5 videojogos de futebol inesquecíveis

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    Numa altura em que os videojogos são já encarados de forma profissional, voltamos atrás no tempo para relembrar o momento em que um FIFA ou um Pro Evolution Soccer (PES) eram ainda apenas sinónimo de pretexto para convívio despreocupado com os amigos, competitividade, sim, mas sem grandes questões táticas ou preparações de outra índole.

    No despertar da tecnologia dos videojogos, na década de 90 e na seguinte, FIFA e PES foram batendo cabeças para conseguirem reinar sozinhos no mundo dos simuladores de futebol – outros tentaram intrometer-se, ainda que sem grande sucesso. Ano após ano, versões melhoradas eram lançadas, com novos modos de jogo e fabulosos extras que foram lentamente substituídos pelas colecções do Ultimate Team.

    Decidimos relembrar cinco edições de simuladores que são hoje grandes temas de conversa em almoços e jantares, obrigando os mais fervorosos gamers a voltar a instalar a consola e a experimentar como se a primeira vez.

    5.

    FIFA 98 ROAD TO THE WORLD CUP – Talvez o primeiro FIFA a aproximar-se da série Winning Eleven, PES mais tarde.

    A versão 98 aproveitou as grandes melhorias do 96 (primeiro licenciado pela FIFPro, o que significou finalmente equipas e jogadores reais) e do 97 (o lendário modo Indoor). Adicionou também possibilidades ilimitadas de jogabilidade, com adicção de todas as selecções mundiais que participariam na qualificação para o Mundial – feito só repetido pelo jogo referente ao Mundial 2010.

    Mesmo se alguém não conseguisse jogar com a sua selecção, havia pela primeira vez oportunidade de criar a sua equipa ou o seu jogador, com o inédito editor, que se estreou em 98 e se perderia algures na década de 10.

    Quando, adorada eternamente pela nostalgia, a Song 2 dos Blur era já o topo de todo e qualquer ranking de bandas sonoras da série.

    4.

    PES 2003 – A série Winning Eleven, espalhada pelo Oriente, já sobressaía pelas capacidades gráficas 15 anos à frente.

    No princípio do milénio, decidiu a Konami fixar-se no ocidente como Pro Evolution Soccer, e em 2003 respondia às melhorias evidentes do FIFA (um novo engine, além das licenças, que permitira suplantar o PES 2 em vendas) com uma nova abordagem, não só mas também estilística – mantinha a qualidade gráfica, abria as portas ao Windows, introduzia a Master League de quatro divisões e chamava Pierluigi Collina para homem de capa, numa escolha sem precedentes.

    Collina terá sido, além do melhor, o árbitro mais carismático de sempre. Fizera a final do Mundial em Yokohama (no Penta brasileiro) e a final da Champions de 2003 (entre Milan e Juventus em Old Trafford). A sua aura extravasava os relvados, preenchendo o campo mediático e chegando até aos videojogos, possibilitando capa irrepetível na qual se substituía a pose das estrelas (e o FIFA 2003 tinha três, Giggs, Davids e Roberto Carlos) pelo momento em que Collina fazia cara feia para assinalar o jogo perigoso – assim, imóvel, como sempre conseguiu exercer a sua autoridade prodigiosamente.

    Neste caso, compeliu um milhão de europeus a comprar o jogo no dia de lançamento, só pela força do gesto, de dedo em riste.   

    As críticas foram arrebatadoras – 10/10 da Eurogamer, 9.1 do IGN e Gamespot, 90% da BBC Sport.

    3.

    ISTO É FUTEBOL 2004/05 – A tentativa da Sony nos simuladores de futebol só não resultou pela luta titânica já a decorrer entre os outros dois.

    Não que o Isto É Futebol fosse perfeito ou perto disso, mas a experiência de poder utilizar o Benfica dos anos 60 contra o São Paulo 92-94 era por si só argumento diferenciador. Os gráficos compensavam a jogabilidade ainda bastante rectílinea e simplista, com grandes cutscenes do banco de suplentes, das reacções dos jogadores e do ambiente nas bancadas.

    Bernardino Barros comentava a versão portuguesa e, no seu jeito bem casual, exasperava quando se simulavam mal as faltas – porque era possível fazê-lo com jeito, enganando o árbitro e obrigando-o a marcar livre directo; 23 ligas, 31 divisões, equipas clássicas, campeonatos escolares e uma ousadia tecnológica na versão 2005 – a possibilidade de gravar a nossa cara com o Eye Toy e colocá-la na de um jogador!

    2.

    FIFA 2006 vs. PES 06 – O clímax da grande rivalidade. Naquele ano, EA e Konami deram tudo de si para criar o melhor jogo do ano, incansáveis numa luta que não tinha fim à vista. Previsivelmente, com batalha tão acesa quem ganhou foram os fãs, que tiveram oportunidade de jogar duas versões de videojogos inesquecíveis.

    No FIFA, além das vantagens já conhecidas perante o PES, veio no pacote um conjunto de desbloqueáveis imperdíveis como biografias de craques antigos ou a demo do primeiro FIFA; Os highlights da época 2004-05 das principais Ligas europeias (Premier, Bundesliga, Serie A e Ligue 1), além duma lista de golos inesquecíveis dos principais campeonatos; a reformulação do Modo Treinador, agora um percurso de 15 anos com novas funcionalidades e uma experiência muito mais enriquecedora (a Química de equipa era uma novidade, assim como a divisão do staff em departamentos); O Lounge, espaço próprio para criar ligas com até oito amigos e impôr regras específicas como quem-ganhar-fica; Os comentários de Motson davam lugar às inconfundíveis tiradas de Clive Tylesdeley e Andy Gray – que na versão portuguesa se transformavam no saudoso Perestrelo e o seu ripa na rapaqueca.

    Por tudo isto, chegou a FIFA mais vendido de sempre, com 3,6 milhões de cópias. O PES, no fim de semana de lançamento, conseguiu três milhões de encomendas – um registo quase tão poderoso como o remate do super-homem Adriano, que finalizava todos os lances dum super Inter de Milão que, dizem as lendas, era quase invencível pela preferência dum dos developers do jogo, adepto ferrenho. O jogo tornou-se de culto por essa e outras peripécias, como a jogabilidade divertida que complementava o next-gen 360 engine, o principal municiador das grandes competições online.

    No Brasil, o Bomba Patch ainda hoje se agarra ao PES06 e vai assim lançando os plantéis brasileiros actualizados, despejando-os num jogo onde Figo, Ibrahimovic e Stankovic faziam frente aos Giggs, aos Ronaldos e aos Raúls.

    1.

    FIFA STREET 2  – A loucura do arcade 4v4 e a obsessão pela cueca, ou a famosa ‘Panna’, tiveram no segundo episódio da série o seu apogeu, num jogo geracional que marcou a juventude de muitos apaixonados pela bola.

    Neste FIFA Street 2, que saiu à rua em 2005, a jogabilidade era intensamente divertida, tanto se jogasse contra amigos ou sozinho – o modo de jogo Rule The Street, onde se fazia evoluir um jogador criado à nossa maneira para chegar ao topo do futebol de rua, numa aventura que ia desde a escolha da indumentária – licenciada, da Adidas, Nike e que tais – à escolha das estrelas internacionais que se iam juntando à equipa à medida que íamos desenvolvendo as skills, proporcionava o desafio de longa duração equivalente ao Modo Treinador dos FIFAs clássicos.

    A banda sonora, organizada em rádios, ia desde o drum and bass ao hip-hop, os ritmos inerentes aos ringues das grandes capitais do Joga Bonito: o Westway Sports Centre em Londres, a brasileira Praia da Barra, Marselha, Amsterdão e Nova Iorque são fielmente desenhados, numa divertida aproximação à realidade.

    Grande parte dos mais tecnicistas jogadores daquela época integravam o rooster, com os mais icónicos a merecerem estilos e movimentações próprias.

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.