo e venceu duas Eredivisie, uma KNBV Beker (Taça da Holanda), duas Johan Cruiff Schaal (Supertaça da Holanda) e um DFB Pokal (Taça da Alemanha).
3.
Éder Balanta (Defesa Central atualmente no Club Brugge KV) – Visto como uma lenda no FM 15-17, Éder Balanta é um central colombiano que se estreou em 2014 pelo River Plate e desde cedo foi visto como o futuro grande defesa da seleção da Colômbia e um dos centrais mais promissores do mundo.
Atualmente a representar o Club Brugge, este central conta com passagens pelo FC Basel e Schalke 04 e representou os “cafeteros” por nove ocasiões. Quer pelos clubes representados até agora, quer pelas poucas internacionalizações até ao momento, Éder Balanta acaba por estar muito aquém do que os jogadores de FM ambicionavam para ele, ficando sempre a sensação que o timing para dar o passo para o futebol europeu não foi o correto.
Aos 30 anos, o central colombiano conta com um palmarés bastante vasto, onde se destaca uma Copa Libertadores, uma Copa Sudamericana, três Ligas Belga, uma Liga Argentina Clausura e uma Liga Suíça.
4.
Jesús Vallejo (Defesa Central atualmente no Granada CF) – Seja para quem joga “Football Manager” ou para quem vive o futebol internacional, o percurso de Jesús Vallejo tem sido um verdadeiro mistério.
Sabendo do tipo de perfil necessário para jogar no Real Madrid CF, Vallejo parece que estava destinado a ser a referência defensiva do clube e, quem sabe, o futuro capitão madrileno. Tal não se sucedeu e aos 26 anos já podemos dizer que o defensa central ficou muito aquém do esperado e que nem o FM consegue acertar sempre.
Fora do Real Madrid, a central conta com passagens pelo Eintracht Frankfurt, Wolverhampton Wanderers FC, Real Zaragoza e Granada CF, clube que viria a assinar em definitivo esta época por dois milhões de euros.
O seu percurso nas seleções fica marcado pelo título europeu nas categorias de sub-19 e sub-21 e pela presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2021 onde conquistou a medalha de prata. Tanto as suas conquistas em clubes como no contexto seleção, perpetuam ainda mais a ideia sobre o que terá falhado no percurso de Jesús Vallejo?
5.
Jon Flanagan (Defesa Direito- retirado) – As exigências do futebol muitas das vezes são alheias à condição do atleta, por maior ou menor que seja o seu potencial. Esse é o caso do lateral inglês Jon Flanagan.
Mais um nome emblemático dos simuladores de futebol, como o Football Manager, Jon Flanagan foi um lateral oriundo da academia do Liverpool FC que surgiu na primeira equipa na época 2011/2012 e desde cedo que se esperava que pudesse vir a ser o lateral direito dos “reds” para os próximos anos. Tal não aconteceu e Flanagan acaba por ser o jogador que viria a dar espaço para a entrada de novos talentos na equipa principal, como é o caso de Trent-Alexander Arnold.
Chegou a ser comparado a Cafú pelo próprio internacional brasileiro, mas a verdade é que as constantes lesões atrasaram a sua afirmação no futebol mundial, de tal modo que obrigou o internacional inglês por uma ocasião a retirar-se com apenas 29 anos de idade.
Segundo o próprio, a decisão de se retirar foi: “A decisão mais complicada da minha vida. Nos últimos 14 meses tentei de tudo para recuperar da operação ao joelho. Contudo, o mais importante acaba por ser a minha saúde a longo prazo e, por isso, de acordo com os conselhos médios que recebi, decidi terminar carreira”, revelou.
Para registo ficam as passagens pelo Shrewsbury Town, Burnley, Bolton Wanderers, Glasgow Rangers, Charleroi Sporting Club e HB Kobe, clube onde encerrou a sua carreira de futebolista. No seu palmarés, tem como conquista uma League Cup (Taça da Liga Inglesa).
6.
Bruno Zuculini (Médio Defensivo atualmente no River Plate) – Destacou-se ao serviço do Racing Club e na Copa Sudamericana sub-20 em 2011, de tal forma que viria a transferir-se para o Manchester City, em 2014. Com aspirações de poder vir a ganhar destaque nos “citizens”, acabou por vir a ser emprestado para vários clubes, tais como o Valencia CF, Cordoba CF, Rayo Vallecano, Middlesbrough e AEK, onde nunca se conseguiu afirmar.
Em 2016/2017 muda-se para Verona onde joga pelo Hellas nas duas temporadas seguintes antes voltar para a Argentina onde viria a representar o River Plate, seu clube atual. Nos quatro anos onde esteve vinculado ao Manchester City, chegou apenas a realizar um jogo oficial, ficando sempre a ideia que foi mais um jogador que não se conseguiu adaptar ao futebol europeu.
No início desta temporada sofreu uma rutura do ligamento cruzado anterior que o afastou dos relvados por praticamente toda a época, jogando apenas três jogos em 2023. Pelo River Plate, Zuculini cumpre a sua sexta temporada, onde chegou a conquistar uma Liga Argentina e uma Taça Argentina, tendo vencido também uma Copa dos Libertadores e uma Recopa Sudamericana.
7.
Adryan (Médio Ofensivo- Sem Clube) – Para qualquer promessa de futebol um prenúncio de insucesso desportivo começa, ou costuma começar, quando este ganha o apelido de “o novo…” associado a uma lenda do passado. O Adryan é dos casos mais flagrantes dessa mesma realidade.
Descoberto no famoso Ninho do Urubu, Adryan é um médio ofensivo brasileiro se que estreou aos 17 anos e rapidamente foi definido como o “novo Zico”, pelas semelhanças no jogo de ambos. Todavia, Zico só há um e reflexo disso foi a incursão de Adryan pela Europa, onde teve discretas passagens pelo Cagliari Calcio, Leeds United e Nantes FC.
Viria a regressar ao Flamengo onde só jogou oito partidas em duas épocas, seguindo-se uma aventura na Suiça para jogar no FC Sion- onde mostrou o melhor futebol na carreira- na Turquia onde fez quatro jogos pelo Kayserispor e o pelo Brescia, último clube onde jogou. No Brasil, chegou a jogar pelo Avaí na Serie B, em 2020.
Desde a sua chegada ao futebol sénior, Adryan sempre mostrou muita irregularidade no seu futebol e reflexo disso mesmo é o facto de nunca ter conseguido marcar mais de 10 golos por época e do seu melhor registo de assistência ter sido em Leeds onde fez apenas duas. Estes números ficam muito aquém de quem era definido como o “novo Zico”.
No seu palmarés destaca-se a conquista e uma Copa do Brasil e de um Sudamericano sub-17 onde viria a fazer a fazer três golos.
8.
Paulo Henrique “Ganso” (Médio Centro atualmente no Fluminense) – Qualquer adepto de futebol inclina-se para reconhecer o talento de um predestinado, por isso mesmo, maior é a nossa desilusão quando este não atinge todo o seu potencial.
O Ganso é o melhor jogador, de longe, que vai estar neste 11 de flops. Nos diversos Football Managers que joguei, era Paulo Henrique Ganso e mais 10, pois era um verdadeiro fã da magia deste jogador. Muitos esquecem-se do sucesso no Santos FC da dupla Neymar- Ganso no início da década de 2010 e do seu papel para elevar a genialidade no agora capitão da seleção brasileira.
Porém, a sua carreira ficou bastante aquém do esperado, sendo esta marcada por vários problemas físicos e dificuldades de afirmação no futebol europeu. Este último como um traço comum a vários jogadores do continente americano.
Marcante ficou a lesão sofrida, em 2010, contra o Grémio que condicionou o que viria a ser a sua natural progressão enquanto atleta. Mesmo já transferido para o São Paulo, a lesão no ligamento cruzado do joelho esquerdo e no menisco lateral impossibilitaram Ganso de dar o seu melhor futebol aos adeptos tricolores.
O último camisa 10, como é apelidado no Brasil, teve uma passagem fugaz na europa, onde não se conseguiu destacar quer no Sevilla FC quer no Amiens Sporting Club, acabando, em 2019, por voltar o futebol brasileiro para representar o Fluminense.
No seu palmarés, destaca-se uma Copa Libertadores, uma Copa Sudamericana e uma Copa do Brasil.
9.
Ante Coric (Médio Ofensivo/Médio Direito atualmente sem clube) – A minha primeira escolha para o trio de ataque é uma adaptação minha. Tendo como sua posição natural ser médio ofensivo, neste onze de flops do Football Manager, Ante Coric irá jogar no corredor direito, posição que chegou a desempenhar no GNK Dínamo Zagreb.
Venceu quatro Ligas croatas, três Taças da Croácia, uma Liga da Suiça e aos 26 anos de idade irá iniciar a sua segunda temporada sem cumprir qualquer minuto de jogo. Esta é a realidade de Ante Córic, jogador croata que surgiu para o mundo do futebol na época 2013/2014, no Dínamo de Zabreb, sendo visto como mais uma das pérolas da academia do crónico campeão da Croácia.
Aos 16 anos já estava na equipa sénior e esperava-se dele um percurso glorioso à semelhança de outros jogadores croatas, tais como Modric, Rakitic ou Perisic. O seu precoce sucesso valeu-lhe a convocatória ao Euro 2016, tendo, até ao momento, disputado três jogos pela seleção principal.
Depois de, aos 21 anos, já ter tido realizado 143 jogos e marcado 21 golos em Zagreb, transfere-se em 2018 para a AS Roma onde disputou apenas 3 jogos. Sem sucesso nos “giallorossi”, a carreira de Coric fica marcada por sucessivos empréstimos a Almería, VVV-Venlo, Olimpija Ljubliana e FC Zurich.
Com a chegada de José Mourinho a Roma, Coric foi afastado da equipa principal até ao término do seu contrato, que aconteceu no passado mês de julho. O final da sua passagem por Itália foi celebrado pelo médio croata, onde afirmou que “os cinco anos em Roma pareceram dez”.
10.
Carlos Fierro (Extremo Esquerdo atualmente no Leones Negros) – É sinónimo de nostalgia. Confesso que nunca o vi jogar, mas sei é que este jogador mexicano, agora com 29 anos, era um verdadeiro fenómeno do Football Manager no início da sua carreira.
O seu destaque neste simulador de futebol começou em 2011/2012, quando se estreou no Club Deportivo Guadalajara, sendo apelidado de o novo menino bonito do clube, num período pós Javier “Chicharito” Hernández.
Foi campeão mundial sub-17 pelo México e chegou mesmo a disputar dois jogos pela seleção principal, contudo, ao 29 ano já é possível afirmar que o seu grande marco na carreira foi o destaque dado e o carinho dos fãs que jogam FM. Nunca se aventurou no futebol europeu e no seu país natal representou seis clubes, sendo estes o Chivas, o Querétaro, Cruz Azul, CA Morelia, Juárez e o seu atual clube, os Leones Negros. Pelo caminho é importante frisar a sua passagem na MLS onde, por três épocas, vestiu a camisola SJ Earthquakes.
11.
Yaya Sanogo (Ponta de Lança atualmente no FC Urartu) – Foi campeão mundial sub-20 pela seleção francesa, depois de um período fulgurante no Auxerre FC, e transferiu-se para o Arsenal FC. A partir daí foi um percurso descendente que culminou no modesto FC Urartu, atual campeão arménio.
Este é um pequeno resumo de Yaya Sanogo, avançado francês goleador no “Football Manager”, mas que na vida real trata-se de um jogador de má memória para qualquer adepto dos “gunners”. No Arsenal realizou 20 jogos oficiais onde contabiliza apenas um golo e uma assistência.
Fora da equipa do norte de Londres, teve passagens pelo Ajax FC, Crystal Palace, Toulouse FC, Charlton Athletic e Huddersfield Town, onde não se conseguiu afirmar. Após seis meses no Huddersfiel, Sanogo passou toda a época de 2021/2022 sem competir.
Em 2013 chegou a ser nomeado para o prémio “Golden Boy”, mas nunca conseguiu demostrar o que se pensava vir a ser o futuro avançado da seleção francesa. Mesmo com passagens pelas maiores ligas do mundo, Yaya Sanogo nunca conseguiu marcar mais do que nove golos numa única época.
A cumprir a segunda época na Arménia, o avançado soma um golo em seis jogos.
Este é o meu 11 de flops do Football Manager. Não obstante, antes de terminar este artigo gostaria de identificar outros jogadores que poderiam também fazer parte desta equipa, tais como Malang Sarr, Ampadu, Ferro, Ádam Nagy, Fran Mérida, Ravel Morisson, Lucas Piazon, Patrick Cutrone, Bartoz Kapuska, Ben Woodburn ou Koumar Babacar
