Mundial de Futebol de Praia: A prestação lusa merece reflexão

RENOVAÇÃO DO FUTEBOL DE PRAIA, PRECISA-SE!

A seleção de todos nós partia para a Rússia, local escolhido para acolher a 14ª edição do Mundial de Futebol de Praia, ostentando o epíteto de maior favorita ao caneco, visto que era a detentora em título. Contudo, bem se podia falar de uma quase total remodelação na convocatória do técnico Mário Narciso, comandante da nau lusitana, aquando do já referido êxito. Refira-se que havia sido a terceira ocasião em que os patrícios subiam ao topo do mundo na modalidade.

Tanto assim era que o “mago”, Madjer, uma das maiores referências de sempre do futebol de praia, um esteio e capitão exemplar da nossa seleção, era ausência, visto ter posto termo à sua carreira ao mais alto nível. Jordan Santos, “o nazareno” por muitos proclamado como digno sucessor do ex-capitão das quinas, também se viu afastado do certame, devido a uma lesão de gravidade assinalável.

Para terminar o lote de indisponíveis, impedidos de viajar e, assim, darem o seu contributo para uma eventual revalidação, estava o ultra experiente e fiável, principalmente ao nível da recuperação de bola e crucial em tarefas mais defensivas, Rui Coimbra, que viu a participação ser-lhe vedada fruto de uma maldita rutura de ligamentos ocorrida já em vésperas do evento.

Mas esta era mesmo a dura realidade com que teríamos de abordar a competição e ir à luta num elenco que contava com: Elinton Andrade, Bê Martins, Léo Martins, Nuno Belchior e Bruno Torres, os elementos mais tarimbados. Todos os demais eram atletas muito jovens que, apesar do seu valor, pisavam território “virgem”.

A disputa, essa, realizou-se na Arena Luzhniki, em Moscovo, numa área da cidade em que o desporto é rei, contando com: complexos, estádios, ginásios e diversas piscinas. Um local repleto de instalações desportivas e que merece decerto uma visita.

Focando-nos novamente no Mundial de Futebol de Praia, Portugal ficaria alocado no grupo D, agrupamento que contava igualmente com as presenças de Omã, Senegal e Uruguai. Ou seja, não obstante as baixas, possuíamos estatuto de favoritos a seguir para a próxima fase, e na primeira posição. Havia apenas que o confirmar.

A ação principiava para os representantes lusitanos e as indicações não eram as mais abonatórias, apesar do triunfo diante dos asiáticos por 5-3. A exibição estava longe de agradável: muitos erros, quer a defender, como a atacar, muitas hesitações e, mais que tudo, um nervosismo indisfarçável, que poderia ter saído caro, isto não tivesse sido a pouca perceção de jogo, denotada pela formação adversária, a qual pecou, principalmente, na leitura dos diferentes momentos do embate, bem como no fraco aproveitamento de algumas falhas, diga-se, inadmissíveis dos campeões em título. Mas o fundamental estava assegurado, uma vitória na estreia que se esperava que fosse um enorme catalisador para o que se seguiria.

Contudo, o sucesso não seria bom augúrio para o restante Mundial de Futebol de Praia, visto que somaríamos dois inesperados fracassos. Primeiro, “tombando” aos pés de um Senegal aguerrido, batalhador, muito físico e sempre mais astuto, que soube explorar as nossas debilidades, acabando por nos superar por 3-5, numa partida em que conseguimos a “proeza” de consentir duas finalizações certeiras, dispondo de superioridade numérica e desperdiçando uma vantagem de dois tentos.

Assim ia pairando uma nuvem escura que parecia condenar os portugueses a algo que parece já ser sina: sofrer até ao fim. Mas ao contrário do que ultimamente tem sido apanágio, desta feita sairíamos a “chorar” e “morrer na praia”.

Diga-se que Nuno Belchior, o mais aclamado de todos os atletas à disposição do corpo técnico nacional de Futebol de Praia, havia contraído uma lesão no joelho que o colocava fora de combate para aquela que seria uma verdadeira final ou, como alguém dizia, um verdadeiro “mata-mata”. Isto para além de Elinton Andrade, admoestado com uma cartolina vermelha diante do Senegal, ter de ceder o seu lugar ao bracarense Pedro Mano, que deste modo cumpriria a sua primeira internacionalização como titular num mundial da especialidade.

A partida até começava bem, com Léo Martins por duas vezes a fazer o gosto ao pé. A defesa era o nosso grande calcanhar de Aquiles. Falhando em demasia, concedendo veleidades, que iam sendo, ainda que não em pleno, aproveitadas pelos uruguaios.

O duelo, na minha opinião o mais emocionante da fase de grupos do mundial de futebol de praia, ia assistindo a mudanças de ascendente quase constantes, sendo que os de terras de Cabral iam estando por mais ocasiões em vantagem, mas nem por isso a patentearem maior tranquilidade, nem na posse nem na circulação da redondinha.

O duelo, impróprio para cardíacos, finalizaria da forma que nenhum patrício quereria, com a vitória sul-americana e, por conseguinte, com o afastamento das quinas do Mundial de Futebol de Praia. O primeiro desde 2007 antes dos quartos de final.

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Diogo Rodrigues
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O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.

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